Enxaqueca e anticoncepcional: o que minha dor de cabeça tem a ver com a pílula?

admin • mar. 15, 2021
FALAR VIA WHATSAPP

Muitas mulheres que têm enxaqueca não sabem qual anticoncepcional oferece menores riscos para a saúde. Neste texto, vamos falar sobre a enxaqueca e o anticoncepcional. 

A dor de cabeça (cefaleia) e a enxaqueca costumam ser muito comuns no público feminino e afetam até 50% da população em geral.

No que se refere à enxaqueca, as mulheres têm maior propensão de terem este problema em relação aos homens. Muitos médicos e pesquisadores acreditam que isso ocorra devido à influência dos hormônios relacionados ao ciclo menstrual.

Além disso, um outro motivo para a maior incidência de cefaleias ou enxaquecas em mulheres pode ser o uso das pílulas anticoncepcionais.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) desenvolveu alguns critérios médicos de elegibilidade para o uso de contraceptivos de modo a orientar qual a contracepção mais indicada para cada mulher, conforme seu quadro de saúde.

Neste ponto, compreender qual tipo de dor de cabeça a paciente possui torna-se essencial para definir se ela deve ou não fazer uso da pílula contraceptiva combinada.

Tipos de dor de cabeça

Inicialmente, devemos diferenciar alguns tipos de dor de cabeça para então compreender quais interferem na escolha do método contraceptivo.

Cefaleia é o termo técnico que usamos para todos os tipos de dores de cabeça. Atualmente, existem mais de 150 tipos de cefaleias que se diferem pelas suas características, sendo a enxaqueca apenas um dos tipos.

Então, vamos falar sobre as cefaleias que possuem maiores relações com o ciclo menstrual e com o uso de anticoncepcionais.

Cefaleia Tensional

É um tipo de dor de cabeça muito comum, que provoca dores em ambos os lados e dá a sensação de cabeça pesada ou pressionada.

No geral, é uma dor fraca ou moderada e que não impede o indivíduo de fazer as atividades do dia a dia, além de não estar associada a outros sintomas.

Algumas mulheres sentem dor de cabeça similar próximo ao período da menstruação devido às oscilações dos níveis hormonais. Por vezes está associada ao estresse, fome ou privação de sono.

Enxaqueca sem aura

A enxaqueca é menos comum e tende a acometer cerca de 18% das mulheres, segundo dados da Febrasgo.

É um tipo de cefaleia muito forte caracterizada por dor de início lento, caráter latejante e usualmente unilateral. Além disso, a dor pode durar até 72 horas e sua intensidade pode causar incapacidade de fazer atividades comuns.

Muitas vezes, a dor piora com movimentos, luz, sons e odores e pode ser acompanhada de náuseas, vômitos.

Enxaqueca com aura

A enxaqueca com aura possui todos os sintomas da enxaqueca sem aura, mas com alguns sinais a mais que a antecedem ou que ocorrem logo após seu início, a aura.

Assim, normalmente, a paciente pode ver faixas de luz, ter alterações na fala, tremores nas mãos e/ou perda transitória da visão – total ou parcial. No geral, esses incômodos duram de 15 a 30 minutos e desaparecem aos poucos.

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo

Este tipo de enxaqueca é mais rara (acomete apenas 5% das mulheres) e reconhecê-la é essencial para avaliar que tipo de contracepção a mulher não pode utilizar, pois este tipo de cefaléia está associado, por si só, a aumento no risco de trombose cerebral (AVC).

Então, existem algumas perguntas simples que podemos fazer às pacientes para diferenciar cefaleia de enxaqueca:

  • As dores de cabeça duram algumas horas até alguns dias?
  • A luz incomoda mais do que de costume?
  • A dor de cabeça te impede de trabalhar ou estudar?
  • Você apresenta náuseas, vômitos ou alteração visual?

Caso a paciente tenha 3 respostas afirmativas, isso indica uma grande possibilidade de diagnóstico de enxaqueca.

A pílula pode causar dor de cabeça?

Alguns estudos mostram que o uso de anticoncepcionais combinados pode piorar a dor de cabeça em algumas mulheres, associado ao componente estrogênico, apesar dos motivos não serem ainda bem definidos.

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sp

Todavia, isso não acontece com todas as mulheres, pois cada organismo reage de uma forma diferente.

Por isso, é essencial estar atenta se as dores de cabeça surgiram ou pioraram após o início do uso de determinado anticoncepcional.

