Como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) funciona?

26 de setembro de 2024
FALAR VIA WHATSAPP

Você quer entender como funciona a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição)?

O Relatório Epidemiológico sobre HIV/Aids, publicado pelo Ministério da Saúde em 2022, revelou que o Brasil registrou 43.403 novos casos de infecção pelo HIV naquele ano.


Esse número apresentou um crescimento de 17,2% em relação aos dados de 2020.


Nesse contexto, a PrEP, ou Profilaxia Pré-Exposição, oferece uma oportunidade de prevenção eficaz contra o HIV.


Esta abordagem envolve o uso de medicamentos antirretrovirais que, se tomados consistentemente, podem reduzir bastante o risco de infecção pelo HIV.


Então, acompanhe esse artigo para entender como a PrEP funciona, seus benefícios e como pode ser integrada à sua rotina de cuidados com a saúde.


O que é a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e para quem ela é indicada?


A PrEP, ou Profilaxia Pré-Exposição, é uma estratégia para prevenir infecção pelo vírus  HIV que envolve o uso diário de medicamentos antirretrovirais por pessoas que não têm o vírus, mas que estão em alto risco de infecção.


Esse método é altamente eficaz em reduzir o risco de contrair HIV quando tomado de maneira consistente e correta.


Indica-se a PrEP para pessoas que estão em situações de maior risco de exposição ao HIV, isso inclui:


  • Pessoas que têm uma parceria sexual que é HIV positivo;
  • Profissionais do sexo e outras pessoas com comportamento sexual de risco;
  • Homens que fazem sexo com homens e que têm práticas sexuais que aumentam o risco de exposição ao HIV;
  • Pessoas que têm relações sexuais sem uso consistente de preservativos em contextos de alta prevalência de HIV;
  • Usuários de drogas injetáveis que compartilham agulhas ou outros equipamentos.


No nosso site, temos um artigo completo sobre o HIV, acesse e saiba mais!


Como o tratamento funciona?


A PrEP opera através da combinação de dois antirretrovirais (tenofovir e emtricitabina), que impedem certas vias usadas pelo HIV para infectar células no corpo.


Assim, há duas formas recomendadas de uso da PrEP: contínua e intermitente.


PrEP contínua


Envolve a ingestão regular dos medicamentos todos os dias, recomendada para indivíduos em maior risco de exposição ao HIV.


PrEP intermitente


Esta modalidade é utilizada apenas em momentos de potencial exposição ao HIV.


A PrEP intermitente é apropriada para pessoas que têm relações sexuais menos de duas vezes por semana e que conseguem prever a ocorrência dessas relações.



Há estudos sobre outras formas de uso da PrEP, na forma de medicação injetável de longa duração ou anel vaginal, mas ainda não estão disponíveis no Brasil.


profilaxia-pre-exposicao-prep-como-funciona-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo


Em quanto tempo a PrEP começa a fazer efeito?


A eficácia da PrEP pode variar dependendo de como é utilizada:


  • PrEP diária: quando tomada todos os dias, leva cerca de 7 dias para alcançar níveis de proteção adequados no corpo para prevenir a infecção pelo HIV. Assim, durante esse período inicial, é importante continuar utilizando outras formas de prevenção, como preservativos, para garantir a proteção completa;
  • PrEP sob Demanda (intermitente): quando utilizada dessa forma, a proteção contra o HIV é alcançada quando os comprimidos são tomados corretamente, conforme o esquema recomendado. Geralmente, é preciso tomar 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes do contato sexual, seguidos de um comprimido 24 horas após a primeira dose dupla e outro comprimido 24 horas depois.


O tratamento PrEP tem efeitos colaterais?


Sim, o tratamento com PrEP pode ter efeitos colaterais, embora a maioria das pessoas não apresente reações adversas graves.


Geralmente, os efeitos colaterais mais comuns são leves e tendem a diminuir após as primeiras semanas de uso, sendo os principais:


  • Gastrointestinais: náuseas, dor abdominal, e diarreia são alguns dos problemas gastrointestinais que podem ocorrer nas primeiras semanas de tratamento;
  • Dores de cabeça: algumas pessoas podem experimentar dores de cabeça leves a moderadas ao iniciar a PrEP;
  • Fadiga: pode-se experimentar sensações de cansaço e fadiga;
  • Efeitos sobre os rins: a PrEP pode afetar a função renal, razão pela qual é importante monitorar regularmente a função dos rins durante o tratamento;
  • Redução na densidade óssea: alguns estudos indicaram uma possível redução na densidade mineral óssea associada ao uso prolongado da PrEP.


Portanto, é importante que as mulheres em PrEP realizem acompanhamento regular com a ginecologista/ infectologista para monitorar qualquer efeito colateral e ajustar o tratamento, conforme necessário.



