Dengue na gestação: entenda os riscos

3 de outubro de 2024
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A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, cujos sintomas variam desde quadros leves até formas graves.

Quando ocorre durante a gestação, a dengue pode ser ainda mais preocupante, pois coloca em risco não apenas a saúde da mulher, mas também a do feto.


A gestação por si só já é um período de intensa vigilância sobre a saúde da mulher, com o corpo passando por diversas alterações para sustentar o desenvolvimento do bebê.


Assim, o aparecimento de uma infecção como a dengue nesse cenário pode desencadear complicações e, em alguns casos, levar à perda gestacional ou ao nascimento prematuro.


Portanto, a prevenção, o diagnóstico precoce e o manejo adequado são fundamentais para minimizar qualquer problema e proteger tanto a mãe quanto o bebê.


O que é a dengue e como a doença é transmitida?


A dengue é uma infecção viral transmitida por mosquitos, e é causada por um vírus que pertence ao gênero Flavivirus, da família Flaviviridae.


Existem quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.


A infecção pode ocorrer com qualquer um desses tipos, e a reinfecção subsequente por um tipo diferente pode aumentar o risco de complicações graves.



A principal via de transmissão da dengue é através da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Aedes.


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Este mosquito é altamente adaptado ao ambiente urbano e prolifera em áreas onde a água estagnada está disponível para a postura de ovos.


O ciclo começa quando um mosquito, a fêmea, pica uma pessoa infectada e ingere sangue que contém o vírus da dengue.


Então, o vírus precisa de um período de incubação dentro do mosquito (geralmente de 4 a 10 dias).


Após esse período, quando o mosquito pica uma pessoa saudável, o vírus é transmitido e pode levar à infecção.


Em casos raros, o vírus da dengue também pode ser transmitido de uma mãe infectada para o feto durante a gravidez ou próximo ao momento do parto.


Quais são os sintomas da dengue na gestação?


Os sintomas da dengue durante a gestação são semelhantes aos experimentados por não gestantes, mas exigem atenção especial devido aos riscos aumentados.


Entre esses sinais, destacamos:


  • Febre alta repentina;
  • Diarreia;
  • Dor de cabeça severa;
  • Dores nas articulações e músculos;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Fadiga;
  • Erupções cutâneas;
  • Náusea e vômito.


Reforçamos que é importante que as gestantes procurem atendimento médico imediatamente ao notarem esses sintomas, pois como mencionamos, a dengue pode levar a complicações mais graves durante a gravidez.


Dengue na gestação: quais são os riscos?


Durante a gravidez, aumenta o risco de desenvolver formas mais graves de dengue, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, que podem levar a hemorragias severas e estão associadas com um aumento no risco de morte materna.


Isso porque, a imunidade da gestante fica mais fragilizada em comparação a pessoas não grávidas e, assim, o corpo fica menos eficaz em combater o agente infeccioso. 



Além disso, a infecção por dengue pode elevar as chances de complicações obstétricas, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo, morte fetal intrauterina e aumento da morbidade e mortalidade neonatal.


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A doença também pode causar alterações na vascularização da placenta, resultando em descolamento prematuro, uma condição grave que compromete a oxigenação e nutrição do feto.


A dengue pode ainda afetar a pressão arterial da mãe, potencializando riscos tanto de hipotensão quanto de hipertensão, e a febre alta e outros sintomas associados, como vômito, podem levar à desidratação, complicando ainda mais o quadro clínico da gestante.


Para o bebê, o risco se estende a problemas neurológicos, especialmente se a dengue for contraída no primeiro trimestre da gestação.


Um estudo da Fiocruz Bahia indica que há um aumento de 50% no risco de má-formação neurológica em fetos expostos ao vírus durante a gravidez.


Por fim, bebês que nascem prematuramente devido à dengue podem enfrentar diversas complicações associadas à prematuridade, incluindo problemas respiratórios, dificuldades alimentares e maior vulnerabilidade a infecções.


Como prevenir a dengue na gestação?


Prevenir a dengue durante a gestação é essencial. Confira abaixo algumas medidas importantes:


Evite a proliferação do mosquito


Elimine focos de água parada onde o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, pode se reproduzir.


Assim, tampe caixas d'água, cubra pneus, limpe calhas e descarte corretamente recipientes que possam acumular água.


Use repelentes apropriados


Utilize repelentes adequados para gestantes e siga as orientações do fabricante quanto à aplicação e frequência de uso.

São opções seguras:



  • Icaridina 20-25% – duração de dez horas;
  • DEET 10-15% – duração de seis a oito horas;
  • IR3535 – duração de até quatro horas.


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Vista roupas adequadas


Use roupas de manga longa e calças compridas para reduzir a exposição da pele ao mosquito.


Instale telas de proteção


Coloque telas em janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos.


Ademais, se possível, use mosquiteiros ao dormir, especialmente durante o dia, quando o mosquito Aedes aegypti é mais ativo.


Evite áreas de risco


Evite viajar para regiões onde há surtos de dengue.


Se não for possível evitar, redobre as medidas de proteção.


Consulte a obstetra regularmente


Durante a gravidez, é essencial fazer o acompanhamento pré-natal e informar à especialista qualquer sintoma suspeito de dengue, como febre, dores no corpo, manchas na pele, entre outros.


Como diagnosticar a dengue na gestação?


Para diagnosticar a dengue, é essencial realizarmos uma anamnese completa, investigando viagens recentes, exposição a mosquitos e a presença de sintomas relacionados a essa infecção.


O exame físico também deve ser minucioso para identificar sinais de alerta, como sangramentos, dor abdominal ou sinais de desidratação.


Além disso, podemos solicitar exames laboratoriais, como o hemograma completo, monitorar a contagem de plaquetas e o hematócrito.

Já os testes sorológicos e de detecção do antígeno NS1 confirmam a infecção por dengue.


Em casos mais graves, também devemos avaliar a função hepática e renal da gestante.


Como tratamos essa condição?


O tratamento da dengue na gestação foca em manter uma hidratação adequada, sendo que a reposição de líquidos pode ser realizada via oral ou intravenosa, dependendo do caso.


Também precisamos monitorar a contagem de plaquetas de perto devido ao risco aumentado de hemorragias, que é particularmente preocupante durante a gravidez.


Para o controle da dor e febre, o paracetamol é o medicamento de escolha, evitando o uso de aspirina e anti-inflamatórios não esteroidais devido ao risco de sangramento.


Entretanto, em casos graves, o cuidado hospitalar se torna necessário, com monitoramento intensivo e suporte adequado.


Se houver hemorragia grave ou choque, pode ser preciso realizar intervenções obstétricas emergenciais, como um parto cesariana, mas de modo geral evita-se o parto em vigência de dengue aguda.



Após a recuperação, devemos continuar com o acompanhamento pré-natal, monitorando qualquer possível impacto da dengue na saúde materna e no desenvolvimento fetal.


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Portanto, caso você esteja grávida e apresente sintomas de dengue ou tenha dúvidas sobre a sua saúde durante a gestação, não hesite em agendar uma consulta com a obstetra.



O acompanhamento especializado é crucial para garantir que tanto você quanto o seu bebê recebam o cuidado adequado!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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