Quando ocorre durante a gestação, a dengue pode ser ainda mais preocupante, pois coloca em risco não apenas a saúde da mulher, mas também a do feto.
A gestação por si só já é um período de intensa vigilância sobre a saúde da mulher, com o corpo passando por diversas alterações para sustentar o desenvolvimento do bebê.
Assim, o aparecimento de uma infecção como a dengue nesse cenário pode desencadear complicações e, em alguns casos, levar à perda gestacional ou ao nascimento prematuro.
Portanto, a prevenção, o diagnóstico precoce e o manejo adequado são fundamentais para minimizar qualquer problema e proteger tanto a mãe quanto o bebê.
A dengue é uma infecção viral transmitida por mosquitos, e é causada por um vírus que pertence ao gênero Flavivirus, da família Flaviviridae.
Existem quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
A infecção pode ocorrer com qualquer um desses tipos, e a reinfecção subsequente por um tipo diferente pode aumentar o risco de complicações graves.
A principal via de transmissão da dengue é através da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Aedes.
Este mosquito é altamente adaptado ao ambiente urbano e prolifera em áreas onde a água estagnada está disponível para a postura de ovos.
O ciclo começa quando um mosquito, a fêmea, pica uma pessoa infectada e ingere sangue que contém o vírus da dengue.
Então, o vírus precisa de um período de incubação dentro do mosquito (geralmente de 4 a 10 dias).
Após esse período, quando o mosquito pica uma pessoa saudável, o vírus é transmitido e pode levar à infecção.
Em casos raros, o vírus da dengue também pode ser transmitido de uma mãe infectada para o feto durante a gravidez ou próximo ao momento do parto.
Os sintomas da dengue durante a gestação são semelhantes aos experimentados por não gestantes, mas exigem atenção especial devido aos riscos aumentados.
Entre esses sinais, destacamos:
Reforçamos que é importante que as gestantes procurem atendimento médico imediatamente ao notarem esses sintomas, pois como mencionamos, a dengue pode levar a complicações mais graves durante a gravidez.
Durante a gravidez, aumenta o risco de desenvolver formas mais graves de dengue, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, que podem levar a hemorragias severas e estão associadas com um aumento no risco de morte materna.
Isso porque, a imunidade da gestante fica mais fragilizada em comparação a pessoas não grávidas e, assim, o corpo fica menos eficaz em combater o agente infeccioso.
Além disso, a infecção por dengue pode elevar as chances de complicações obstétricas, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo, morte fetal intrauterina e aumento da morbidade e mortalidade neonatal.
A doença também pode causar alterações na vascularização da placenta, resultando em descolamento prematuro, uma condição grave que compromete a oxigenação e nutrição do feto.
A dengue pode ainda afetar a pressão arterial da mãe, potencializando riscos tanto de hipotensão quanto de hipertensão, e a febre alta e outros sintomas associados, como vômito, podem levar à desidratação, complicando ainda mais o quadro clínico da gestante.
Para o bebê, o risco se estende a problemas neurológicos, especialmente se a dengue for contraída no primeiro trimestre da gestação.
Um estudo da Fiocruz Bahia indica que há um aumento de 50% no risco de má-formação neurológica em fetos expostos ao vírus durante a gravidez.
Por fim, bebês que nascem prematuramente devido à dengue podem enfrentar diversas complicações associadas à prematuridade, incluindo problemas respiratórios, dificuldades alimentares e maior vulnerabilidade a infecções.
Prevenir a dengue durante a gestação é essencial. Confira abaixo algumas medidas importantes:
Evite a proliferação do mosquito
Elimine focos de água parada onde o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, pode se reproduzir.
Assim, tampe caixas d'água, cubra pneus, limpe calhas e descarte corretamente recipientes que possam acumular água.
Use repelentes apropriados
Utilize repelentes adequados para gestantes e siga as orientações do fabricante quanto à aplicação e frequência de uso.
São opções seguras:
Vista roupas adequadas
Use roupas de manga longa e calças compridas para reduzir a exposição da pele ao mosquito.
Instale telas de proteção
Coloque telas em janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos.
Ademais, se possível, use mosquiteiros ao dormir, especialmente durante o dia, quando o mosquito Aedes aegypti é mais ativo.
Evite áreas de risco
Evite viajar para regiões onde há surtos de dengue.
Se não for possível evitar, redobre as medidas de proteção.
Consulte a obstetra regularmente
Durante a gravidez, é essencial fazer o acompanhamento pré-natal e informar à especialista qualquer sintoma suspeito de dengue, como febre, dores no corpo, manchas na pele, entre outros.
Para diagnosticar a dengue, é essencial realizarmos uma anamnese completa, investigando viagens recentes, exposição a mosquitos e a presença de sintomas relacionados a essa infecção.
O exame físico também deve ser minucioso para identificar sinais de alerta, como sangramentos, dor abdominal ou sinais de desidratação.
Além disso, podemos solicitar exames laboratoriais, como o hemograma completo, monitorar a contagem de plaquetas e o hematócrito.
Já os testes sorológicos e de detecção do antígeno NS1 confirmam a infecção por dengue.
Em casos mais graves, também devemos avaliar a função hepática e renal da gestante.
O tratamento da dengue na gestação foca em manter uma hidratação adequada, sendo que a reposição de líquidos pode ser realizada via oral ou intravenosa, dependendo do caso.
Também precisamos monitorar a contagem de plaquetas de perto devido ao risco aumentado de hemorragias, que é particularmente preocupante durante a gravidez.
Para o controle da dor e febre, o paracetamol é o medicamento de escolha, evitando o uso de aspirina e anti-inflamatórios não esteroidais devido ao risco de sangramento.
Entretanto, em casos graves, o cuidado hospitalar se torna necessário, com monitoramento intensivo e suporte adequado.
Se houver hemorragia grave ou choque, pode ser preciso realizar intervenções obstétricas emergenciais, como um parto cesariana, mas de modo geral evita-se o parto em vigência de dengue aguda.
Após a recuperação, devemos continuar com o acompanhamento pré-natal, monitorando qualquer possível impacto da dengue na saúde materna e no desenvolvimento fetal.
Portanto, caso você esteja grávida e apresente sintomas de dengue ou tenha dúvidas sobre a sua saúde durante a gestação, não hesite em agendar uma consulta com a obstetra.
O acompanhamento especializado é crucial para garantir que tanto você quanto o seu bebê recebam o cuidado adequado!
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
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