O vaginismo é considerado uma disfunção sexual que ocorre quando a mulher tem uma contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico associada à dor quando há tentativa de penetração vaginal, mesmo que exista o desejo de realizá-la.
É um problema de alta prevalência nas mulheres e está associado a uma reação defensiva do corpo em resposta a um estímulo de dor ou em situações que, mesmo inconscientemente, a mulher considera como ameaçadoras.
Além disso, os sintomas podem ocorrer não somente na relação sexual, mas também devido a introdução de absorvente interno, aplicador de pomada, espéculo vaginal ou outros objetos.

É um problema que pode estar associado a fatores psíquicos e físicos e que influencia significativamente a saúde da mulher, acarretando na redução da qualidade de vida.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o vaginismo é classificado como um Transtorno de
Dor Gênito-Pélvica/Penetração (DGPP).
Um outro transtorno desta classificação que está relacionado ao vaginismo é a dispareunia, que se caracteriza pela dor recorrente ou persistente na tentativa ou durante a penetração, mas sem espasmo da musculatura pélvica.
Causas do vaginismo
O vaginismo é uma disfunção complexa que pode ter diversas causas físicas ou psicológicas e, na maior parte das vezes, existem mais de um fator atuando ao mesmo tempo no quadro de uma paciente.
Em grande parte dos casos, a ansiedade da mulher antes da penetração vaginal é determinante para a ocorrência do problema.
No entanto, existem muitas outras causas para o vaginismo, por exemplo:
Psicológicas
- Educação sexual constrangedora, punitiva ou religiosa;
- Primeira relação sexual dolorosa ou forçada;
- Vivências sexuais traumáticas, como por exemplo mas não exclusivamente, o estupro;
- Exame médico traumático.
Físicas
- Anormalidades do hímen;
- Atrofia vaginal;
- Infecções ou lesões na vulva ou vagina;
- Tumores;
- Infecções sexualmente transmissíveis;
- Doenças inflamatórias pélvicas;
- Pós-parto doloroso.

Além disso, problemas associados a falta de libido e dificuldade de lubrificação podem proporcionar relações sexuais dolorosas e, se já existem outros fatores que predisponham a paciente, ela pode desenvolver o vaginismo.
Experiências penetrativas negativas prévias podem levar ao surgimento de contração da musculatura pélvica em novas tentativas de penetração vaginal, mesmo que em situação diferente.
Como fazemos o diagnóstico?
Não existe um exame específico para diagnosticar o vaginismo.
Então, quando a paciente chega no consultório relatando os sintomas da doença, fazemos um exame físico detalhado para observar se ela não possui evidências de outros problemas na vulva, vagina ou colo do útero.

Neste momento, podemos observar uma postura defensiva da mulher, que busca se esquivar do contato no momento do exame e tem contrações involuntárias dos músculos do assoalho pélvico, características típicas do vaginismo.
Importante destacar que todas as etapas do exame ginecológico são realizadas com orientação e consentimento da paciente. Nem todas elas precisam ser realizadas já de cara na primeira consulta, se você não se sentir confortável no momento.
Caso seja necessário, podemos solicitar exames de imagem para descartar outros possíveis diagnósticos. Mas nenhum exame serve para confirmar o diagnóstico do vaginismo, que é clínico.
Um dos pontos importantes será observar se a mulher passa pelo que chamamos de ciclo da dor.
Ciclo da dor
Para compreender o ciclo da dor, devemos lembrar os principais sintomas do vaginismo:
- Dor genital e pélvica;
- Dificuldade à penetração vaginal;
- Medo associado à penetração vaginal;
- Tensão da musculatura do assoalho pélvico diante da tentativa de penetração.
Então, o ciclo de dor é alimentado pelos próprios sintomas do problema. Ou seja, como a mulher sabe que sentirá a dor, o medo de senti-la diante de uma potencial penetração torna aquilo como uma ameaça, o que gera tensão e, consequentemente, espasmos musculares e mais dor.
A intensidade dos sintomas pode variar de leve, quando a mulher tolera algum tipo de penetração, a grave, quando nenhum tipo de penetração é possível.
Além disso, a dor pode ocorrer em qualquer momento, seja antes da penetração, durante ou após a penetração.
Tratamento do vaginismo
Devido à natureza multifatorial do vaginismo, o tratamento deve ter uma abordagem multidisciplinar e contar com o apoio de médicos, psicólogos e fisioterapeutas.
Então, será preciso atuar para romper o círculo vicioso da dor. Para tal, podemos adotar técnicas de dessensibilização sistemática a partir da fisioterapia do assoalho pélvico com o objetivo de controlar o espasmo da musculatura pélvica.
Para esta dessensibilização são possíveis propostas:
- Técnicas de relaxamento;
- Exercício de Kegel;
- Massagem intravaginal para relaxamento dos músculos perivaginais,
- Focalização sensorial;
- Uso de moldes dilatadores vaginais.

Além disso, podemos contar com a participação da parceria sexual nos exercícios e até liberar a penetração gradativamente, sempre com controle da mulher.
Importante que o coito penetrativo ocorra somente depois que a contratura involuntária da musculatura externa da vagina seja controlada.
Caso identifiquemos algum problema físico, será preciso adotar tratamentos específicos para saná-lo.
Ademais, é essencial que a mulher faça um acompanhamento psicológico juntamente com qualquer outra intervenção médica e fisioterapêutica.
Apesar de parecer um problema intransponível, o vaginismo pode ser controlado. Então, não sofra sozinha com esta condição, que pode ser extremamente desgastante.
Assim como hipertensão arterial ou diabetes, o vaginismo é uma doença, e com o tratamento adequado, sua vida sexual pode ser resgatada.
Procure uma Ginecologista para fazer um diagnóstico detalhado e indicar o melhor tratamento para seu caso.
Isso poderá fazer toda diferença na sua vida!
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