Como será a retomada das atividades no puerpério?

admin • 2 de setembro de 2020
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O pós parto é um período muito complexo para a mulher. Diversas são as dúvidas associadas a esta fase e uma das mais comuns é quando e como será a retomada das atividades normais no puerpério.  

O puerpério é o período após parto, quando o organismo da mulher, após ter passado por diversas alterações durante a gravidez, retorna às suas características físicas de antes deste período (não se engane, emocionalmente estaremos mudadas para sempre!).

Popularmente conhecido como resguardo, não existe uma definição exata de quanto dura esta fase, pois isso irá variar com base nas diferentes realidades de cada mãe bem como da referência escolhida para leitura.

No que se refere aos cuidados e acompanhamentos da mulher, adota-se o período de 6 semanas como padrão para atenção mais intensiva.

Todavia, podemos afirmar que o puerpério inicia após a saída da placenta do organismo e não tem um fim certo, já que enquanto a paciente amamentar estará sujeita a diversas alterações que podem ser atribuídas ao ciclo de gravidez e parto.

Entender a dinâmica deste período é importante, pois são tantas mudanças que às vezes é difícil saber o que é ou não normal. Também pode haver dúvidas sobre quais tarefas podem ser feitas ou quanto tempo deverão esperar retomar uma atividade.

A recuperação do organismo materno é muito variável entre as mulheres e as recomendações sugeridas aqui podem variar a depender da situação. São orientações gerais para casos em que não houve complicações, de risco habitual. Cada recém mamãe deve seguir as orientações da equipe que realizou o seu parto.

Retomada das atividades no puerpério: o que ocorre com o corpo e a mente no período pós parto

Este período será marcado por diversas alterações físicas, hormonais e psicológicas importantes para a nova mãe. Além disso, terão algumas diferenças no caso de mulheres que tiveram parto vaginal ou cesárea.

Vamos entender alguns acontecimentos importantes deste período:

Loquiação

A loquiação é o sangramento proveniente da diminuição e cicatrização do útero após a gravidez. Microscopicamente os lóquios são formados por sangue, células de descamação epitelial, fragmentos de decídua e bactérias do trato genital inferior.

O processo da loquiação pode durar até 40 dias nos quais a secreção muda de cor conforme os diferentes estágios da cicatrização.

Nos primeiros três a cinco dias de pós-parto, tem-se a loquiação vermelha (locchia rubra), constituída principalmente por sangue e restinhos da placenta.

Do 3º ao 10º dia, tem-se a locchia fusca, de coloração marrom-acastanhada pela degradação da hemoglobina, o pigmento que dá cor vermelha ao nosso sangue.

Após o 10º dia, tem-se a locchia flava (loquiação amarela), de aspecto fluido seroso ou amarelado e pode ter odor semelhante a queijo – este período é quando pode se instalar a maior parte das infecções puerperais, sendo que em situações de doenças (infecções) a loquiação pode adquirir odor semelhante a algo podre, altamente desagradável, bem como aspecto mais viscoso, semelhante a pus.

 A partir do 21º dia, tem-se a locchia alba (loquiação branca), de aspecto mais fluido que clara de ovo, quase transparente, e consiste na descamação normal do endométrio.

Para mulheres que fizeram cesárea, a recuperação do útero tende a ser mais longa e o sangramento pode ter maior duração.

Além disso, as mulheres que amamentam também eliminarão maior quantidade de lóquios, porque a amamentação estimulará o processo de involução do útero, principalmente nos primeiros dias.

Amamentação

É neste período que inicia também a amamentação, um processo muito importante para mãe e o bebê, mas que envolve um grande aprendizado.

As primeiras semanas tendem a ser mais difíceis, mas uma vez ultrapassado esta etapa, costuma ser um processo muito prazeroso.

