Jura que você fuma? Conheça as consequências do tabagismo

admin • 22 de março de 2021
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O tabagismo é uma doença causada pela dependência da nicotina que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve ser considerada uma pandemia e precisa ser combatida.

Em linhas gerais, está associado ao consumo de cigarros ou outros produtos que contenham tabaco, cuja droga ou princípio ativo é a nicotina.

Esta doença tem relação com cerca de 50 enfermidades, sendo as principais:

  • Diversos tipos de câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia);
  • Doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias);
  • Doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses);
  • Impotência sexual no homem;
  • Infertilidade na mulher;
  • Menopausa precoce;
  • Complicações na gravidez.

Ainda de acordo com a OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo que mais de 7 milhões dessas mortes ocorrem devido ao uso direto dessa substância e aproximadamente 1,2 milhão é resultado de pessoas expostas ao fumo passivo.

Dessa maneira, o tabagismo é considerado a principal causa de mortes evitáveis em todo o mundo, uma vez que está associado ao maior risco de desenvolvimento de diversos problemas de saúde.

No Brasil, calcula-se que cerca de 157 mil pessoas morram precocemente a cada ano devido às doenças causadas pelo tabagismo.

Além disso, as pessoas que fumam possuem uma qualidade de vida muito inferior em comparação àquelas que não fumam.

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Em linhas gerais, possuem menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho na vida sexual. Em adição, estima-se que os fumantes adoeçam duas vezes mais que os não fumantes.

Além das consequências diretas à saúde, podemos adicionar efeitos estéticos deletérios, tais como amarelamento de dentes, mau hálito, envelhecimento precoce com formação de manchas e rugas na pele.

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Qual a diferença entre o tabagismo ativo e passivo?

O tabagismo ativo ocorre quando o indivíduo é consumidor direto do tabaco. Já o tabagismo passivo ocorre quando a pessoa convive com fumantes e inala a fumaça de derivados do tabaco em ambientes fechados.

A fumaça do tabaco é extremamente agressiva e contém cerca de 4.720 substâncias tóxicas diferentes. Dentre elas, podemos encontrar mais de 60 cancerígenas, principalmente:

  • Nicotina;
  • Benzopireno;
  • Substâncias Radioativas, como polônio 210 e carbono 14;
  • Agrotóxicos, como DDT;
  • Solvente, por exemplo o benzeno;
  • Metais Pesados, como chumbo e o cádmio.

No geral, pessoas que não fumam, mas estão expostas à fumaça do tabaco, possuem maior risco de desenvolver as doenças relacionadas ao tabagismo.

Além disso, quanto maior o tempo de exposição à fumaça, maior a chance de adoecer.

Um ponto importante a ressaltar é que as crianças possuem uma frequência respiratória mais elevada e acabam por serem mais atingidas quando convivem com pessoas que fumam.

Assim, sofrem consequências sérias como bronquite, pneumonia, asma e infecções do ouvido médio.

E os cigarros eletrônicos, também são perigosos? 

Os cigarros eletrônicos recebem diversos nomes, como e-cigarette, vaporizador ou vaping.  

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São dispositivos que produzem vapor inalável e alguns defendem que são uma alternativa mais saudável ao cigarro.

Isso porque, são capazes de fornecer a nicotina ao organismo, mas sem o consumo de tabaco. Assim, não geram o alcatrão e não provocam queima ou combustão de material.

Todavia, eles estão longe de serem saudáveis e, de acordo com a OMS, são extremamente prejudiciais à saúde de quem fuma e de quem está exposto ao vapor.

Diversos estudos mostram que o cigarro eletrônico aumenta o risco de doenças respiratórias e infarto do miocárdio e possuem diversas substâncias cancerígenas em sua composição.

Além disso, esta questão demanda muita atenção já que, atualmente, os cigarros eletrônicos têm virado uma febre, principalmente entre os adolescentes.

Um outro ponto de destaque é que muitos defendem que os cigarros eletrônicos ajudam os indivíduos a deixarem de fumar.

Todavia, não existem provas suficientes para tal e, na realidade, acredita-se que aqueles que utilizam o vapor são mais suscetíveis aos cigarros tradicionais.

E narguilé, pode?

O narguilé tem origem oriental e possui muitos adeptos, principalmente jovens, graças às suas essências e todo o ritual que envolve seu uso.

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Devido ao fato de possuir um filtro de água, passa a ilusão de ser menos nocivo em relação a outros produtos com tabaco.

Todavia, a base utilizada no aparelho é o tabaco que, quando queimado, é tão prejudicial à saúde quanto o cigarro tradicional.

Além disso, existe também um risco adicional, pois uma sessão de narguilé costuma ser longa e estima-se que pode ser equivalente ao consumo de 100 cigarros ou mais.

Assim como o cigarro, o narguilé apresenta riscos para a saúde, pois pode causar câncer de pulmão, boca, dentre outros, além de elevar o risco de estreitamento das artérias e desenvolvimento de outras doenças respiratórias.

Outro ponto de atenção é a contaminação por monóxido de carbono, que gera redução da oxigenação do sangue e do cérebro.

Como consequência, pode gerar sintomas como fadiga, dores de cabeça e perda da consciência, desmaios, arritmias cardíacas, isquemia miocárdica e morte.

Um pouco sobre o uso da maconha e a disfunção cognitiva

Apesar da maconha não possuir nicotina, fumar este tipo de cigarros também tem suas consequências. 

Maconha é a droga ilícita mais usada no mundo. Proveniente da planta conhecida como canabis, tem o tetra-hidrocanabinol (THC) como principal substância psicoativa.

