As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são doenças causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos.
A principal forma de transmissão ocorre pelo contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada.
Eventualmente, a paciente pode contrair uma IST por meio não sexual, ou seja, pelo contato de mucosas ou da pele machucada com secreções corporais contaminadas.
Além disso, pode ocorrer também a transmissão de uma IST da mãe para a criança na gestação, parto ou na amamentação.
Muitas ISTs se apresentam de forma assintomática, ou seja, não causam nenhum sintoma que nos fazem buscar tratamento, mas elas podem também causar uma série de incômodos, como feridas, verrugas, corrimentos, ardor ao urinar, cheiro forte, dor ou coceira na região genital, dentre outros sintomas, a depender de cada patologia.
Um estudo publicado pelo Ministério da Saúde nos trouxe informações importantes a respeito da ocorrência das ISTs. Por exemplo, sabemos que, em 41,9% dos casos são causadas por vírus e em 14,4% por bactérias.
Além disso, a contaminação pelo HPV é a mais elevada e afeta, prevalentemente, adolescentes e jovens. Observamos também esse comportamento nas infecções por gonorréia e clamídia.
Como dissemos, as ISTs podem ser causadas por diversos microrganismos diferentes, mas as infecções virais são as que ocorrem com maior frequência.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Responsável por causar a Aids, ele ataca o sistema imunológico, causando debilidade no paciente, principalmente quando não tratado.
Além disso, o HIV tem algumas características, como um período de incubação (tempo entre a infecção pelo vírus e o início dos sintomas) prolongado, de modo que o vírus circula no sangue e pode ser transmitido antes do surgimento dos sintomas, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune.
O HIV é transmitido pelas relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, caso as devidas medidas de prevenção não sejam tomadas.
A hepatite B ocorre pela presença do vírus HBV (do inglês Hepatitis B Virus) e tem transmissão, predominantemente, pela via sexual. Além disso, a transmissão pode ocorrer de mãe para filho e, neste caso, ocasiona uma evolução com maior chance de cronificação.
Como principais sintomas podemos citar o amarelamento dos olhos, dor abdominal e urina escura. Além disso, a doença pode evoluir para insuficiência hepática ou câncer.
O vírus HBV tem elevada infectividade e recomenda-se a vacinação contra hepatite B para todas as pessoas, independentemente da idade.
A hepatite C é causada pelo vírus HCV (do inglês Hepatitis C Virus), que costuma ter uma evolução silenciosa.
O risco de infecção pelo vírus da hepatite C está aumentando em certas populações, como usuários de drogas intravenosas, usuários de cocaína inalada que compartilham os equipamentos, atendentes de consultórios odontológicos, podólogos e manicures que não obedecem às normas de biossegurança.
Além disso, a transmissão sexual do HCV é pouco frequente e ocorre, principalmente, em pessoas com parcerias múltiplas e que têm relações sexuais sem preservativo.
Muitas vezes, a doença é silenciosa e acaba sendo diagnosticada somente em fases mais avançadas. Quando os sintomas existem, os principais são a fadiga, náuseas, perda de apetite e amarelamento dos olhos e da pele.
As hepatites B e C crônicas podem levar ao surgimento de cirrose e câncer no figado.
Esta é uma infecção que ocorre pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV), que atinge as células de defesa do organismo, os linfócitos T.
Sua principal forma de transmissão é da mãe infectada para o recém-nascido, principalmente pelo aleitamento. Além disso, ele pode ser transmitido por relação sexual sem preservativo e pelo compartilhamento de seringas e agulhas.
No geral, as pessoas infectadas não apresentam sintomas e cerca de 10% dos infectados apresentam alguma doença associada a esse vírus, por exemplo, doenças neurológicas, oftalmológicas, dermatológicas, urológicas e hematológicas.
