Será que o estresse pode atrasar a menstruação?

admin • 7 de junho de 2021
FALAR VIA WHATSAPP

Será que o estresse pode atrasar a menstruação? Neste texto falaremos um pouco mais sobre este assunto.

O estresse caracteriza-se por um estado de alerta do corpo quando passamos por situações de pressão, perigo ou ameaça, nos colocando prontos para agir ou fugir.

Então, esse estado do nosso organismo provoca uma série de alterações físicas e emocionais, bem como altera nossa produção hormonal para que possamos lidar com aquela situação.

Graças ao estresse, a humanidade se desenvolveu. 

Hoje em dia, felizmente, raramente lidamos com situações de perigo físico iminente. Entretanto, vários acontecimentos do dia a dia podem desencadear um estímulo que o nosso corpo encara como estressante. Exemplos: atritos no trabalho, desentendimentos nos relacionamentos, alguém te fecha no trânsito, pressão por desempenho ou prazos, etc.

Sem precisar lutar ou fugir, toda a descarga hormonal liberada por estes eventos fica “presa” no nosso corpo.

E, dessa maneira, indivíduos que sofrem com estresse crônico têm taxas mais elevadas de adrenalina e cortisol, hormônios que mantêm o corpo em estado de alerta.

A grande questão é que, quando estes hormônios se encontram em excesso no nosso organismo de modo persistente, podemos ter vários sintomas físicos. Entre eles, podemos citar:

  • Tensão muscular, 
  • Aumento da pressão arterial 
  • Aumento da frequência dos batimentos cardíacos
  • Insônia
  • Queda de imunidade e favorecimento de infecções
  • Dor de cabeça,
  • Queda de cabelos,
  • E, não menos importante, interferências no ciclo menstrual.

Atualmente, o estresse vem tomando proporções cada vez maiores, sendo que o Brasil já ocupa a segunda posição mundial em número de pessoas mais afetadas pelo estresse no trabalho em todo mundo.

Com isso, fica o alerta para esta questão que, de fato, tem se tornado um problema cada vez maior.

Por que o estresse pode atrasar a menstruação?

Você pode se perguntar: mas o que o estresse tem a ver com a menstruação?

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-menstruacao-irregular

O que ocorre é que a manutenção de níveis mais altos de cortisol e adrenalina que nosso corpo sofre diante do estresse pode atrapalhar o ciclo menstrual, uma vez que estas substâncias também atuam na mesma região do cérebro onde são produzidos os hormônios que regulam a menstruação.

Para que nossa menstruação aconteça de modo normal, precisamos do funcionamento correto do cérebro (uma área chamada hipotálamo), com produção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). 

Essa produção hormonal deve acontecer em uma frequência e quantidade exatas, o que chamamos de pulsatilidade do GnRH, capaz de estimular a hipófise, uma glândula localizada no centro do cérebro, a produzir os hormônios folículo estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH).

O FSH e o LH produzidos na hipófise são os responsáveis pelo estímulo à ovulação e produção hormonal dos ovários. Quando ocorre ovulação e a mulher não engravida, então acontece a menstruação.

O cortisol e adrenalina circulantes em “excesso” por conta do estresse atrapalham a pulsatilidade do GnRH. De tal modo que deixa de existir estímulo adequado à hipófise e aos ovários como consequência.

Dessa maneira, dependendo do nível de estresse da paciente, a ovulação pode atrasar ou não ocorrer.

Assim, também a menstruação será prejudicada e a mulher pode ter um atraso do ciclo menstrual ou até a não ocorrência da menstruação.

E quando falamos em estresse, estamos aqui nos referindo a qualquer coisa que gere um impacto semelhante. Podemos citar: exercícios físicos extenuantes, doenças crônicas descompensadas, longas cirurgias, eventos traumáticos, etc.

Ademais, um outro ponto que podemos destacar é que o estresse pode potencializar a nossa TPM, que em termos médicos chamamos de Síndrome Pré Menstrual.

Inclusive, segundo um estudo publicado na revista científica Archieve Womens Mental Health , o estresse causado por eventos traumáticos pode influenciar a ocorrência da TPM.

Além disso, um estudo publicado na Academia de Ciências de Nova Iorque afirma que níveis elevados de corticóides no organismo podem gerar problemas na gravidez, como o nascimento prematuro.

Relação do estresse com a síndrome pré menstrual

Já escrevemos aqui no blog um artigo completo sobre a síndrome pré menstrual e você poderá ler o conteúdo clicando aqui .

