A libido baixa é uma questão que diversas mulheres enfrentam e, muitas vezes, não sabem como solucionar. Como consequência, ficam frustradas e podem sofrer com a baixa autoestima e ansiedade, bem como conflitos no relacionamento.
Sabemos que ter uma vida sexualmente ativa traz uma série de vantagens para nossa saúde física e mental.
No entanto, esta questão pode não ser tão simples quanto parece.
O desejo sexual feminino varia muito ao longo do tempo, como durante o ciclo menstrual, a gravidez, puerpério e menopausa. Varia conforme a fase da vida em que estamos, varia com a duração ou segurança (apego/ afeto) que temos no relacionamento.Varia com as diferentes tensões do dia a dia a que estamos submetidas.
Além disso, existem mulheres que sofrem com a diminuição ou ausência de interesse sexual e, nestes casos, podemos estar diante do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH), ou em sua nomenclatura mais moderna, Transtorno do Interesse e Excitação Sexual (TIES) que, de forma menos técnica, chamamos de libido baixa.
Estas disfunções costumam acentuar com a idade e afetam cerca de 20% a 50% das mulheres.
Neste ponto, é importante frisarmos que a libido baixa não tem uma causa única. Na realidade, ela está relacionada a diversas questões, como questões familiares, alguma doença física, alterações psicológicas, presença de dor nas relações sexuais, ou mesmo alterações hormonais.
Para entender este complexo assunto da libido feminina, inicialmente, é interessante compreender como ocorre a resposta sexual das mulheres.
Na década de 60, acreditava-se que do início até o final de uma relação sexual nosso corpo seguia um ciclo composto de 4 fases nas quais o organismo passava por uma série de alterações físicas e psicológicas:
Desejo > Excitação > Orgasmo > Resolução
Nesta teoria, o desejo seria a fase inicial, despertada por estímulos sensoriais que nos levariam a buscar a atividade sexual. Já a resolução seria o momento de relaxamento após o orgasmo no qual teríamos grande sensação de bem estar.
Porém, com o passar do tempo, mais estudos foram sendo realizados e, a partir de 2001, a pesquisadora Rosemary Basson publicou artigos que traziam um novo entendimento da sexualidade feminina, principalmente para mulheres que se encontravam em relacionamentos mais longos.
O novo modelo proposto defende que a resposta sexual feminina não é linear, como acreditávamos anteriormente, mas sim circular.
Ou seja, as diferentes etapas da resposta sexual feminina podem ocorrer em ordens diferentes e até se repetirem.
Neste novo modelo proposto, o início de uma relação sexual para a mulher não se dá necessariamente pelo desejo, mas sim por outras razões.
Por exemplo, a mulher pode querer iniciar a atividade sexual para aumentar a proximidade emocional, estabelecer maior vínculo, por querer sentir-se desejada ou por querer dividir e sentir prazer sexual.
Então, diferente de como ocorre com os homens nos quais a testosterona inicia o estímulo, na mulher há menor influência de hormônios para o início do estímulo sexual.
Além disso, a excitação sexual da mulher é mental e pode ou não desencadear alterações na genitália ou outras manifestações físicas.
Também o orgasmo é diferente. Ele pode ou não ocorrer e, quando ocorre, será diferente para cada mulher.
Dessa forma, fica mais fácil de compreender, por exemplo, porque as mulheres costumam ter fortes influências de questões psicológicas no seu estímulo sexual.
Além disso, fica evidente que a interação sexual para mulher é uma continuação da intimidade não sexual, ou seja, todo o contexto de vida e do relacionamento tem uma grande influência na hora do sexo.
Isso é válido tanto para mulheres que fazem sexo com homens quanto para mulheres que fazem sexo com mulheres.
Claro que existem também questões físicas ou hormonais que podem afetar esta interação e tudo deve ser levado em consideração para tratar esta questão.
Como dissemos, os problemas de falta de desejo sexual na mulher são multifatoriais e requerem uma investigação criteriosa.
Somente assim será possível direcionar a paciente para um tratamento adequado de modo a solucionar a questão.
Algumas das principais questões que podem causar esse problema são:
Muitos distúrbios mentais ou questões psicológicas presentes na nossa sociedade podem afetar o desejo sexual feminino, por exemplo:
Cada um destes fatores terá um mecanismo de ação, mas, em linhas gerais, eles afetam a disposição para o sexo, dificultam a lubrificação e podem impedir a mulher de chegar ao orgasmo.
O desejo sexual da mulher tem alguma influência hormonal, principalmente da testosterona e do estrógeno.
Ao utilizar anticoncepcionais hormonais, há um aumento da globulina carreadora de hormônios sexuais, uma proteína que se liga aos hormônios sexuais no sangue, diminuindo a quantidade de testosterona livre circulante.
Assim, a ação deste hormônio é alterada, o que pode causar impactos diretos no desejo sexual, causando a libido baixa.
Existem medicamentos que podem causar diminuição da libido, pois atuam em uma parte do cérebro responsável pelo desejo sexual ou porque reduzem as concentrações de testosterona no corpo.
São eles:
O período do puerpério é aquele no qual o corpo da mulher está se recuperando após a gestação e o parto.
Conforme cada caso, não será aconselhável ter relações sexuais por cerca de 4 a 6 semanas após o nascimento do bebê.
No entanto, mesmo após a liberação médica, é comum que a mulher não tenha muito interesse sexual neste período.
Isso pode ocorrer por questões hormonais, pois a mulher passa pela queda brusca do estrogênio e progesterona, bem como pelo aumento da prolactina, o que gera maior sensibilidade e ressecamento da região genital.