O Herpes genital ocorre, principalmente, pelo vírus da Herpes Simples Tipo 2. Este é um vírus de propagação muito rápida e que fica latente após a primeira infecção. Isso quer dizer que ele fica no corpo e pode ou não voltar a se manifestar quando ocorre uma queda na imunidade.
No caso do herpes genital, as lesões se assemelham a pequenas bolhas com a base avermelhada, que podem se unir e originar uma úlcera rasa, dolorida. As lesões podem aparecer na vulva, dentro da vagina, no colo do útero ou ao redor do ânus.
Os principais sintomas da doença são o aumento dos gânglios na virilha, corrimentos, dor ao urinar, febre, mal-estar e dor muscular.
Com a prática se sexo oral, o Herpes Simples tipo 1 também pode ser o causador da doença, que se manifesta da mesma forma.
O HPV é causado pelo papilomavírus humano e é a infecção sexualmente transmitida mais comum.
Tem como principal sintoma o aparecimento de verrugas, mas pode se manifestar de forma silenciosa.
O HPV é o principal responsável pelo câncer do colo de útero e, por isso, além do uso de preservativos durantes as relações sexuais, fazer exames preventivos periódicos é essencial.
Também temos disponível a vacina quadrivalente contra o HPV, que pode ser usada por meninos e meninas.
Temos um artigo completo sobre o assunto e você poderá ler mais sobre isso clicando aqui .
A sífilis ocorre pela presença da bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou durante a gestação ou parto.
Pode apresentar vários sintomas dependendo de seus estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). No geral, possui maior potencial de transmissão nos estágios primário e secundário.
Como principais sintomas, pode causar feridas, manchas no corpo, febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. Em seu estágio terciário, pode causar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte se não for tratada.
É uma doença causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae sendo as relações sexuais desprotegidas a principal forma de contaminação.
Tem como principais sintomas o corrimento vaginal e dor no baixo ventre. Todavia, não é incomum que esta infecção seja assintomática, o que faz com que muitas mulheres não procurem tratamento.
Muitas vezes, pode ocorrer associada à clamídia.
A Clamídia ocorre pela presença da bactéria Chlamydia trachomatis , transmitida pelas relações sexuais desprotegidas.
Assim como a gonorréia, causa corrimento vaginal e dor no baixo ventre, podendo ser, muitas vezes, assintomática.
Caso a clamídia e a gonorréia não sejam devidamente tratadas, podem gerar complicações, como a Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, dor durante as relações sexuais e ocorrência de gestação nas trompas.
O cancro mole, que também chamamos de cancróide, ocorre pela presença da bactéria Haemophilus ducreyi .
Transmitido pela relação sexual com uma pessoa infectada sem o uso da camisinha, causa sintomas como pequenas feridas múltiplas e dolorosas com presença de pus, bem como nódulos (caroços ou ínguas) na virilha.
Esta é uma infecção pelo protozoário Trichomonas vaginalis , transmitido pelas relações sexuais desprotegidas.
Como principais sintomas temos o corrimento com cheiro forte, normalmente lembrando peixe, e de cor amarelada, amarelo-esverdeada ou acinzentada. Ardência, coceira e desconforto vaginal também estão presentes.
Pode ocorrer também dor e sangramento após relação sexual, além da dor ao urinar.
Em alguns casos pode ser assintomática, mas funciona como facilitadora para a transmissão de outros microrganismos. Além disso, caso ocorra na gestação e não receba o devido tratamento, pode evoluir para o rompimento prematuro da bolsa ou surgimento de trabalho de parto prematuro.
O uso de preservativos feminino ou masculino em todos os tipos de relações sexuais (orais, anais e vaginais) é a forma mais eficaz de evitar a transmissão das infecções sexualmente transmissíveis.
Inclusive, o preservativo feminino pode evitar de forma ainda mais eficaz a transmissão, uma vez que cobre também a vulva.
A manutenção de um bom quadro de saúde geral também ajuda a prevenir a ocorrência de ISTs, pois fortalece nosso sistema imunológico.
