Cirurgia ginecológica – endometriose, miomas e cistos de ovário

admin • jun. 12, 2019
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Uma cirurgia ginecológica pode ser realizada de várias maneiras. Se você precisar de cirurgia, seu ginecologista irá discutir o método mais adequado com você.

Quase todas as cirurgias ginecológicas podem ser realizadas pelas mesmas vias – abdominal (aberta), laparoscópica ou vaginal. Para saber mais sobre as vias cirúrgicas, clique aqui .

De modo geral o tratamento cirúrgico é reservado para casos em que não há melhora depois de um tratamento clínico ou o tratamento clínico não está disponível.

Abaixo, eu explicarei um pouco mais sobre algumas das cirurgias ginecológicas mais comumente realizadas.

Os vários tipos de cirurgia ginecológica

Miomectomia

Um mioma é um crescimento nodular de músculo liso uterino e de aspecto benigno. Estes ocorrem em qualquer idade, mas geralmente durante o período fértil. Eles são em sua maioria assintomáticos, mas também uma causa frequente de sangramento uterino anormal, e podem estar associados a aumento importante de volume uterino, dor pélvica, e, eventualmente, a alterações de fertilidade.

Uma miomectomia é uma operação na qual um cirurgião remove esses miomas, preservando o útero. É o tratamento de escolha para pacientes com miomas e deseja ter filhos.

Ooforoplastia/Ooforectomia

A Ooforoplastia é realizada quando há um cisto ou nódulo no ovário e é feita a retirada apenas da lesão, preservando o ovário. Pode ser realizada em casos de teratoma ou endometriose do ovário, por exemplo.

Já a Ooforectomia é a remoção total de um ou dos dois ovários, geralmente realizada em casos oncológicos (câncer).

Laqueadura tubária

Nessa cirurgia ginecológica, as tubas uterinas são amarradas, cortadas, coaguladas ou alguma combinação dessas técnicas, levando à esterilização feminina. É um método contraceptivo considerado definitivo, dado a dificuldade de reversibilidade. Extremamente eficaz, tem uma taxa de falha de até 5 a cada 1000 mulheres por ano, ligada à recanalização espontânea das tubas.

Essa técnica impede que o óvulo seja capaz de ir do ovário para a tuba uterina, de modo que não possa entrar em contato com o espermatozoide a ser fertilizado.

No Brasil, para realizar este procedimento a mulher precisa ter no mínimo 25 anos e/ou pelo menos dois filhos vivos e a laqueadura durante o parto só é permitida em casos de risco de vida materno na eventualidade de uma nova gestação – doença materna grave ou duas ou mais cesáreas anteriores.

Laqueadura tubária não tem impacto sobre o equilíbrio hormonal da mulher ou sobre a sexualidade feminina. Em alguns casos pode haver alteração no padrão de sangramento menstrual.

Cirurgia para gravidez ectópica ou doença da tuba uterina

Em alguns casos a gestação não se implanta no local correto (dentro do corpo do útero), e pode vir a se implantar na tuba uterina (mais frequente), próxima ao ovário, região do colo uterino, ou mesmo próxima a algum órgão abdominal, fora do útero, configurando o que chamamos de gestação ectópica.

É uma situação potencialmente grave, pois estas localizações anômalas não estão preparadas para o desenvolvimento da gestação, com risco de dor pélvica e ruptura dessas estruturas à medida que a gravidez progride, levando a um quadro de hemorragia (sangramento intenso) abdominal, e colocando a vida da mulher em risco.

Na maioria das vezes essa implantação anormal acontece na tuba uterina, sendo necessário tratamento cirúrgico. Pode ser realizado um procedimento de salpingoplastia (retirada da gestação e preservação tubária), principalmente em pacientes que já não têm a tuba uterina contralateral e não tem prole constituída, ou a salpingectomia (retirada de toda a trompa acometida pela gestação ectópica).

É uma cirurgia importante, pois envolve uma situação de risco de vida e pode impactar na fertilidade futura da paciente.

Reconstrução do assoalho pélvico

Defeitos adquiridos no sistema de sustentação dos órgãos pélvicos podem fazer com que estes órgãos apresentem uma “descida” em relação à sua posição original, através das paredes vaginais, configurando o que chamamos de prolapso genital. Pode ser em maior ou menor grau e envolver os seguintes órgãos:

  • bexiga (cistocele),
  • útero (prolapso uterino) ou,
  • intestino (retocele e/ou enterocele).

Alguns sintomas do prolapso genital são: sensação de algo dentro da vagina, frequentemente descrita como sensação de “bola na vagina”, dificuldade para urinar ou evacuar, dificuldade / vergonha durante o ato sexual, sensação de frouxidão da vagina durante a penetração vaginal e, em casos mais graves, completa exteriorização dos órgãos genitais internos.

Prolapsos de maior grau, que impactam na qualidade de vida da paciente e/ou na sua vida sexual e não se resolvem com tratamento clínico – geralmente fisioterapia pélvica – requerem cirurgia para resolução dos defeitos.

São cirurgias realizadas na maioria das vezes por via vaginal e envolve a reconstrução desse sistema de sustentação pélvica. Podem ser utilizadas telas sintéticas para ajudar no reposicionamento das estruturas afetadas. E o tipo de cirurgia depende de quais são as áreas afetadas.

Perineoplastia

Perineoplastia, também conhecida como perineorrafia, é uma cirurgia ginecológica plástica que inclui a correção de deformidades, imperfeições, danos e defeitos na região perineal – musculatura e corpo tendinoso que se localiza entre a entrada da vagina e o ânus.

Dar à luz, especialmente durante um parto difícil, é a causa mais comum de dano perineal. E a perineorrafia é comumente realizada logo após o parto vaginal.

Cirurgia para incontinência urinária

Quando a mulher apresenta perda urinária involuntária aos esforços – incontinência urinária – e esse sintoma não melhora com os tratamento clínicos, pode ser indicado um tratamento cirúrgico, dado que esta é uma alteração que impacta negativamente na qualidade de vida, relacionamentos interpessoais e na vida sexual.

O tratamento visa restabelecer a função do colo vesical e /ou da uretra, fazendo com que a bexiga seja capaz de armazenar e esvaziar urina, apenas sob o comando da paciente. Pode ser feita uma cirurgia fixando os próprios tecidos de sustentação pélvica da paciente, mas o padrão ouro de tratamento atual envolve a colocação de faixas sintéticas na região periuretral (sling).

Conclusão

Aqui abordamos resumidamente sobre algumas cirurgias ginecológicas comumente realizadas. Histerectomia (cirurgia para retirada do útero) foi discutida num artigo à parte e pode ser lido aqui .

O melhor tratamento para os diferentes problemas ginecológicos depende de várias características da paciente e da doença. Cirurgia é um tratamento possível, mas reservado para a minoria das situações.

Dessa forma, apenas a sua ginecologista, ao realizar uma avaliação detalhada, será capaz de orientar o melhor tratamento para o seu caso. Sua situação pessoal e seus desejos também são importantes na escolha do tratamento, seja ele cirúrgico ou não.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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