Contracepção pós abortamento – Qual método adotar

admin • 23 de setembro de 2020
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O momento pós-aborto é bastante delicado na vida de uma mulher. Além das questões físicas e psicológicas, será necessário escolher o melhor método de contracepção pós abortamento, caso a gestação tenha sido indesejada. 

O aborto é um evento que transforma não só o corpo, mas traz também diversas questões psicológicas que devem ser levadas em consideração.  

Diante disso, frequentemente a equipe médica foca esforços na recuperação física e psicológica, sem dar a devida atenção ao aconselhamento no que se refere ao planejamento familiar.

Muitas vezes, a própria mulher não tem esta questão como foco e a contracepção pós abortamento acaba ficando em segundo plano.

Todavia, o aconselhamento em contracepção deverá fazer parte dos cuidados pós-abortamento e será eficaz na adoção de métodos contraceptivos adequados para cada caso.

Como fica o organismo da mulher após o aborto 

Normalmente, quando um aborto ocorre de forma espontânea nas 12 primeiras semanas da gravidez, a mulher não precisará de nenhum tratamento. São poucos os casos que sobram restos dentro do útero ou a gestação para de evoluir porém não é expelida. Nestas últimas situações pode ser necessário a realização de procedimentos como curetagem uterina ou aspiração.

Isso não quer dizer que não seja necessário procurar uma Ginecologista para avaliar seu estado físico, psicológico e orientar as próximas etapas a serem seguidas.

Poderá ocorrer, por exemplo, a necessidade de realização de um procedimento para esvaziar o útero, retirando resquícios de tecido no local.

Assim, o período pós aborto será marcado pela recuperação do útero, que retornará ao seu estado antes da gravidez, reequilíbrio hormonal e recuperação psicológica do trauma sofrido.

Neste momento, será importante ter um cuidado maior com a região genital, pois o útero poderá ainda estar ligeiramente aberto, fazendo com que o risco de infecções aumente.

Desta forma, NÃO  será indicado ter relações sexuais ou inserir qualquer objeto na vagina , como absorventes de uso interno ou coletores menstruais, por pelo menos duas a três semanas após o abortamento.

No que se refere à menstruação, normalmente levará de 4 a 6 semanas para que ela volte ao normal.

Todavia, a ovulação poderá voltará a ocorrer em média de 3 a 4 semanas após o aborto, ou seja, será preciso ter atenção aos métodos contraceptivos para não engravidar imediatamente caso não seja o objetivo.

Como escolher o método de contracepção após abortamento

A escolha do método de contracepção pós abortamento irá depender muito da preferência da paciente, que deverá tomar esta decisão junto com sua parceria e sua médica ginecologista de confiança.

Alguns fatores deverão ser levados em consideração, por exemplo:

  • gravidez perdida era planejada ou desejada;
  • paciente pretende tentar ter filhos novamente;
  • algum problema de saúde;
  • possíveis complicações no aborto;
  • se o aborto foi espontâneo ou precisou de abordagem cirúrgica.

Todas estas questões serão consideradas no aconselhamento médico a fim de ajudar esta mulher a decidir que tipo de método contraceptivo ela vai iniciar.

Há a possibilidade da paciente não ter interesse nos métodos contraceptivos, por ter a intenção de tentar novamente uma gravidez.

Nestes casos, o médico auxiliará no processo de recuperação física e psicológica do trauma, de modo a possibilitá-la a dar comunidade nas tentativas futuramente.

Lembrando que o intervalo mínimo recomendado para tentar uma nova gravidez seria de 3 meses, com recomendações de 6 meses pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Neste período, o útero voltará ao normal e a mulher poderá se recuperar de uma possível anemia. Além disso, caso algum processo infeccioso tenha ocorrido, haverá tempo para o tratamento e a recuperação.

Quais os métodos devem ser evitados?

O diafragma pode ter seu tamanho ideal alterado em períodos pós aborto ou parto, devido mudanças no útero, logo não é seguro usar o mesmo dispositivo de antes da gestação. 

Neste momento, os métodos comportamentais, que se baseiam na previsão da ovulação, em padrão de menstruação ou muco cervical, não serão indicados. Isso porque, o organismo da mulher irá demorar um tempo para voltar ao normal, logo essas características não serão fidedignas do processo ovulatório.

Caso a mulher tenha tido alguma complicação, principalmente infecções, os DIUs de cobre ou com progesterona não serão recomendados imediatamente após o aborto.

Nestes casos, será preciso inicialmente fazer o tratamento com antibióticos e pensar nesta forma de contracepção somente em um segundo momento.

Quais os métodos contraceptivos indicados? 

Nos casos em que não houve nenhum tipo de complicação, e não há desejo reprodutivo de curto prazo, temos várias opções.

Se o objetivo for gestar novamente em breve, enquanto aguarda liberação para retomar as tentativas o indicado será usar métodos de barreira, como camisinha. 

No que se refere aos métodos hormonais, não temos nenhuma contraindicação em relação a utilização logo após o aborto. Ou seja, os métodos que usam progesterona isolada ou os que combinam estrogênio e progesterona poderão ser utilizados.

Os DIUs podem ser inseridos imediatamente após abortamento não complicado do primeiro trimestre.

No entanto, caso o abortamento tenha ocorrido no segundo trimestre ou adiante, teremos uma pequena ressalva com relação aos dispositivos intrauterinos.

Isso porque, quando eles são inseridos imediatamente após um abortamento de segundo trimestre, haverá um aumento na taxa tanto de expulsão como de deslocamento do DIU.

Não podemos considerar este fato como uma contra indicação ao método, mas devemos avaliar se valerá a pena utilizá-los nesse momento ou se não seria melhor esperar um segundo momento para colocação.

É importante ressaltar que todas estas recomendações são para mulheres que não possuem nenhum problema de saúde. 

Será essencial contar com ajuda de uma ginecologista que avaliará seu quadro e indicará o método contraceptivo pós abortamento mais indicado para o seu caso.

Resumindo…

O momento pós abortamento será bastante complexo na vida de uma mulher. Isso porque, além de ter que se recuperar fisicamente, será preciso também se recompor psicologicamente do trauma sofrido.

Além da atenção a estes pontos, será necessário cuidar do planejamento familiar da paciente e auxiliá-la na escolha do método contraceptivo mais indicado.

Esta escolha irá depender de diversos fatores, como o estado de saúde, a forma como o aborto ocorreu e se a paciente tem interesse em engravidar novamente em breve ou não.

Uma avaliação completa e personalizada é fundamental para ajudar a mulher neste processo!

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Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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