Associação entre a Síndrome do Ovário Policístico e a Síndrome Metabólica

admin • 10 de maio de 2021
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A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma disfunção endócrina que afeta as mulheres em idade reprodutiva provocando várias alterações.

Como principais sintomas podemos citar a menstruação irregular, em consequência da não ovulação, elevada produção de hormônios masculinos, como a testosterona, e presença de microcistos nos ovários.

Esta é uma condição clínica bastante comum que afeta de 6 a 16% das mulheres em idade reprodutiva.

Além disso, cerca de 43% das mulheres com a SOP possuem a Síndrome Metabólica associada, uma condição que caracteriza-se por diversas anormalidades metabólicas, por exemplo, a resistência à ação da insulina.

Neste artigo vamos falar um pouco mais sobre a SOP e sua associação com a Síndrome Metabólica.

Causas e sintomas da síndrome do ovário policístico

A causa da SOP ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que ela possui diversos fatores envolvidos.

Existem fortes evidências que esta doença tenha uma origem genética, além de estar associada a fatores metabólicos e distúrbios endócrinos hereditários, como a resistência à insulina e o diabetes mellitus tipo II.

Além disso, acredita-se que fatores ambientais, como dieta e atividade física, também podem influenciar sua ocorrência.

A SOP engloba diversos sinais e sintomas de disfunção ovariana. 

A falta ou deficiência de ovulação é um dos principais sinais da SOP, além de outros sintomas, como atrasos na menstruação, obesidade e aumento da acne e/ou de pelos no rosto e no corpo, em locais onde o seu crescimento é influenciado pelos hormônios, como buço, mento, tórax e virilhas.

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Em casos mais graves, pode levar ao desenvolvimento de infertilidade, câncer de endométrio, diabetes e doenças cardiovasculares.

Diagnóstico da SOP

O diagnóstico da SOP também tem sido bastante discutido nos últimos anos. Atualmente, utilizamos o consenso de Rotterdam para diagnosticar esta síndrome.

De acordo com este consenso, é necessário fazer a exclusão de outras causas que possam causar a irregularidade menstrual e o hiperandrogenismo (produção de hormônios masculinos).

Além disso, é necessário identificar a presença de pelo menos dois dos seguintes critérios:

  • Oligo e/ou anovulação (cujas manifestações clínicas são a menstruação irregular ou a ausência de menstruação, o sangramento uterino disfuncional e a infertilidade);
  • Níveis elevados de andrógenos circulantes (hiperandrogenemia) e/ou manifestações clínicas do excesso androgênico (caracterizado por acne, crescimento de pelos em locais comuns aos homens, calvície);
  • Morfologia policística dos ovários (presença de 12 ou mais folículos, medindo 2 a 9 mm de diâmetro e/ou volume ovariano acima de 10 cm3).

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Para tal, é necessário realizar uma boa conversa (anamnese), além de exame clínico, ultrassonografia e exames laboratoriais.

Atente para o fato que a simples presença de ovários policísticos no ultrassom não é suficiente para fazer o diagnóstico da síndrome!

Relação da SOP com a Síndrome Metabólica

A síndrome metabólica caracteriza-se por uma série de anormalidades hormonais que trazem diversos malefícios para a saúde da paciente. Assim, a mulher pode ter uma chance maior de desenvolver diversas doenças, por exemplo:

  • Hipertensão;
  • Doenças cardíacas;
  • AVC;
  • Diabetes.

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Além disso, essa síndrome costuma englobar obesidade abdominal (gordura visceral), alteração do metabolismo de carboidratos, dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue), inflamação, disfunção endotelial e hipertensão.

A prevalência da síndrome metabólica em mulheres com SOP varia de 1,6% a 43%, sendo cerca de duas vezes maior que em mulheres da população geral, e piora com a obesidade.

Existem relações entre os níveis de androgênios e a resistência insulínica, ou seja, quanto maior for a concentração androgênica na circulação, maior a possibilidade da mulher com SOP desenvolver resistência insulínica, intolerância à glicose e diabetes mellitus tipo II.

Outro ponto a destacar é que, muitas vezes, a síndrome metabólica está associada à obesidade. Todavia, algumas mulheres com SOP e resistência à insulina podem ter índice de massa corporal normal.

Fica evidente que tanto a SOP como a Síndrome Metabólica causam muitos malefícios para a saúde da mulher, sendo importante diagnosticá-las e iniciar o tratamento adequado.

Tratamento da síndrome do ovário policístico

O tratamento da síndrome do ovário policístico é essencial para a saúde e bem estar da mulher e irá variar conforme cada caso.

Assim, os sintomas que a mulher apresenta, bem como suas expectativas e desejo ou não de engravidar serão importantes para definição da melhor estratégia.

Poderemos adotar diversas opções de tratamento, por exemplo:

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Dieta e atividade física – a adoção de dieta equilibrada e a prática de atividades físicas são medidas terapêuticas recomendadas a todas as pacientes com SOP. Ajudam a controlar o peso, aumento do bem estar, redução dos riscos associados à síndrome metabólica e podem fazer com que a mulher retorne a ovular. 

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Anticoncepcionais orais – podem melhorar sintomas, como aumento de pelos, acne, irregularidade menstrual e cólicas. Mulheres que não podem tomar a pílula podem beneficiar-se de tratamentos à base de progesterona.

Antiandrogênicos – medicamentos que interferem na ação da testosterona podem ser úteis para o tratamento do hirsutismo, acne e/ou alopécia.

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Antidiabetogênicos orais – se a síndrome dos ovários policísticos estiver associada à resistência insulínica, poderemos adotar alguns medicamentos para diabetes.

Indução da ovulação  – caso a paciente queira engravidar, poderemos fazer um tratamento de indução da ovulação após afastar outras causas de infertilidade.

 

Como vimos, tanto o diagnóstico como o tratamento da síndrome do ovário policístico são muito particulares e demandam uma análise minuciosa do quadro de saúde da mulher.

Se você tem algum destes sintomas, converse com sua Ginecologista!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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