A laqueadura é um procedimento cirúrgico para contracepção definitiva da mulher no qual amarramos ou cortamos as trompas, evitando que os óvulos encontrem os espermatozoides.
Esta é uma cirurgia relativamente simples com alta taxa de eficácia, mas de reversão muito difícil, por isso é considerada um método definitivo.
Todavia, devemos destacar que, apesar de definitivo, ela apresenta um índice de falha de cerca de 0,5%. Isso acontece porque existe uma chance das tubas voltarem a se conectar de forma espontânea, o que chamamos de recanalização espontânea.
O Brasil é um dos países com alto número de cirurgias de laqueadura. No entanto, nos últimos anos, os dados demonstram um aumento no número de mulheres arrependidas.
Isso gera um ponto de atenção para os serviços de saúde e devemos levar em consideração esta possibilidade de arrependimento no momento da decisão da paciente.
Realizamos a cirurgia em ambiente hospitalar e o procedimento dura cerca de 40 minutos a 1 hora.
Podemos realizá-la, principalmente, por 2 vias:
Laparotomia – é a cirurgia feita por via aberta, com um corte na barriga muito similar a da cesárea.
Laparoscopia – é a cirurgia feita com três pequenas incisões, com o auxílio de uma câmera inserida no interior do abdômen. Atualmente esta é a via de escolha para realização deste procedimento.
Independente da via, na cirurgia as tubas uterinas são amarradas e cortadas, podendo também ser queimadas. Isso impede que os óvulos encontrem o espermatozóide, pois é na tuba que usualmente acontece a fecundação.
Em muitos casos, associa-se a realização da laqueadura com a cesariana, mas isso só pode ser feito no Brasil em condições específicas, uma vez que há leis que regem a realização deste procedimento.
A cirurgia feita por laparoscopia é menos invasiva, apresenta riscos menores e, normalmente, tem uma recuperação mais rápida.
Em linhas gerais, esta é uma cirurgia relativamente tranquila na qual a mulher tem alta no dia seguinte. Além disso, deve ficar cerca de uma a duas semanas de repouso quando poderá retomar suas atividades.
Já a restrição para as atividades físicas é de cerca de 30 a 45 dias. Devendo ser evitado esforço abdominal, para reduzir as chances de formação de hérnia umbilical (é através do umbigo que inserimos a câmera).
Devido ao fato da laqueadura ser um procedimento irreversível, e graças ao grande número de arrependimentos, foi promulgada a Lei Nº 9.263/96 que incorpora o planejamento familiar como um direito da mulher, do homem e do casal e dispõe sobre uma série de condições para realização deste procedimento.
Conforme esta legislação, a realização da laqueadura só deve ocorrer quando a mulher tiver capacidade civil plena e ser maior de 25 anos de idade ou, pelo menos, tiver dois filhos vivos.
Além disso, é necessário realizar a cirurgia somente após 60 dias que a paciente manifestar a vontade.
No entanto, poderemos realizar a cirurgia sem obedecer os critérios acima caso a mulher tenha relatório escrito e assinado por dois médicos de que uma nova concepção oferecia risco à sua vida. Como em casos de doenças muito graves que aumentem a chance de morte da mulher durante uma eventual gestação.
Outro ponto que a lei nos traz é que não se deve realizar a esterilização cirúrgica na mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade.
Quais seriam essas necessidades? Doença materna grave que coloque a vida da mulher em risco ou várias cesarianas prévias (duas ou mais).
Exceto nessas duas condições deve-se aguardar pelo menos 6 semanas do parto para realizar a laqueadura em mulheres que tenham este desejo.
Caso a mulher seja casada, será necessário consentimento expresso de ambos os cônjuges para realização da laqueadura.
No ambiente de saúde pública, o casal deve passar por avaliações com equipe multiprofissional (médico, psicóloga e assistente social), num processo de planejamento familiar completo, a fim de estar apta para o procedimento.
Ademais, em 1997 a laqueadura tubária e a vasectomia foram incluídas no grupo de procedimentos cirúrgicos do Sistema Único de Saúde – SUS.
Todavia, é essencial destacar que, atualmente, existem diversos tipos de contraceptivos muito eficazes, de longa duração, e facilmente reversíveis, como o DIU.
Dessa maneira, devemos estar cientes dos riscos envolvidos ao optar por um método considerado irreversível.
A laqueadura é um procedimento feito nas trompas que não afeta os ovários nem o útero da mulher.
Dessa forma, após a realização do procedimento ela continuará ovulando normalmente.
Como os órgãos pélvicos estão muito próximos e compartilham vasos sanguíneos é possível que a mulher note variação no padrão de sangramento menstrual após a laqueadura.
Pode ocorrer da mulher relatar um fluxo menstrual mais intenso após a cirurgia. Isso pode ser em consequência à cirurgia ou à parada do uso de contraceptivos hormonais, que geralmente reduzem bastante o sangramento.
Eventualmente, podemos tentar realizar uma cirurgia para a recanalização tubária, ou seja, para re-ligar as trompas.
No entanto, esta reversão não é simples e as chances de sucesso desta cirurgia são baixas, ficando ao redor de 20-30% apenas.
Então, após realizar a laqueadura, caso a mulher queira engravidar e a cirurgia de recanalização não gere os resultados esperados, será preciso realizar a fertilização in vitro (FIV).
Todavia, este procedimento tem custo muito alto e não é acessível a todas as mulheres.
Dessa forma, a discussão sobre planejamento familiar é essencial para as mulheres que, muitas vezes, não têm consciência da ampla gama de métodos contraceptivos que temos à disposição.
Então, antes de qualquer decisão, converse com sua ginecologista a respeito dos prós e contras da realização da laqueadura e, assim, faça sua escolha de forma consciente.
O post Laqueadura: saiba mais sobre este método contraceptivo apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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