Atualmente, existem vacinas preventivas somente para o HPV e para a Hepatite B, sendo ambas disponibilizadas pelo SUS.
A vacina do HPV é eficaz e segura, e o ideal é que a vacinação ocorra em meninas dos 09 aos 14 anos e em meninos dos 11 a 13 anos. Pessoas com idade superior podem se vacinar, mas estão fora da idade alvo do SUS.
Já a vacina da Hepatite B é feita em três doses, sendo que a segunda dose deve ser aplicada após 30 dias da primeira e a terceira dose, seis meses após a primeira. O ideal é que esta vacinação ocorra logo na infância, mas poderá ser feita também na vida adulta.
Muitas vezes, a paciente percebe que está com alguma IST devido o aparecimento de sintomas, sendo os principais:
Nestes casos, é essencial procurar uma ginecologista para fazer o diagnóstico correto.
No entanto, frequentemente, as ISTs são assintomáticas, mas isso não quer dizer que elas não possam causar problemas sérios para a saúde da mulher.
Assim, é essencial fazer um acompanhamento médico anual com a Ginecologista no qual realizamos exames, como o Papanicolau, além de pesquisa de infecções assintomáticas, permitindo o diagnóstico e tratamento adequados.
Além disso, poderemos realizar também outros exames de rastreamento, principalmente se a paciente fizer parte das populações-chave, ou seja, grupos que têm maior risco de contaminação, como pessoas com comportamento sexual de risco e pessoas que usam drogas.
O tratamento das ISTs irá depender de qual agente infeccioso a paciente contraiu, ou seja, qual a patologia ela possui.
Em grande parte dos casos, podemos adotar as seguintes medidas:
Além disso, será essencial suspender a atividade sexual durante o tratamento, além de orientar a comunicação do diagnóstico às parcerias sexuais, para que sejam devidamente avaliados e tratados.
Não é incomum da paciente ter algumas infecções recorrentes, ou seja, que se repetem algumas vezes, mesmo com tratamento adequado ou ainda infecções crônicas, ou seja, aquelas em que nosso organismo não é capaz de se livrar completamente do agente causador.
Caso isso corra, além de confirmar o diagnóstico, poderemos estudar o uso de outros medicamentos, bem como prolongar o tempo de tratamento, fazendo um seguimento de longo prazo.
Precisamos lembrar também que existem aquelas ISTs que não tem cura, como a herpes, hepatite B crônica e a AIDS. Nestes casos, existe somente controle, que pode durar por toda a vida.
Como vimos, existem uma série de infecções sexualmente transmissíveis que podem ou não causar sintomas para a paciente. Quando os sintomas existem, são bastante incômodos e podem gerar constrangimento para a mulher.
A melhor forma de se proteger é tendo relações sexuais com preservativos masculino ou feminino.
Somente um especialista poderá fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento mais adequado para cada infecção.
Então, não deixe de procurar a sua médica caso tenha algum incômodo, nem de fazer o acompanhamento anual. Se cuide!
O post O que são Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
"Faço o meu trabalho com a visão de poder estimular minhas pacientes a fazer escolhas de saúde conscientes e que caibam no seu estilo de vida."
Rua Domingos de Morais, 2781
14º Andar - Vila Mariana - São Paulo
CEP: 04035-001
3 minutos do metrô Santa Cruz
7 minutos do Hospital São Paulo
6 minutos da Unifesp
Dra. Juliana Teixeira Ribeiro • CRM-SP 152931 • RQE 70719 | Este site obedece as orientações do Conselho Federal de Medicina e do Código de Ética Médica, que proíbe a apresentação de fotos de pacientes, resultados ou procedimentos. As informações nele contidas podem variar conforme cada caso e representam apenas uma ideia genérica do atual estágio das técnicas apresentadas, não substituindo, em hipótese alguma, uma consulta médica tradicional e muito menos representando promessas de resultados.
Desenvolvido por Human Marketing Digital