Reserva ovariana: é possível avaliar?

admin • mai. 17, 2021
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A atual tendência de postergar a maternidade torna cada vez mais importante a necessidade de compreender como funciona a reserva ovariana da mulher.

A reserva ovariana é a quantidade de folículos que uma mulher possui. Dentro dos folículos ficam os óvulos, ou oócitos, as células reprodutivas femininas.

Diferente dos homens, que continuam produzindo novos espermatozóides ao longo de toda a vida, as mulheres têm uma quantidade limitada de células reprodutivas.

Para você entender melhor: durante a 16-20º semana de gestação nós temos a quantidade máxima de folículos, algo entre 6 e 7 milhões. Quando nascemos este número já caiu para ao redor de 1-2 milhão. 

Mesmo estando com o eixo hormonal que controla os ciclos menstruais “inativo” durante toda a infância, ao menstruarmos a primeira vez já temos apenas 300-500 mil folículos restantes.

A partir daí, independente de usar ou não algum método contraceptivo ou de engravidar, perdemos cerca de 1000 óvulos por mês, chegando a menos de 1000 óvulos quando entramos na menopausa.

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Em linhas gerais, a mulher já nasce com todos os óvulos que terá ao longo da vida inteira e, essa reserva vai se esgotando mês a mês. Entretanto, essa taxa de queda não é constante e não é igual para todas as mulheres.

E, basicamente, quando esta reserva se esgota, a mulher se torna incapaz de se reproduzir com os óvulos próprios.

Mas, afinal, é possível avaliar esta reserva?

Inicialmente, devemos ressaltar que, apesar da redução da quantidade e da qualidade dos óvulos ao longo da vida ser um fato que não podemos negar ou adiar, a fecundidade varia entre as mulheres de uma mesma faixa etária.

Além disso, a grande maioria das mulheres possui ciclos menstruais normais até muito próximo da menopausa e isso torna um grande desafio medir sua fertilidade.

De acordo com a Febrasgo , no momento, não existe um teste que permita inferir com precisão a ocorrência da menopausa, o declínio da fertilidade ou a medição real das chances individuais da mulher engravidar.

No entanto, embora não haja como prever com clareza esta informação, há opções de exames para estimar a reserva ovariana e dar uma previsão de a quantas anda a tal reserva. 

Estes exames dão pra gente uma “fotografia” do nosso estado reprodutivo, não podendo ser usados como garantia de fertilidade futura.

Como avaliar a reserva ovariana?

Atualmente, existem alguns exames que podemos utilizar para avaliar a reserva ovariana feminina. Apesar de isoladamente não possuírem grande acurácia, quando usados em conjunto têm maior utilidade. São eles:

  • Ultrassonografia transvaginal para contagem de folículos antrais (CFA);
  • Dosagens hormonais de FSH e do hormônio antimülleriano (AMH).

Hormônio Folículo Estimulante (FSH)

Esse hormônio é fundamental para o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos.

Sua dosagem como avaliação de reserva ovariana se baseia no fato de que em mulheres com reserva normal há produção de hormônios ovarianos no início do ciclo em quantidade suficiente para manter a hipófise controlada, de modo que o valor do FSH é baixo.

O exame deve ser colhido no início do ciclo menstrual e valores até 10 mUI/ml são considerados adequados. 

Além disso, devemos considerar que várias situações e algumas medicações, como os contraceptivos hormonais, interferem nos seus valores. De modo que uma dosagem única por vezes não é adequada.

Hormônio anti-mülleriano (AMH)

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A dosagem de AMH, embora possua variações entre os kits e não tenha um valor preditivo absoluto, é uma forma mais confiável de avaliar a reserva ovariana, pois seu valor reflete de um modo mais direto a quantidade de folículos que temos.

O AMH sofre pouca interferência externa, e pode ser dosado em qualquer época do ciclo menstrual/

De modo geral, caso a concentração sanguínea de AMH seja inferior a 1,0 ng/mL, pode-se considerar que a mulher possui baixa reserva ovariana.

Então, em linhas gerais, quando a mulher possui uma baixa reserva ovariana, os níveis de AMH são baixos. Se houver ainda uma boa reserva ovariana, os níveis de AMH serão altos.

Ultrassonografia transvaginal com contagem de Folículos Antrais

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Este exame consiste em fazer uma contagem de todos os folículos entre 2-10 mm presentes em ambos os ovários. Uma contagem acima de 8 é considerada adequada.

Assim, devido sua praticidade, essa forma é uma das mais utilizadas para verificar a reserva ovariana e as chances de uma mulher engravidar.

Durante o exame, não só avaliamos a reserva de folículos antrais (um estágio imaturo de desenvolvimento do folículo ovariano), mas também a condição de saúde geral do sistema reprodutor feminino.

Como principais vantagens deste método temos o resultado imediato, confiabilidade entre ciclos e entre observadores.

História familiar

Não é um exame e é, de longe, a avaliação menos eficaz, porém mais disponível, pois depende basicamente de uma conversa com sua mãe.

Sabemos que existe uma boa correlação entre a idade da menopausa materna e a idade da menopausa das filhas.

Desta forma, se a mãe entrou na menopausa antes dos 40 anos é provável que as filhas também tenham menopausa cedo. 

Por outro lado, se a menopausa da mãe foi ao redor dos 50, é provável que as filhas consigam também chegar a esta idade. E, quanto mais longe a menopausa, melhor a reserva ovariana.

Em resumo…

Diante da nova realidade das mulheres que buscam estudar, trabalhar, viajar e, assim, engravidar um pouco mais tarde, surge a questão sobre a execução do planejamento familiar.

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Então, a avaliação da reserva ovariana entra em pauta e passa a ser um ponto a ser considerado. 

Atualmente, existem alguns exames que podem nos auxiliar nesta questão e predizer algumas informações importantes.

No entanto, devemos lembrar que nenhum exame existente é totalmente preciso e confiável, ou seja, não podemos depositar todas as expectativas nesta informação.

Porém, é realmente necessário levar esta questão em consideração, principalmente, em mulheres com idade em torno dos 30-35 anos e que ainda não têm um planejamento reprodutivo decidido.

Inclusive, atualmente, existem possibilidades que podem ser pensadas para tentar preservar a fertilidade da mulher, por exemplo, o congelamento dos óvulos.

Então, caso você esteja nesta etapa da vida e esteja preocupada com esta questão, procure uma Ginecologista para lhe auxiliar.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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