Em linhas gerais, a síndrome pré menstrual ocorre de 1 a 2 semanas antes da menstruação e é caracterizada por sintomas, como por exemplo:

  • Aumento do tamanho e sensibilidade das mamas;
  • Aumento do volume abdominal;
  • Ganho de peso;
  • Dor de cabeça e fadiga;
  • Ansiedade, irritabilidade e depressão;
  • Mudanças de humor;
  • Aumento do apetite. 

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-tpm

Isso ocorre, provavelmente, por conta de uma maior sensibilidade à ação dos hormônios sexuais femininos, principalmente o estrogênio e a progesterona, em neurotransmissores como a serotonina e o ácido gama-aminobutírico, que possuem papel fundamental na regulação do humor.

Uma informação interessante é que, atualmente, já sabemos que o estresse pode potencializar os sintomas da TPM.

Um estudo publicado no Journal of Women’s Health  mostrou que mulheres que relataram maiores níveis de estresse semanas antes da menstruação tiveram uma possibilidade 2 a 3 vezes maior de terem os seguintes sintomas durante o período pré menstrual:

  • Tristeza ou depressão;
  • Crise de choro;
  • Dor no corpo;
  • Inchaço;
  • Dor de cabeça.

Além disso, o mesmo estudo afirma que o estresse no início do ciclo menstrual é um fator de risco para TPM.

Essa conclusão é muito válida para compreender que diversas situações que ocorrem em diferentes fases do ciclo menstrual da mulher podem influenciar seus sintomas na TPM.

Com isso, passamos a entender que não basta somente tratar os sintomas que a paciente apresenta durante a TPM. É também essencial olhar para sua saúde como um todo e em todas as fases do seu ciclo menstrual.

Ou seja, tratar o estresse e outros eventuais problemas de saúde que se manifestam ao longo de sua vida pode auxiliá-la a sofrer menos durante o período pré menstrual.

O que podemos fazer para reduzir o estresse?

Inicialmente, devemos entender que, um pouco de estresse é fundamental para o nosso desenvolvimento, sair da zona de conforto e potencializar nossos resultados.

Entretanto, níveis excessivos de estresse nos paralisam e interferem em diversos sistemas do nosso corpo. Estaremos diante de um transtorno do funcionamento mental e deveremos tratar com ajuda de psicólogos e/ou psiquiatras.

Enquanto esses profissionais te ajudarão a lidar melhor com suas emoções e estabelecer as bases para uma melhor auto regulação emocional, existem outras coisas que você pode fazer para minimizar os efeitos do estresse no seu corpo.

Existem uma série de práticas que podemos adicionar no nosso dia a dia que tem efeitos comprovados sobre a melhora do estresse, por exemplo:

  • Praticar atividades físicas;
  • Fazer ioga;
  • Meditar;
  • Ter uma alimentação equilibrada;
  • Implementar uma rotina de descanso;
  • Criar tempo para o lazer e ter interações sociais sadias.

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-combate-estresse

Caso você esteja com dificuldades em lidar com a rotina e sinta que isso está afetando sua saúde e seu ciclo menstrual, converse com sua Ginecologista.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

Amenorreia: entenda a ausência de menstruação
10 de abril de 2025
Por que ocorre e como tratar a Amenorreia? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema
Ooforectomia: como será a retirada do ovário?
3 de abril de 2025
Quando a Ooforectomia é indicada e como é a recuperação desse procedimento? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Vaginose citolítica: o que é e como tratar?
27 de março de 2025
Quer saber como identificar e tratar a Vaginose Citolítica? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Trombose pós parto por cesárea: entenda!
20 de março de 2025
Quer saber os riscos de uma Trombose Pós Parto Por Cesárea? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Mama densa: o que isso significa?
13 de março de 2025
Quer conhecer os cuidados necessários em relação à Mama Densa? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema
Fisioterapia pélvica: quando é indicada?
6 de março de 2025
Quer saber como funciona e os benefícios da Fisioterapia Pélvica? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Coceira genital: saiba o que fazer!
27 de fevereiro de 2025
Está com Coceira Genital e quer saber quais são as opções de tratamento? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Remoção das trompas uterinas - Salpingectomia: como é a cirurgia e sua recuperação?
20 de fevereiro de 2025
Quer saber quando a Salpingectomia é indicada e como será a recuperação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Por que escolher o DIU como método contraceptivo?
13 de fevereiro de 2025
Por que escolher o DIU como Método Contraceptivo? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Videolaparoscopia diagnóstica: entenda o procedimento
6 de fevereiro de 2025
Quer saber o que é para que serve a Videolaparoscopia Diagnóstica? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Mais Posts