É importante deixar claro que o uso de PrEP ainda não foi suficientemente estudado em mulheres cis heterossexuais, de modo que não temos dados concretos de eficácia do seu uso nesta população.


profilaxia-pre-exposicao-prep-quando-indicada-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo
profilaxia-pre-exposicao-prep-quando-indicada-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo
profilaxia-pre-exposicao-prep-quando-indicada-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo


Além disso, antes de iniciar a PrEP, é importante realizar exames para garantir que não há contraindicações ao uso dos medicamentos.


Além da Profilaxia Pré-Exposição, quais medidas estão disponíveis para prevenir a Aids?


Existem várias outras estratégias de prevenção da Aids, entre elas, destacamos:



Uso de preservativos


como-prevenir-aids-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo


O uso consistente e correto de preservativos durante relações sexuais é uma das maneiras mais eficazes de prevenir a transmissão do HIV, bem como de outras infecções sexualmente transmissíveis.


PEP (Profilaxia Pós-Exposição)


A PEP envolve tomar medicamentos antirretrovirais logo após uma possível exposição ao HIV, como um contato sexual desprotegido ou um acidente com agulha.


Nesse caso, é necessário iniciar a medicação dentro de até 72 horas após a exposição e continuar o uso da mesma por 28 dias para ser eficaz.


Testagem e aconselhamento


Fazer testes regulares de HIV e receber aconselhamento da ginecologista são essenciais para a prevenção.


Isso permite que as mulheres conheçam seu status e tomem decisões informadas sobre sua saúde sexual.


A frequência da testagem deve ser maior naquelas pessoas com comportamento sexual de risco para transmissão de infecções sexualmente transmissíveis.


Limitação do número de parceiros sexuais


Reduzir o número de parceiros sexuais pode diminuir o risco de exposição ao HIV.


Prevenção no uso de drogas injetáveis


O compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis é uma das vias para a transmissão do HIV.


Para diminuir esse risco, é preciso que as usuárias de drogas injetáveis adotem medidas de prevenção, como utilizar materiais descartáveis próprios e evitar o compartilhamento de agulhas e seringas com outros.


Buscar tratamento e se livrar do uso deste tipo de substâncias é a melhor opção.


Prevenção na utilização de materiais perfurocortantes


Adotar práticas seguras no manuseio de materiais perfurocortantes, especialmente em ambientes médicos e de saúde, é essencial para evitar a transmissão do HIV.


Dessa forma, é necessário o uso de equipamentos de proteção individual e a correta disposição de objetos cortantes.



Prevenção em transfusões de sangue


transmicao-aids-dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo


Assegurar que todas as transfusões de sangue sejam realizadas com sangue devidamente testado para o HIV é vital para prevenir a transmissão durante procedimentos médicos.


Como posso começar a usar a PrEP?


Primeiramente, você deve agendar uma consulta com a ginecologista ou infectologista para avaliar seu risco de exposição ao vírus e discutir se a PrEP é uma opção adequada para você.


Durante essa consulta inicial, solicitamos exames para confirmar que você não está infectada pelo HIV e para avaliar sua função renal e hepática, além de testar para outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).


Se for determinado que a PrEP é apropriada para sua situação, prescreveremos os medicamentos necessários.


Após o início do tratamento, é importante manter consultas regulares, normalmente a cada três meses.


Essas consultas são fundamentais para realizarmos testes contínuos de HIV e outras ISTs, monitorar a função renal, e discutir os efeitos colaterais.



Existem também Centros de Aconselhamento e Testagem geridos pelo SUS, onde esse tipo de atendimento pode ser realizado.


Portanto, caso você tenha dúvidas se a Profilaxia Pré-Exposição é indicada para o seu caso, agende uma consulta com a especialista em saúde da mulher agora mesmo!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

DIU e gestação ectópica têm relação?
7 de novembro de 2024
Você quer saber a relação entre o DIU e a Gestação Ectópica? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica.
Quanto tempo posso engravidar depois da curetagem?
31 de outubro de 2024
Quanto tempo posso engravidar depois da curetagem? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Granuloma inguinal: sintomas e tratamento
24 de outubro de 2024
Quer saber como identificar e tratar o Granuloma Inguinal? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Condiloma acuminado: entenda esta infecção
17 de outubro de 2024
Quer entender o que é e como prevenir o Condiloma Acuminado? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM): entenda esta condição
10 de outubro de 2024
Quer conhecer os sintomas do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Dengue na gestação: entenda os riscos
3 de outubro de 2024
Quer saber os riscos da Dengue na Gestação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema.
Como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) funciona?
26 de setembro de 2024
Quer entender como funciona a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição)? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
Toxoplasmose na gestação: entenda os riscos
19 de setembro de 2024
Quer saber quais são os riscos da Toxoplasmose na Gestação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Linha de evaporação no teste de gravidez: entenda!
12 de setembro de 2024
Quer saber o que significa a Linha de Evaporação no Teste de Gravidez? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
A reversão de laqueadura é possível?
5 de setembro de 2024
Você quer saber se a Reversão da Laqueadura é possível? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Mais Posts
Share by: