O útero é um órgão muscular oco que faz parte do sistema reprodutor feminino. É a camada do útero que sangra durante a menstruação e é no útero que o bebê fica durante a gravidez. O útero conecta os ovário à vagina, através de suas tubas. Uma histerectomia é o termo médico para uma operação em que o médico remove todo ou parte do útero de uma mulher.
Esta cirurgia requer preparação adequada, porque tem um grande impacto, não só em um nível físico, mas também emocional, para a mulher.
O procedimento pode ser realizado por diferentes vias e há cuidados específicos pré e pós operatórios. Se você quer saber mais sobre a histerectomia, siga lendo este artigo.
Três tipos de histerectomia podem ser realizados dependendo do problema a ser tratado e da idade do paciente:
Via cirúrgica é o meio através da qual a cirurgia é realizada. A histerectomia pode ser feita por 4 vias diferentes, a saber:
O procedimento realizado por videolaparoscopia para retirar o útero é realizado através de pequenas incisões no abdome e atualmente é considerado o padrão ouro para a realização de cirurgias pélvicas ginecológicas, inclusive para casos de câncer.
Como os cortes são menores, o trauma cirúrgico costuma ser menor, diminuindo a resposta inflamatória do corpo à cirurgia, permitindo menor tempo de internação hospitalar, menos dor pós operatória, menor risco de infecção de cicatriz cirúrgica e com isso melhorando a experiência da paciente ao tratamento.
E você deve estar se perguntando – como é que o útero sai com esses cortes tão pequenos? Depois de retirado, o útero é removido do corpo da mulher inteiro através do fundo da vagina quando é realizada histerectomia total ou “triturado” com um aparelho específico chamado morcelador através de um dos pequenos cortes realizados na parede abdominal. Menos comumente, pode ser removido através de um corte de até 8 cm na parede abdominal, semelhante à incisão para realização de cesariana.
Existem muitas razões pelas quais uma mulher pode precisar de uma histerectomia; as mais comuns são:
Antes de agendar o procedimento deve se ter certeza de que a cirurgia é o melhor tratamento para aquele caso, dado que envolve riscos inerentes ao procedimento. Além da consulta médica, podem ser solicitados alguns exames como:
A depender das características clínicas da mulher, é recomendado que faça avaliação clínico-cardiológica antes do procedimento, a fim de tratar e otimizar doenças prévias que podem causar complicações pós operatórias, tais como hipertensão, diabetes, dislipidemias, problemas hepáticos, de coração, renais, etc.
Outra consulta pré cirúrgica é avaliação anestésica pré operatória, para que a paciente converse com o anestesiologista que vai realizar a anestesia da cirurgia e tirar dúvidas específicas sobre o procedimento anestésico.
É recomendado, se possível, cessar tabagismo e perda de peso em caso de obesidade/sobrepeso.
Todos esses cuidados são necessários para reduzir os riscos de complicações da cirurgia e pós operatórias. Nessas avaliações a paciente é orientada sobre alimentação perioperatória, tempo de jejum, que medicações manter ou suspender antes da cirurgia, planejamento cirúrgico e cuidados pós operatórios.
A cirurgia é realizada em centro cirúrgico hospitalar, com anestesia geral e/ou raquianestesia, a depender da via utilizada e do que foi combinado com o anestesiologista na visita pré cirúrgica. É necessário colocação de sonda vesical – é um cateter inserido na uretra que faz com que a bexiga fique sempre vazia durante o procedimento.
O procedimento dura entre 1-4 horas, os cortes abdominais são cobertos com curativos logo após o término do procedimento e pode haver necessidade de colocação de um tampão vaginal por algumas horas (geralmente é removido 6-12 horas após a cirurgia). Depois de bem recuperada da anestesia a paciente é encaminhada ao leito e a internação dura em média 24-72 horas.
Os principais riscos da cirurgia são: náuseas e vômitos pós operatórios, dor pós operatória, sangramento aumentado, com necessidade de transfusão ou conversão de uma cirurgia laparoscópica/ robótica em uma cirurgia aberta, lesão de estruturas abdominais (intestino, ureter e bexiga são os mais comuns), infecção da cicatriz cirúrgica e/ou do fundo da vagina pós operatória, abertura do fundo da vagina ou da cicatriz abdominal (deiscência), hérnia incisional, complicações clínicas (trombose, AVC, infarto, descompensação de diabetes ou outras doenças prévias). Com exceção de náusea, vômitos e dor, as demais complicações são bastante raras, mas é importante você saber o que pode dar errado.
Durante e após a operação, a mulher recebe analgésicos e remédios para náuseas, para minimizar estes sintomas que são muito comuns. A sonda vesical é removida logo após a cirurgia ou nas primeiras 24 horas após e se houver tampão vaginal o mesmo é retirado entre 6 e 24 horas. Dieta leve é liberada em torno de 6 horas depois do procedimento.
A mulher deve se levantar e se mover o tão logo quanto possível após a operação, para que não haja formação de coágulos sanguíneos nas pernas (minimizar o risco de trombose) e ajude o funcionamento do intestino, fazendo com que libere gases mais rápido e diminua a dor.
Dependendo de algumas características pode ser indicado o uso de meias elásticas de compressão e/ou um equipamento de uso hospitalar que ajuda na circulação (meia de compressão intermitente), também como prevenção de trombose. Anticoagulantes podem ser necessários em alguns casos. Fisioterapia motora e respiratória costuma ser indicada durante o período de internação.
Havendo evolução favorável, alta hospitalar acontece entre 24 e 72 horas da cirurgia. Tudo que é removido da paciente é encaminhado para biópsia, cujo resultado é liberado entre 15-30 dias e visto com a paciente na consulta de retorno pós operatório.
Em casa a paciente deve manter alimentação habitual, medicamentos para dor e náuseas são prescritos por até uma semana. Esforço físico deve ser evitado por pelo menos um mês e atividade sexual por 45 a 60 dias. Pode ser orientada uma consulta de retorno precoce – após 7 a 10 dias da cirurgia – e outra consulta pós operatória final em torno de 45 dias.
* essas orientações podem variar dependendo do profissional, da paciente, da indicação da cirurgia, da técnica realizada e de eventuais complicações que possam ter acontecido.
Uma histerectomia causa menopausa do ponto de vista menstrual. Com a remoção do útero não vai mais haver menstruação, então falamos em menopausa cirúrgica. Quando não há retirada dos ovários, a função ovariana se manterá até a idade em que os ovários estão geneticamente programados para funcionar, de modo que além da falta de menstruação, a paciente não experimentará sintomas do climatério.
Se houver indicação e os ovários também forem removidos, haverá uma queda abrupta nos níveis hormonais femininos, podendo levar ao surgimento da síndrome climatérica – ondas de calor, secura vaginal, suores noturnos e insônia, dentre outros.
A remoção do útero propriamente dita não impacta na organização dos órgãos abdominais, pois eles se rearranjam para ocupar aquele espaço que ficou “vazio”.
Não é esperada nenhuma alteração do ponto de vista sexual no que diz respeito a libido ou orgasmo, inclusive a ausência do colo uterino pode facilitar a penetração vaginal em algumas posições que antes causava desconforto.
No entanto, a perda de um órgão tão significativo do ponto de vista feminino pode trazer questões psicológicas importantes, como a redução da libido ou sensação de “ser menos mulher” por não ter mais o útero. É importante discutir essas questões com sua ginecologista antes da cirurgia e, se necessário, seguimento psicológico pré e perioperatório.
O post Histerectomia – Cirurgia de retirada de útero apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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