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O THC tem grande influência no cérebro, pois atinge o sistema nervoso central e causa os conhecidos efeitos da droga:

  • Alteração da percepção de tempo e espaço;
  • Confusão mental;
  • Redução da capacidade motora;
  • Redução da memória;
  • Sensação de relaxamento ou euforia;
  • Aumento da frequência cardíaca;
  • Aumento do apetite;
  • Olhos avermelhados;
  • Perda da inibição.

O que estudos apontam é que estes efeitos tendem a ocorrer tanto durante como após o período de intoxicação aguda e pode persistir por horas, dias, semanas ou meses após o último uso.

Assim, o uso em grandes quantidades ou por longo período de cannabis parece resultar em anormalidades cognitivas duradouras e alterações cerebrais estruturais.

Além disso, defende-se que os efeitos cognitivos adversos maiores ocorrem quando o uso de cannabis começa no início da adolescência.

Tabagismo e gestação

Diante deste assunto, é impossível não abordarmos a questão do tabagismo durante a gestação.

Devemos salientar que fumar durante a gravidez, seja cigarro comum, cigarro eletrônico, narguilé ou maconha, traz sérios riscos para a gestante e o bebê.

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Devido os efeitos do monóxido de carbono e da nicotina sobre o feto após a absorção pelo organismo materno, o tabagismo oferece uma série de riscos, entre eles:

  • Nascimentos prematuros;
  • Bebês de baixo peso;
  • Mortes fetais e de recém-nascidos;
  • Gravidez tubária;
  • Abortos espontâneos;
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Placenta prévia.

Dessa maneira, se compararmos a gestante que fuma com a que não fuma, aquela fumante pode ter mais complicações durante o parto. Além disso, ela terá o dobro de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento.

Um outro ponto de atenção é que o feto pode apresentar redução do calibre de suas vias aéreas, o que leva a uma redução da sua função pulmonar.

Assim, filhos de mulheres fumantes costumam adoecer duas vezes mais do que os filhos de não fumantes.

Vale ressaltar que mães que são fumantes passivas também estão expostas aos riscos, pois absorvem substâncias tóxicas da fumaça que passam de seu sangue para o feto.

Outro ponto importante é que a mulher que fuma durante a amamentação também passa a nicotina para a criança pelo leite materno.

Um pouco mais sobre a nicotina

A nicotina é uma substância alcaloide tóxica e viciante encontrada na planta do tabaco.

É uma neurotoxina que aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contração do coração, as veias superficiais e as artérias coronárias.

Seu consumo continuado faz com que o indivíduo desenvolva uma tolerância e, consequentemente, passa a precisar de doses cada vez maiores para se satisfazer.

Isso gera um ciclo de dependência física, psicológica e social causada pelo tabaco. Assim, quando a pessoa deixa de fumar passa a ter sintomas de privação.

Podemos dizer que os principais mecanismos de desenvolvimento da dependência da nicotina são o aumento da tolerância no sistema nervoso central, o metabolismo da nicotina no fígado e os fatores genéticos.

Dessa maneira, quando uma pessoa passa a ter este vício, parar de fumar é um grande desafio.

Como abandonar o tabagismo

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Parar de fumar é uma questão que envolve diversos fatores, visto que o vício vai além da dependência química.

O fumante é também viciado no ato físico de fumar e, em alguns casos, tem também fortes influências sociais.

Assim, abandonar o vício requer muito esforço e uma abordagem multidisciplinar.

Atualmente, existem no mercado diversos métodos para acabar com o vício do cigarro.

O fumante terá a possibilidade de usar gomas de mascar, adesivos ou spray nasal com nicotina de modo a liberar pequenas doses da substância no corpo e diminuir os sintomas de sua ausência.

Além disso, alguns tratamentos envolvem o uso de antidepressivos que auxiliam nas crises de abstinência.

É importante frisar que os remédios diminuem a ansiedade e o prazer causado pela nicotina, mas ainda assim pode ser necessário um tratamento não farmacológico para tal.

Assim, será muito válido ter apoio psicológico para aprender a reformular hábitos ligados ao tabagismo. Então, como forma de prevenir a recorrência, a pessoa que está tentando parar de fumar deve procurar ajuda de psicólogos e psiquiatras para lhe auxiliar nesta questão.

Outro fator muito importante é se esforçar nesta mudança de hábitos e construir uma rede de apoio para tal. Dessa maneira, contar com a ajuda da família e participar de encontros em grupo podem ser atitudes muito valiosas.

Encontrar e resolver as questões que levaram ao início do hábito também fazem parte do processo de abandoná-lo. Assim como trazer para a sua vida alternativas mais saudáveis e que te tragam a mesma sensação de bem estar que em algum momento o cigarro te traz.

Em resumo…

Como vimos, o uso de tabaco é altamente viciante e traz uma série de malefícios à saúde, como diversos tipos de câncer e doenças cardiovasculares.

Não só o cigarro é prejudicial à saúde, mas também os cigarros eletrônicos, o narguilé e a maconha trazem uma série de malefícios.

Especialmente para gestantes, fumar é extremamente perigoso, pois coloca em risco a saúde da mãe e do neném.

Diante disso, fica evidente a necessidade de se esforçar para eliminar esse vício. Esta não é uma tarefa simples, mas, com vontade genuína e apoio multidisciplinar é possível.

Então, se você ainda fuma, espero que este artigo tenha te mostrado os diversos malefícios desta prática e te feito refletir.

Procure ajuda o quanto antes, e acredite: parar de fumar é possível!    

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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