Amamentar cria um vínculo único entre a recém nascida mamãe e o bebê, trazendo vários benefícios:

  • Estimula a contratilidade uterina (ajudando a reduzir o sangramento, mas não são contrações dolorosas),
  • Acelera a eliminação das lóquias,
  • Provê benefícios de longa duração para os dois, como a redução do risco de desenvolvimento de doenças metabólicas (aquelas que aumentam a chance de problemas no coração).

A amamentação deve iniciar no pós parto imediato, especialmente dentro da primeira hora após o nascimento, ser exclusiva nos primeiros seis meses de vida do neném, e é recomendado que se mantenha ao longo de dois anos.

São bem raras as situações nas quais o aleitamento materno é contraindicado, como infecções maternas (como aquelas pelos vírus HIV ou HTLV) ou doenças metabólicas raras do recém nascido (como a galactosemia).

Saiba mais sobre a amamentação e sobre algumas possíveis dificuldades encontradas neste período.

Alterações hormonais

Assim que ocorre a saída da placenta do corpo da mãe, o organismo sofrerá uma queda imediata no estrogênio e na progesterona, hormônios que são produzidos em abundância durante a gravidez.

A queda desses hormônios será seguida pelo aumento da prolactina e ocitocina, de modo a incentivar a produção e ejeção de leite.

Quando em doses altas, a prolactina gera uma diminuição da produção de estradiol (principal hormônio feminino), que leva a um estado de bloqueio da ovulação (por isso a mulher que amamenta pode passar meses sem menstruar) e pode levar ao surgimento de sintomas parecidos com a menopausa, como calor, secura e maior sensibilidade da região genital.

O forte vínculo com recém nascido e as questões envolvidas com o seu cuidado podem levar a uma forte queda na libido.

Estas duas condições farão com que a penetração vaginal possa ser dolorosa e cause desconforto neste período.

Se houver vontade e disposição para o sexo, pode ser necessário o uso de lubrificantes à base de água para contornar estas alterações. Bem como pode haver estímulo a outras práticas sexuais, que não incluam a penetração vaginal.

Alterações psicológicas

Todo o período da gravidez ao pós parto será responsável por gerar transformações emocionais, psicológicas e sociais para as mulheres.

Especificamente no período pós parto, a nova mãe passará por uma série de mudanças e poderá experimentar diversas sensações, tais como:

  • Alterações de humor,
  • Felicidade,
  • Cansaço excessivo,
  • Sensação de plenitude (afinal, olha só que belezinha de neném que eu fiz),
  • Vergonha do corpo (quilos a mais, estrias, celulites novas, mudanças nos seios),
  • Baixa autoestima,
  • Sensação de super mulher (olha só o que eu fiz e agora amamento, com meu próprio corpo, sozinha),
  • Medo,
  • Gratidão,
  • Insegurança,
  • Sentimento de impotência,
  • Preocupações com seu futuro como pessoa e como profissional.

É realmente um mix de sentimentos e pensamentos, e tudo bem! É muito comum este tipo de ambivalência e sentimentos contraditórios.

Algumas estratégias que podem ajudar a atravessar esses momentos:

  • Crie uma rede de apoio com a qual possa contar;
  • Faça exercícios de relaxamento ou controle da atenção voltado para respiração;
  • Tente criar momentos para descansar.

Tentar expressar ou compartilhar estes sentimentos é a melhor forma de lidar com eles.

Se permita sentir o que precisar sentir, rir ou chorar se assim for o caso, extravasar através de palavras ou desenhos (e porque não, canções…) e tentar não acumular esta avalanche debaixo dos seus tapetes internos.

Recuperação da cesárea

Caso o parto tenha sido cesárea, a nova mãe terá também que se recuperar do trauma cirúrgico.

A cesárea é um procedimento muito mais invasivo que um parto normal. É uma cirurgia de média complexidade que exige cicatrização de várias camadas do corpo.

