HTLV: esteja atenta a este vírus

jun. 27, 2024
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O HTLV representa uma grande preocupação para a saúde pública, especialmente no Brasil, onde estima-se que entre 800 mil e 2,5 milhões de pessoas sejam portadoras do vírus, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Esta infecção viral, que pode permanecer assintomática por muitos anos, tem potencial para causar graves problemas de saúde, como leucemia/linfoma de células T do adulto e a paraparesia espástica tropical.


Dessa forma, é preciso compreender os métodos de prevenção eficazes contra a transmissão do HTLV, considerando que uma das principais vias de transmissão do vírus é a sexual.



O que é o HTLV?


O HTLV, ou vírus linfotrópico de células T humanas, é um tipo de retrovírus, assim como o HIV, o vírus da imunodeficiência humana.


Ambos compartilham a capacidade de infectar células T do sistema imunológico humano, que são cruciais para a defesa do corpo contra infecções.


O HTLV foi identificado na década de 1980 como o primeiro retrovírus humano capaz de causar câncer.


Classificamos esse vírus em quatro subtipos: HTLV-1, que é o subtipo mais associado a doenças; HTLV-2; HTLV-3; e HTLV-4.


Quais são os sintomas do HTLV?


A maioria das pessoas infectadas pelo HTLV não apresenta sintomas.


Entretanto, em uma minoria dos casos, o vírus pode levar ao desenvolvimento de condições específicas que manifestam diversos incômodos.


Assim, os sintomas e condições associadas incluem:



  • Leucemia/linfoma de células T do adulto (ATL): esta é uma forma agressiva de câncer que pode apresentar sintomas como fadiga, febre, suores noturnos, perda de peso e aumento dos gânglios linfáticos, fígado ou baço;
  • Paraparesia espástica tropical (PET): esta é uma doença neurológica que afeta a medula espinhal, levando a sintomas como fraqueza progressiva nas pernas, rigidez, distúrbios urinários e, em alguns casos, disfunção dos intestinos;
  • Uveíte: inflamação do olho, que pode causar dor, vermelhidão e visão embaçada;
  • Dermatite: inflamação da pele, que pode apresentar sintomas como vermelhidão, coceira e erupções cutâneas;
  • Polimiosite e poliartrite: inflamação dos músculos e articulações, respectivamente, levando a sintomas como dor, fraqueza muscular e inchaço das articulações;
  • Infecções oportunistas: devido à supressão do sistema imunológico, indivíduos com HTLV podem ser mais suscetíveis a infecções.


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Como ocorre a transmissão desse vírus?


As principais vias de transmissão desse vírus incluem:


Transmissão vertical (de mãe para filho)


O HTLV pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez, no momento do parto ou através da amamentação. 


A transmissão durante a amamentação é considerada uma das vias mais significativas, especialmente para o HTLV-1.


Por este motivo o aleitamento materno é contraindicado quando a mãe está infectada por este vírus.


Contato com sangue contaminado


A transmissão pode ocorrer através de transfusões de sangue, transplantes de órgãos e o compartilhamento de agulhas ou seringas contaminadas, como no caso de usuários de drogas injetáveis;


Relações sexuais



O vírus também pode ser transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, sendo mais comum de homens para mulheres.


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Como diagnosticar essa condição?


Geralmente, começamos o diagnóstico da infecção por HTLV com testes de sangue, como o ELISA, que detecta anticorpos contra o vírus.


Então, se o resultado do ELISA for positivo, testes confirmatórios como Western blot ou PCR são realizados para confirmar a presença do vírus e diferenciar entre HTLV-1 e HTLV-2, além de avaliar a carga viral.



Ademais, dependendo dos sintomas do paciente e da suspeita clínica, podemos solicitar exames adicionais, como ressonância magnética e biópsias.


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Como tratamos o HTLV?


Assim como ocorre com o HIV, ainda não existe uma cura definitiva capaz de erradicar completamente o HTLV do organismo de pessoas infectadas.


Dessa forma, direcionamos o tratamento para as condições específicas associadas a esse vírus.


No caso da leucemia/linfoma de células T do adulto, o tratamento pode incluir quimioterapia ou terapias alvo.


Para a paraparesia espástica tropical, o manejo envolve medicação para controlar sintomas como espasticidade e dor, além de fisioterapia para melhorar a mobilidade e função muscular.


Por fim, doenças inflamatórias como uveíte e dermatite podem ser tratadas com corticosteroides e imunossupressores para reduzir a inflamação.


Como prevenir o HTLV?


A prevenção da infecção pelo HTLV é crucial, dado que não existe cura para o vírus e ele pode levar a doenças graves.


Assim, aqui estão algumas estratégias eficazes:


Triagem de sangue


É essencial para garantir que o sangue e os produtos sanguíneos usados em transfusões e transplantes estejam livres do vírus.


Uso seguro de agulhas


Evitar compartilhar agulhas, seringas ou outros equipamentos que possam estar contaminados é vital.


Práticas sexuais seguras


O uso consistente de preservativos pode reduzir consideravelmente o risco de transmissão sexual do HTLV.


Cuidados na gravidez e amamentação


Mulheres grávidas devem ser testadas para o HTLV, especialmente em áreas de alta prevalência ou se houver fatores de risco para a infecção.



Ademais, em casos de infecção confirmada, recomenda-se evitar a amamentação para reduzir o risco de transmissão para o bebê.


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Além das estratégias de prevenção mencionadas, enfatizamos a importância de consultas e exames médicos regulares.


Consultas regulares com a ginecologista, acompanhamento contínuo e testagem apropriada são importantes para a gestão da saúde individual e proteção contra as complicações associadas ao HTLV.



Portanto, em caso de dúvida ou ao perceber qualquer sintoma incomum, agende uma consulta com a especialista em saúde da mulher!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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