Além disso, nesta etapa da vida a mulher encontra-se sob grandes redescobertas, bem como preocupações e cansaço, com forte vínculo direcionado para os cuidados com o bebê. As relações sexuais costumam não ser priorizadas neste momento.
Temos um texto sobre a sexualidade pós parto e você poderá ler clicando aqui .
A menopausa ocorre por volta dos 50 anos e causa muitas transformações no organismo da mulher.
É nesta etapa que os ovários param de ovular e diminuem drasticamente a produção do estrogênio, hormônio essencial na saúde da mulher. Outro hormônio que tende a sofrer uma queda é a testosterona.
Dessa maneira, é nesse período que a mulher passa a ter um maior ressecamento na região genital e uma série de sintomas desagradáveis, como calor, irritabilidade e insônia.
Além da questão hormonal e anatômica, algumas mulheres encaram a menopausa como o fim da vida reprodutiva e sexual. Sabemos que não precisa ser o fim da vida sexual, pois o sexo tem participação em outros aspectos que não somente reprodutivos.
Todos estes fatores criam um contexto no qual o desejo sexual pode sofrer uma queda significativa.
A prática de atividades físicas é essencial para a saúde e ajuda a manter nossa produção hormonal equilibrada.
Assim, uma pessoa sedentária poderá sofrer com problemas em sua saúde global, bem como na disposição, aumento de peso e redução da auto estima, o que pode interferir negativamente na libido.
O uso de cigarro, álcool e drogas ilícitas causam alterações em nosso sistema nervoso, bem como no sistema circulatório, afetando nossa saúde como um todo.
Além disso, afetam a liberação de neurotransmissores, o que acaba causando uma desregulação no sistema hormonal.
Assim, a mulher que faz uso dessas substâncias tem grandes chances de sofrer uma redução no seu desejo sexual.
Tem o diagnóstico clínico, refletido pelos seguintes critérios, de acordo com o DSM-V:
Ausência ou redução significativa do interesse ou da excitação sexual manifestada por pelo menos 3 dos seguintes:
Esses sintomas precisam durar no mínimo 6 meses, trazer sofrimento significativo para a mulher e não ser melhor explicados pelo contexto de vida (conflitos familiares, problemas no relacionamento, presença de doenças ou uso de medicamentos que interferem com a função sexual).
Uma vez que a paciente chega com esta queixa em consultório, devemos fazer uma análise detalhada do caso para identificar os motivos de sua disfunção sexual e, assim, indicar o tratamento mais apropriado.
Atentem para o fato de que dosagens hormonais não fazem parte da investigação deste tipo de problema.
Em linhas gerais, os tratamentos contemplarão mudanças no estilo de vida, tratamento de distúrbios mentais, terapia de casais em alguns casos, terapia hormonal em outros e, quando possível, troca ou interrupção do uso de medicamentos que afetem o desejo sexual.
Caso identifiquemos que a paciente se encontra com algum problema mental ou psicológico que esteja influenciando sua libido, pode ser indicado avaliação por psicólogos ou psiquiatras.
O devido tratamento auxiliará a mulher a recuperar seu equilíbrio emocional e, consequentemente, o desejo sexual.
Além disso, caso ela possua problemas no relacionamento, a terapia de casal pode ser aconselhada.
Caso o anticoncepcional esteja afetando a libido, existem outros métodos contraceptivos que podemos utilizar:
A adoção de um tratamento com creme, pomada ou gel de testosterona deve ser feito com muita responsabilidade e somente quando realmente for necessário, em alguns casos de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo.
Isso porque, ele pode ter uma série de efeitos colaterais, como aumento do risco de câncer de mama e o do risco cardiovascular.
Por isso, devemos fazer uma análise completa do quadro clínico da paciente e adotar este tratamento com segurança, quando os benefícios forem considerados maiores que os possíveis riscos.
Quando utilizado da forma correta, esta técnica pode melhorar a libido da mulher e, para aquelas na menopausa, pode auxiliar a controlar a secura vaginal e alterações de humor. Nestes casos é mandatório o uso combinado com estrogênios.
Outro ponto a se levar em conta é que este é um tratamento adicional, ou seja, deve ser feito em conjunto com as medidas comportamentais para que se tenha o melhor resultado.
O sono de qualidade é essencial para repormos nossas energias e termos disposição.
Alguns estudos comprovam que noites bem dormidas podem auxiliar na libido, pois, além do descanso, uma série de hormônios importantes são produzidos.
Além disso, sabemos que a ausência de sono pode afetar a qualidade de vida e bem-estar e, inclusive, causar problemas como a depressão e a ansiedade.
Quem nunca preferiu ir dormir a transar?
A masturbação feminina é muito favorável para a saúde íntima, além de ser um momento no qual a mulher tem prazer e se conhece melhor.
Esta prática, apesar de ainda hoje ser um tabu para algumas mulheres, pode estimular a libido, além de aumentar a autoestima.
Através do autoconhecimento sexual podemos direcionar nossas parcerias sexuais para aquilo que nos é mais prazeroso, aumentando nossa satisfação no sexo, intimidade no relacionamento e deixando aquele “gostinho de quero mais” para a próxima vez.
A falta de libido é uma questão que pode afetar significativamente a qualidade de vida da mulher, além de afetar seu relacionamento.
Essa disfunção sexual é bastante complexa e cheia de fatores que devem ser levados em consideração.
Caso você esteja enfrentando este problema, não deixe de procurar uma Ginecologista para lhe auxiliar.
Após uma análise detalhada, será possível chegar no tratamento apropriado e, assim, recuperar o desejo e a satisfação sexual.
O post Não tenho vontade de transar, será libido baixa? apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
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