Desta forma, além da dor esperada para um procedimento cirúrgico (que costuma resolver bem com analgésicos comuns), a mulher deverá cuidar com atenção dos pontos (devem ser mantidos limpos e secos) e evitar atividades físicas maiores nas primeiras duas a três semanas para evitar que eles abram ou se contaminem, gerando uma infecção.

Em alguns casos, serão indicados o uso de cremes ou pomadas na cicatriz (geralmente após 2-3 semanas do parto), para ajudar na cicatrização, prevenindo a formação de cicatrizes hipertróficas.

Carregar pesos, subir e descer escadas, dirigir e mesmo retomar as atividades sexuais são situações que irão requerer mais tempo após uma cesárea em comparação com parto vaginal.

Como deverá ocorrer a retomada das atividades no puerpério  

Como vimos, o período pós parto é cheio de particularidades e exige uma série de cuidados.

É comum que as mulheres tenham diversas dúvidas em relação ao que podem ou não fazer neste período e em quanto tempo poderão retomar algumas atividades, como ir à academia ou retomar suas atividades diárias.

Sendo assim, vamos abordar diversas questões importantes sobre a retomada das atividades durante o resguardo:

Quando deverá ocorrer a primeira consulta médica

Os cuidados com a mãe e o bebê logo após o parto e nas primeiras semanas será essencial para uma boa recuperação.

É recomendado que, caso o recém-nascido tenha sido classificado como de risco, a visita ao médico Pediatra ocorra já nos 3 primeiros dias depois da alta. Caso contrário, o ideal é que a primeira consulta ocorra de 7 a 10 dias após o parto. 

Para a mamãe, independente do tipo de parto, a primeira avaliação com a Obstetra deve ser entre uma e duas semanas após o parto. 

Os principais objetivos desta visita inicial serão:

  • Avaliar a saúde da mãe e saber notícias do recém nascido (agora que o bebê está fora da barriga será o Pediatra que cuidará de sua saúde);
  • Dar as orientações cabíveis no que se refere à amamentação;
  • Re-orientar alguns cuidados com a mulher e recém-nascido;
  • Verificar como está a interação e formação do vínculo da mãe com o recém-nascido;
  • Identificar situações de risco ou intercorrências ligadas ao parto para tratá-las;
  • Rastrear a presença de Baby Blues;
  • Retirar pontos, caso haja.

A segunda consulta, e “alta do pré natal” deverá ocorrer entre 6 e 8 semanas após o parto.

Nesta segunda consulta será importante:

  • Avaliar o retorno dos órgãos genitais à sua conformação pré gravídica da mulher;
  • Verificar as condições psicológicas da mãe e rastreamento de depressão pós parto;
  • Checar se houve completa resolução de eventuais problemas de saúde que apareceram com a gravidez;
  • Checar o estabelecimento do aleitamento materno;
  • Orientar sobre o retorno às atividades físicas e sexuais;
  • Orientar sobre a retomada dos métodos contraceptivos, caso não tenha sido definido antes.

Após a segunda visita ao médico, em casos onde tudo corra sem intercorrências, as demais consultas ocorrerão de uma a duas vezes por ano, para o seguimento ginecológico habitual.

Em gestações de alto risco ou nas quais houve alguma intercorrência no final da gravidez ou durante o parto podem e devem ser realizadas mais consultas com Obstetra, além de avaliações com colegas de outras especialidades, tais como Cardiologistas ou Endocrinologistas geralmente.

Como será o uso de métodos anticoncepcionais durante o puerpério:

O método anticoncepcional utilizado no puerpério irá variar conforme a realidade de cada mulher/casal.

Método da Amenorréia da Lactação

Nos casos em que a amamentação for exclusiva (ou seja quando o único alimento do recém-nascido é o leite materno), estivermos dentro do prazo de 6 meses pós nascimento do bebê, e a mulher ainda não tiver menstruado, a sua fertilidade será muito reduzida.

Sendo assim, este efeito inibidor da fertilidade provocado pelo aleitamento exclusivo poderá ser utilizado como método contraceptivo. Chamamos este método de LAM (sigla para Método da Amenorréia da Lactação). 

Este é um método de muita eficácia, porém de “validade” incerta, pois pode ser que a mulher tenha ovulação e não perceba, só vindo a perceber quando a menstruação acontece, cerca de duas semanas depois, podendo ter tido relações sexuais desprotegidas no período fértil. 

Quando a amamentação deixa de ser exclusiva e a mãe passa a oferecer outros alimentos para o neném, as mamadas serão menos constantes e a mulher poderá voltar a ovular e menstruar a qualquer momento. 

Condom

A depender do planejamento reprodutivo do casal, deve-se retomar o uso de camisinha (caso tenha sido interrompido) assim que reiniciar atividade sexual. Não devemos confiar 100% na amenorreia lactacional se não há planos de novos bebês em breve!

DIU não hormonal

Métodos de maior eficácia como o DIU de cobre podem ser inseridos imediatamente após o parto ou após 6 semanas do parto. É um método de longa duração, alta eficácia e não hormonal, não interferindo em nada com a amamentação.

Hormônios

Caso a mulher opte por anticoncepcional hormonal, após seis semanas do parto podemos usar métodos com progesterona exclusiva, seja na forma de pílula, injeção de uso trimestral, sistema intrauterino ou implante subcutâneo (segundo recomendações da OMS).

Não há evidências concretas que contraindiquem o uso de progesteronas isoladas antes de 6 semanas do parto. A depender da situação ou risco de uma eventual nova gestação, pode-se fazer uso de progesterona, especialmente as não orais, desde o pós parto imediato, mesmo em mulheres que irão amamentar.

Ressaltamos que  anticoncepcionais hormonais combinados (pílulas combinadas, injetável de uso mensal, anel vaginal e adesivo contraceptivo) não são recomendados para uso no Brasil nos primeiros 6 meses após o parto pelo potencial teórico de interferência com a amamentação.  Para mulheres que não estão amamentando, o uso está liberado após 4 semanas do nascimento. 

É importante mencionar também que estudos controlados demonstraram que mulheres lactantes (que estão em aleitamento materno) e que usaram contraceptivos combinados após 4 semanas do parto e antes de 6 mese tiveram resultados conflitantes sobre a influência deste tipo de contraceptivo na continuação ou exclusividade da amamentação. Não há relatos de danos à saúde de bebês expostos a contraceptivos combinados através do leite materno, e nem dados concretos sobre influência no seu crescimento e desenvolvimento. Não há dados disponíveis na literatura que nos permitam concluir ou excluir a presença de riscos de longo prazo. 

Métodos Comportamentais

Além disso, os métodos comportamentais, como tabelinha e muco cervical ou sintotérmico deverão ser utilizados somente após a regularização do ciclo menstrual.

Enquanto a mulher amamenta ou não tem menstruações regulares, não há certeza que haverá sinais e sintomas de ovulação ou período fértil. Isso torna o uso destes métodos ainda menos confiáveis e, portanto, não indicados.

Quando a mulher poderá praticar atividades físicas?

A prática de atividades físicas traz incontáveis benefícios à saúde e a sua retomada irá depender de três coisas principais: grau de atividade física prévia à gravidez, se fez exercícios ou não durante a gravidez e o tipo de parto.

O esforço do exercício é associado à liberação de endorfinas que trazem relaxamento e bem estar, auxiliando a puérpera a dormir melhor e propicia um momento de autocuidado.

Para as mulheres sedentárias que desejam iniciar a prática de atividades físicas, pode-se considerar o prazo mínimo de um mês após parto vaginal e dois meses após cesariana, caso não tenha havido complicações.

Por outro lado, para aquelas que já eram muito ativas ou mesmo as atletas, e que se mantiveram em exercício durante toda a gestação, passar tanto tempo sem nenhum tipo de atividade pode ser bastante desafiador.

Neste caso, para quem teve parto vaginal, poderemos considerar a  retomada das atividades físicas duas a três semanas pós parto. Para quem teve cesárea, devemos considerar um intervalo mínimo de  30 a 40 dias.

Em ambos os casos as atividades deverão ser retomadas de forma gradativa, ou seja, devagar e sem exageros, preferencialmente sob supervisão de Educador Físico habilitado.

Caminhadas, musculação e outros esportes sem contato poderão ser realizados de forma leve, de acordo com a tolerância da puérpera, e com certas restrições. 

O objetivo será manter um grau de exercício sem causar sobrecarga principalmente à musculatura lombar e abdominal, prevenindo surgimento de lesões, dando tempo aos músculos do abdome para se recuperarem de toda a distensão da gestação (sem causar ou piorar possíveis diástases) e manter o tônus e a força.

As atividades na água tendem a ser muito positivas, porém são indicadas somente após 6 semanas do parto para prevenir  qualquer tipo de infecção.

O motivo para tanto cuidado é que o sistema ósseo e articular leva mais tempo para retomar seu pleno funcionamento. A frouxidão ligamentar e de articulações pode levar até 8-12 semanas pra se resolver, fazendo com que o risco de luxações e torções ainda seja alto neste período.

Melhor horário: após o aleitamento materno ou ordenha, pois assim os seios estarão esvaziados, oferecendo maior conforto. Uso de tops de tamanho apropriado, que mantenham os seios firmes, diminuindo possíveis desconfortos por “chacoalhar” durante o exercício.

Duração e intensidade: tempo médio de 30 a 60 minutos, intensidade leve a moderada. O ácido lático produzido durante o exercício poderá, caso produzido em excesso, chegar ao leite materno e gerar cólicas no bebê. Mais um motivo para amamentar antes do treino e ficar atenta à carga proposta. 

Durante o treino: se hidratar bem e evitar frequências cardíacas muito altas. Alimentação apropriada pré, peri e pós treino para não ter episódios de hipoglicemia (queda acentuada da quantidade de açúcar no sangue) e mal estar.

Quando a mulher poderá voltar a dirigir?

O principal ponto de aguardar para voltar a dirigir é a prevenção de acidentes de trânsito.

No puerpério a mulher passa por privação de sono, cansaço e, principalmente para as mamães de primeira viagem, muitas novas sensações, como cólicas que não estavam esperando ou episódios de descida do leite.

Isso aumenta nossa possibilidade de distração, reduz a nossa atenção, capacidade de resposta rápida e de concentração.

Ao passar dos dias, vamos nos recuperando e nos acostumando com tudo que se transformou, e recuperando a nossa capacidade de ser nós mesmas. 

Devemos aguardar o mínimo de três a quatro semanas pós parto para retomar a prática da direção.

Tempos maiores ou pouco menores podem ser recomendados, a depender do caso. 

Retomada das atividades no puerpério: e as relações sexuais?

  Por último, mas não menos importante: a retomada das atividades sexuais .

Normalmente, deverá ser respeitado o período de 6 semanas para a liberação de intercurso sexual (penetração vaginal) de modo a garantir que a recuperação dos órgãos genitais internos da mulher já tenha ocorrido.

Em alguns casos em que tudo tenha ido 100% dentro da normalidade, pode-se discutir com a Obstetra a liberação um pouco antes.

Práticas que não envolvem penetração vaginal não tem motivo para ser restritas, se houver vontade do casal. Não há contraindicação aos orgasmos!

Entretanto, não é porque a mulher terá liberação médica para ter relações sexuais que ela estará psicologicamente pronta para tal.

Como já explicamos, este período é marcado por uma intensa atividade hormonal que tende a provocar maior sensibilidade e ressecamento da região íntima, fazendo com que a penetração seja desconfortável.

O uso de lubrificantes à base de água podem ser grandes aliados neste quesito.

Além disso, nesta etapa muitas questões psicológicas devem ser levadas em consideração, como cansaço, atenção focada no recém-nascido, incômodos em relação a aparência, baixa autoestima e inseguranças em relação a nova fase da vida.

Todas estas questões não são favoráveis à criação de um ambiente de erotismo e será normal se depois do parto as relações sexuais tenham frequência menor que o habitual para a maioria dos casais, especialmente ao longo dos primeiros seis meses a um ano. 

Este momento deverá ser respeitado pela mulher, que não deverá se cobrar. Além disso, será essencial estabelecer conversas com o parceiro de modo a alinharem suas expectativas e criarem um ambiente de compreensão e apoio.

Outra coisa que é muito importante lembrar é que sexo não se resume ao coito propriamente dito, e muito menos à penetração vaginal.

Existem várias outras coisas que os casais podem fazer para manter a intimidade, sem colocar em risco a saúde da puérpera, se houver vontade e oportunidade.

Momentos de intimidade e relaxamento, promovem o prazer e bem estar, o que fará bem para a mamãe, para o casal e, por tabela, para o bebê também.

Outras atividades:

Tratamentos Dermatológicos

Sabemos que o auto cuidado, principalmente com a pele, é um importante pilar da feminilidade e do bem estar da mulher.

Grande maioria dos procedimentos e tratamentos que eram contraindicados durante a gestação podem ser realizados após o nascimento do bebê, mesmo em mulheres que estão amamentando.

Apenas algumas modalidades mais invasivas devem aguardar o período de 6 semanas para ser novamente realizadas.

Procure médicos Dermatologistas qualificados e de confiança para retomar seus cuidados de beleza!

Procedimentos Capilares

Assim como a pele do rosto, os cabelos são uma moldura da nossa face. Os cuidados com os cabelos também fazem parte de nos sentirmos mais belas e com melhor auto estima.

Não existem estudos que comprovem risco ou ausência de risco de tratamentos tipo tinturas ou alisamentos durante a amamentação. Devemos seguir o bom senso, usar produtos de qualidade e sem formol em salões de confiança.

Se bater a insegurança, ou não houver aquela sensação de urgência em tentar voltar ao que era antes, aguardar mais 6 semaninhas também não será o fim do mundo.

Cortes, hidratações, massagens capilares não tem nenhuma contraindicação.

Massagens

Devem ser evitadas massagens modeladoras ou redutoras de medidas nos primeiros 2 meses, especialmente após cesarianas.

Drenagens linfáticas ou massagem relaxantes podem ser retomadas após duas semanas do parto.

Depilações

Não há contraindicação à remoção mecânica dos pelos, então métodos como lâmina, pinça, linha ou cera podem ser usados sem problemas.

Devido às alterações da pele, ainda sob influência hormonal, devemos considerar o risco teórico de manchas ou escurecimento da região quando usados cremes depilatórios ou depilação à laser ou luz pulsada. Tais métodos devem ser adiados por 6-8 semanas após o parto.

Em resumo…

Como vimos, o puerpério envolve uma série de questões complexas que deverão ser avaliadas e acompanhadas por um médico de confiança, de preferência a Obstetra que te acompanhou durante o seu pré natal, e que já sabe todo o seu histórico.

O retorno à vida como ela era, de modo geral, não acontece nunca. Pois a maternidade nos modifica profunda e quase que irreversivelmente.

Retomar as atividades do dia à dia, por outro lado, acaba acontecendo ao redor de seis a oito semanas após o parto, para a grande maioria das coisas.  Dê a si mesma o tempo que precisar, sem cobranças ou julgamentos.

Esteja aberta a todas as possibilidades que vêm com a nova versão de você!

Desejo que seu pós parto seja o mais tranquilo possível!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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