Enxaqueca e anticoncepcional: existe risco de AVC ou trombose?

No geral, as pacientes que possuem cefaleias leves e moderadas não apresentam contraindicações para o uso dos contraceptivos hormonais combinados.

No entanto, para aquelas que possuem enxaqueca, o método anticoncepcional indicado dependerá da idade e da presença ou não de aura.

Isso porque, a utilização dos anticoncepcionais hormonais combinados (oral, injetável ou anel vaginal) eleva o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e trombose venosa, principalmente, nas mulheres que possuem enxaqueca com aura.

Mulheres que possuem enxaqueca com aura têm um risco relativo de ter AVC 2 a 4 vezes maior devido a presença do estrogênio. Por conta disso, não devem receber contraceptivos combinados, independente da via de uso ou da idade.

Apesar desses números, essas complicações são raras na faixa de idade de uso contraceptivo, logo em números absolutos não vemos tantos casos.

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-saude-mulher

Desta forma, fica evidente a necessidade de fazer uma avaliação criteriosa antes de iniciar um método contraceptivo.

Em linhas gerais, as mulheres que possuem enxaqueca sem aura podem utilizar os métodos hormonais combinados, mas talvez seja mais prudente optar por outro tipo de contracepção após os 35 anos.

Além disso, caso durante seu uso ocorra piora do quadro de enxaqueca, independente da idade da paciente, será necessário alterar o contraceptivo hormonal utilizado.

Sinais de alarme para suspender a pílula

Ao iniciar a utilizar as pílulas anticoncepcionais combinadas, será normal ter alguns sintomas, tais como irregularidade menstrual ou náuseas, mas eles costumam amenizar ou desaparecer depois de alguns meses.

Entretanto, existem alguns sinais importantes do corpo que não podem passar desapercebidos, por exemplo:

  • Dores de cabeça muito fortes, com sensibilidade à luz e distúrbios visuais;
  • Tremores das mãos;
  • Alterações muito bruscas de humor;
  • Inchaço exagerado, principalmente dos membros inferiores;
  • Dificuldade para respirar;
  • Dores nas pernas.

Assim, ao sentir esses sintomas é indicado suspender o uso imediatamente e procurar a Ginecologista para avaliar o caso. Muito provavelmente será indicado a troca do anticoncepcional hormonal combinado por outro método contraceptivo.

Enxaqueca e anticoncepcional: quais os métodos contraceptivos seguros?

Não é porque a paciente possui enxaqueca que ela não poderá utilizar métodos contraceptivos.

Nestes casos, será ideal adotar métodos que ofereçam menores riscos de desenvolvimento de trombose e AVC, por exemplo, as pílulas com progesterona isolada ou os diferentes tipos de DIUs.

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-enxaqueca-anticoncepcionais

Caso tenha interesse, você poderá ler mais sobre os DIUs não hormonais clicando aqui ou sobre os DIUs hormonais aqui .

Somente uma Ginecologista poderá fazer uma avaliação precisa e indicar qual o método contraceptivo mais indicado para cada paciente.

Então, caso você esteja procurando uma alternativa para evitar a gravidez, não deixe de consultar uma médica especializada.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM): entenda esta condição
10 out., 2024
Quer conhecer os sintomas do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Dengue na gestação: entenda os riscos
03 out., 2024
Quer saber os riscos da Dengue na Gestação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema.
Como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) funciona?
26 set., 2024
Quer entender como funciona a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição)? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Toxoplasmose na gestação: entenda os riscos
19 set., 2024
Quer saber quais são os riscos da Toxoplasmose na Gestação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Linha de evaporação no teste de gravidez: entenda!
12 set., 2024
Quer saber o que significa a Linha de Evaporação no Teste de Gravidez? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
A reversão de laqueadura é possível?
05 set., 2024
Você quer saber se a Reversão da Laqueadura é possível? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Preciso retirar o útero, o que muda na minha vida?
22 ago., 2024
Quer entender as mudanças que podem ocorrer após Retirar o Útero? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Cortisol alto: quais os impactos para a mulher?
15 ago., 2024
Quer saber qual o impacto do Cortisol Alto na saúde da mulher? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Torção do ovário: por que ocorre?
08 ago., 2024
Quer saber o que é e como reconhecer a Torção do Ovário? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema.
Calcinha absorvente é segura e higiênica?
01 ago., 2024
Quer saber como funciona a Calcinha Absorvente e se essa é uma boa opção? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Mais Posts
Share by: