Muitas mulheres que têm enxaqueca não sabem qual anticoncepcional oferece menores riscos para a saúde. Neste texto, vamos falar sobre a enxaqueca e o anticoncepcional.
A dor de cabeça (cefaleia) e a enxaqueca costumam ser muito comuns no público feminino e afetam até 50% da população em geral.
No que se refere à enxaqueca, as mulheres têm maior propensão de terem este problema em relação aos homens. Muitos médicos e pesquisadores acreditam que isso ocorra devido à influência dos hormônios relacionados ao ciclo menstrual.
Além disso, um outro motivo para a maior incidência de cefaleias ou enxaquecas em mulheres pode ser o uso das pílulas anticoncepcionais.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) desenvolveu alguns critérios médicos de elegibilidade para o uso de contraceptivos de modo a orientar qual a contracepção mais indicada para cada mulher, conforme seu quadro de saúde.
Neste ponto, compreender qual tipo de dor de cabeça a paciente possui torna-se essencial para definir se ela deve ou não fazer uso da pílula contraceptiva combinada.
Inicialmente, devemos diferenciar alguns tipos de dor de cabeça para então compreender quais interferem na escolha do método contraceptivo.
Cefaleia é o termo técnico que usamos para todos os tipos de dores de cabeça. Atualmente, existem mais de 150 tipos de cefaleias que se diferem pelas suas características, sendo a enxaqueca apenas um dos tipos.
Então, vamos falar sobre as cefaleias que possuem maiores relações com o ciclo menstrual e com o uso de anticoncepcionais.
É um tipo de dor de cabeça muito comum, que provoca dores em ambos os lados e dá a sensação de cabeça pesada ou pressionada.
No geral, é uma dor fraca ou moderada e que não impede o indivíduo de fazer as atividades do dia a dia, além de não estar associada a outros sintomas.
Algumas mulheres sentem dor de cabeça similar próximo ao período da menstruação devido às oscilações dos níveis hormonais. Por vezes está associada ao estresse, fome ou privação de sono.
A enxaqueca é menos comum e tende a acometer cerca de 18% das mulheres, segundo dados da Febrasgo.
É um tipo de cefaleia muito forte caracterizada por dor de início lento, caráter latejante e usualmente unilateral. Além disso, a dor pode durar até 72 horas e sua intensidade pode causar incapacidade de fazer atividades comuns.
Muitas vezes, a dor piora com movimentos, luz, sons e odores e pode ser acompanhada de náuseas, vômitos.
A enxaqueca com aura possui todos os sintomas da enxaqueca sem aura, mas com alguns sinais a mais que a antecedem ou que ocorrem logo após seu início, a aura.
Assim, normalmente, a paciente pode ver faixas de luz, ter alterações na fala, tremores nas mãos e/ou perda transitória da visão – total ou parcial. No geral, esses incômodos duram de 15 a 30 minutos e desaparecem aos poucos.
Este tipo de enxaqueca é mais rara (acomete apenas 5% das mulheres) e reconhecê-la é essencial para avaliar que tipo de contracepção a mulher não pode utilizar, pois este tipo de cefaléia está associado, por si só, a aumento no risco de trombose cerebral (AVC).
Então, existem algumas perguntas simples que podemos fazer às pacientes para diferenciar cefaleia de enxaqueca:
Caso a paciente tenha 3 respostas afirmativas, isso indica uma grande possibilidade de diagnóstico de enxaqueca.
Alguns estudos mostram que o uso de anticoncepcionais combinados pode piorar a dor de cabeça em algumas mulheres, associado ao componente estrogênico, apesar dos motivos não serem ainda bem definidos.
Todavia, isso não acontece com todas as mulheres, pois cada organismo reage de uma forma diferente.
Por isso, é essencial estar atenta se as dores de cabeça surgiram ou pioraram após o início do uso de determinado anticoncepcional.
No geral, as pacientes que possuem cefaleias leves e moderadas não apresentam contraindicações para o uso dos contraceptivos hormonais combinados.
No entanto, para aquelas que possuem enxaqueca, o método anticoncepcional indicado dependerá da idade e da presença ou não de aura.
Isso porque, a utilização dos anticoncepcionais hormonais combinados (oral, injetável ou anel vaginal) eleva o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e trombose venosa, principalmente, nas mulheres que possuem enxaqueca com aura.
Mulheres que possuem enxaqueca com aura têm um risco relativo de ter AVC 2 a 4 vezes maior devido a presença do estrogênio. Por conta disso, não devem receber contraceptivos combinados, independente da via de uso ou da idade.
Apesar desses números, essas complicações são raras na faixa de idade de uso contraceptivo, logo em números absolutos não vemos tantos casos.
Desta forma, fica evidente a necessidade de fazer uma avaliação criteriosa antes de iniciar um método contraceptivo.
Em linhas gerais, as mulheres que possuem enxaqueca sem aura podem utilizar os métodos hormonais combinados, mas talvez seja mais prudente optar por outro tipo de contracepção após os 35 anos.
Além disso, caso durante seu uso ocorra piora do quadro de enxaqueca, independente da idade da paciente, será necessário alterar o contraceptivo hormonal utilizado.
Ao iniciar a utilizar as pílulas anticoncepcionais combinadas, será normal ter alguns sintomas, tais como irregularidade menstrual ou náuseas, mas eles costumam amenizar ou desaparecer depois de alguns meses.
Entretanto, existem alguns sinais importantes do corpo que não podem passar desapercebidos, por exemplo:
Assim, ao sentir esses sintomas é indicado suspender o uso imediatamente e procurar a Ginecologista para avaliar o caso. Muito provavelmente será indicado a troca do anticoncepcional hormonal combinado por outro método contraceptivo.
Não é porque a paciente possui enxaqueca que ela não poderá utilizar métodos contraceptivos.
Nestes casos, será ideal adotar métodos que ofereçam menores riscos de desenvolvimento de trombose e AVC, por exemplo, as pílulas com progesterona isolada ou os diferentes tipos de DIUs.
Caso tenha interesse, você poderá ler mais sobre os DIUs não hormonais clicando aqui ou sobre os DIUs hormonais aqui .
Somente uma Ginecologista poderá fazer uma avaliação precisa e indicar qual o método contraceptivo mais indicado para cada paciente.
Então, caso você esteja procurando uma alternativa para evitar a gravidez, não deixe de consultar uma médica especializada.
O post Enxaqueca e anticoncepcional: o que minha dor de cabeça tem a ver com a pílula? apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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