A atual consciência sobre os benefícios da prática de atividade física e do emagrecimento é muito positiva, mas requer cuidados e responsabilidade.
Isso porque, todo excesso pode ser prejudicial, inclusive a prática de exercícios e o emagrecimento desenfreados.
A tríade da mulher atleta é uma síndrome em que três condições podem ocorrer: baixa disponibilidade de energia (com ou sem transtorno alimentar), disfunção menstrual e baixa densidade mineral óssea.
Pode trazer uma série de consequências, como por exemplo, fadiga extrema, irritabilidade, ansiedade, ossos mais frágeis, distúrbios alimentares, alterações no sono e queda na performance no esporte, sintomas estes que afetam a saúde e qualidade de vida da mulher.
Dessa maneira, é fundamental estarmos atentos para detectar precocemente os sinais desta síndrome, de modo a iniciar o tratamento e diminuir as consequências ao organismo.
Dito isso, acrescento: este termo já está um tanto desatualizado. Hoje preferimos nos referir a ele como Déficit Energético Relativo Associado ao Esporte, ou na sigla do inglês, RED-S.
O que isso quer dizer? Quer dizer que o ponto principal aqui não é só o excesso de treino, mas a falta de ingestão calórica necessária para compensar esse gasto de energia. O corpo fica sempre no negativo, recebendo menos do que o necessário para executar as necessidades básicas e compensar o treino, levando às manifestações descritas.
Acontece tanto em mulheres quanto em homens, mas vamos focar aqui na população feminina.
Esta é uma síndrome que pode afetar mulheres no período fértil ou meninas que ainda não menstruaram e são fisicamente ativas.
Os três principais componentes inter-relacionados são:
A deficiência de energia é o ponto de partida para a síndrome e ocorre graças ao desequilíbrio entre a quantidade de energia consumida e a quantidade de energia gasta durante os exercícios.
O baixo consumo calórico pode ser consciente e ocorrer devido ao desejo de emagrecimento e/ou problemas com a imagem corporal. No entanto, esta condição pode acabar culminando em distúrbios alimentares, como anorexia ou bulimia.
Então, em ambos os casos esse desbalanço energético pode ocasionar a supressão de hormônios do ciclo reprodutivo e do metabolismo ósseo da paciente.
A paciente poderá apresentar defeitos na fase lútea do seu ciclo menstrual, menstruações infrequentes (período de 35 a 90 dias entre os ciclos menstruais), ausência de menstruação (amenorreia primária ou secundária), ciclos anovulatórios ou um atraso na primeira menstruação (amenorreia hipotalâmica).
Normalmente, o problema menstrual mais grave da tríade é a amenorreia, ou seja, a ausência de menstruação por 3 meses ou mais, mas a irregularidade menstrual é mais frequente.
A redução dos hormônios ovarianos pode ocasionar a queda da densidade mineral óssea (DMO), levando à osteopenia ou osteoporose em sua forma grave, ou seja, enfraquecimento dos ossos.
Assim, esta perda óssea pode causar um maior risco de fraturas por estresse.
Ressaltamos que a paciente não precisa ter estas três condições ao mesmo tempo para caracterizarmos o quadro.
No geral, mulheres com apenas um dos componentes da tríade já devem ser investigadas e acompanhadas, de modo a evitar a evolução do quadro para a desordens alimentares, amenorréia e osteoporose.
Existem alguns sintomas que a mulher pode perceber no seu dia a dia que demandam atenção, por exemplo:
Nestes casos, é importante procurar auxílio médico para fazer uma investigação do quadro de saúde!
Quando suspeitamos que a mulher possa ter ao menos um dos componentes da tríade, a investigação diagnóstica é necessária.
Para tal, devemos fazer uma investigação completa da história clínica da paciente, de modo a obter informações sobre a quantidade e intensidade de atividade física praticada, o consumo calórico e a disponibilidade de energia que ela possui.
Nestes casos, um parâmetro muito útil é avaliar o Índice de Massa Corporal (IMC). Então, caso a paciente tenha um IMC igual ou menor que 17,5 kg/m2, provavelmente, tem baixa disponibilidade de energia.
Já em casos de pacientes com IMC normal (18,5 – 24,9 kg/m2), esta avaliação deve ser baseada no balanço entre o consumo e o gasto energético.
Além disso, poderemos avaliar outros fatores, por exemplo:
Ressaltamos que em pacientes com amenorreia, precisaremos fazer uma investigação mais detalhada para excluir outras possíveis causas, como gravidez, anormalidades tireoidianas, síndrome dos ovários policísticos, tumores, dentre outros possíveis problemas de saúde.
Ademais, será necessário solicitar exames laboratoriais, bem como um exame de densitometria óssea e/ou exames de imagem para avaliar a saúde óssea da mulher.
O tratamento para esta síndrome será multidisciplinar com foco em combater a baixa disponibilidade de energia.
Isso porque, com esta correção, os outros distúrbios tendem a ser naturalmente corrigidos, embora possa levar um tempo.
Então, a adequada reeducação alimentar com ajuda de um profissional capacitado é fundamental, além do acompanhamento médico e psicológico.
Outro passo fundamental será a readequação dos treinos orientada por um educador físico para adequar o gasto de energia corporal à ingesta calórica.
Assim, a educação nutricional associada à diminuição do gasto energético pode ajudar na recuperação do peso corporal e da saúde óssea, além do retorno da menstruação.
Caso a paciente tenha distúrbios alimentares, como bulimia, anorexia ou outros problemas psicológicos, o tratamento requer maior atenção sendo imprescindível o acompanhamento de psicólogos e/ou psiquiatras, bem como de suporte pessoal, pela família ou amigos.
O uso de medicamentos fica reservado para casos nos quais a paciente não apresenta uma melhora após um período pré-estabelecido de intervenção não farmacológica.
Caso seja necessário, podemos considerar o uso de contraceptivos orais, esteróides gonadais (estrogênio, progesterona e testosterona), medicamentos restauradores ósseos, vitamina D e antidepressivos.
Em quadros mais graves, com ausência de menstruação ou osteoporose, a reposição hormonal pode ser iniciada junto com as medidas comportamentais, para acelerar a recuperação do eixo hormonal que controla a menstruação.
Ressaltamos que a prevenção do problema é sempre o melhor caminho!
Isso pode ser alcançado com acompanhamento de profissionais qualificados em toda a jornada esportiva da mulher, sejam nutricionistas, educadores físicos ou sua ginecologista nas consultas periódicas!
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
"Faço o meu trabalho com a visão de poder estimular minhas pacientes a fazer escolhas de saúde conscientes e que caibam no seu estilo de vida."
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