Cistos de Ovário – Entenda

admin • jan. 03, 2020
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Os cistos de ovário são condições que afetam mulheres de todas as idades, sendo de modo geral benignos e em muitos casos podem desaparecer sozinhos com o tempo.

Porém, mesmo através de seu aparecimento relativamente comum, eles ainda assustam muitas mulheres, sendo necessário entender mais sobre eles.

Abaixo você obterá informações sobre:

  • O que são cistos de ovário ?
  • Cistos funcionais: foliculares / corpo lúteo;
  • Endometrioma;
  • Cistos neoplásicos: benignos (teratoma, cisto adenoma) ou malignos;
  • Nódulos;
  • Como os cistos de ovário aparecem no ultrassom?

O que são cistos de ovário?

O cisto é uma “bolinha de água”, geralmente maior que 2-3 cm e pode surgir em quase todos os órgãos do corpo. Do ponto de vista de saúde da mulher, é muito frequente o seu surgimento no ovário ou nas mamas.

Seu formato tende a ser o de uma bolha, que contém substâncias semilíquidas ou completamente líquidas dentro de si e é envolvido por uma membrana.

Ovários normais. A,B: USTV mostrando ovários de morfologia normal. Em A, técnica de medida para a obtenção do volume ovariano.

O que faz com que muitas mulheres temam os cistos de ovário é que, em alguns casos, eles podem ter características que se assemelham a lesões malignas. O surgimento de uma lesão nova, às vezes pode ser muito preocupante.

Lesões maiores que 5cm de diâmetro às vezes são descritas nos exames como massa pélvica, e esse é um termo que também assusta as pacientes.

Há vários tipos de cistos e as suas características no exame de imagem bem como as características da pessoa na qual ele aparece (idade, relação com ciclo menstrual, presença de sintomas associados, relação com ciclo gravídico, antecedentes familiares, etc) é o que determinam se esse cisto pode ser benigno ou maligno, bem como a necessidade de tratamento ou não.

Cistos funcionais

Os cistos funcionais são as lesões desse tipo mais comumente encontradas em mulheres. São sempre benignos, ora aparecem em um ovário ora no outro, tendem a desaparecer sem nenhum tipo de tratamento e costumam ter até 3-4 cm.

Ele se mostra presente, mais frequentemente, em mulheres que estão em idade fértil – e geralmente são membranas compostas por líquido ou por sangue.

Cisto funcional. A: USTV evidenciando ovário esquerdo com folículo dominante (F). B: Ultrassonografia abdominal evidenciando cisto simples, com conteúdo líquido anecoico, de contornos definidos, paredes delgadas. C,D: Imagens ilustrando as mesmas características, por meio da USTV, em pacientes distintas.

Seu nome, funcional e folicular, se dá uma vez que esse cisto surge através de folículos ovarianos que passam pelo processo de ovulação.

O cisto de corpo lúteo nada mais é que o folículo que já ovulou e ainda não se dissolveu.

Esse tipo de cisto costuma ser bem definido na ultrassonografia pélvica e, de modo geral, não requer nenhum tipo de tratamento.

Endometrioma

Já o endometrioma, mais um dos muitos tipos de cistos de ovário , tende a ocorrer por uma lesão relacionada à endometriose no ovário.

Ele é composto por uma membrana cheia de um sangue envelhecido e com tecido endometrial em seu interior.

Também é facilmente identificado em uma ultrassonografia, podendo às vezes ser confundido com um cisto de corpo lúteo hemorrágico (que apresentou sangramento no seu interior).

Endometriomas. A: Endometrioma em ovário esquerdo – massa cística preenchida por ecos de baixa intensidade, de aspecto mais homogêneo que os cistos hemorrágicos e de parede bem delimitada. B: Mesmo endometrioma, com visualização ao Doppler colorido mostrando ausência de vasos no seu interior, descartando tratar-se de massa sólida.

Os endometriomas podem atingir grandes tamanhos, não desaparecem sozinhos, e podem necessitar de tratamento cirúrgico ou não. A presença de um endometrioma é marcador de risco para a presença de endometriose profunda em outras localizações. Em caso de necessidade cirúrgica é importante que a equipe tenha experiência com a realização desse tipo de procedimento e que toda a doença seja removida, não somente a lesão do ovário. 

Cistos neoplásicos: benignos ou malignos

Além dos cistos acima citados, têm-se os cistos neoplásicos, que podem ser benignos ou malignos. Eles são chamados de neoplásicos porque não estão relacionados com o processo de ovulação.

A sua apresentação ultrassonográfica pode ser descrita como cisto de aspecto complexo, o tamanho é variável, eles não desaparecem sozinhos e, dependendo do tamanho, idade da paciente, e grau de suspeita de malignidade costumam necessitar de tratamento cirúrgico.

Cistoadenoma mucinoso. USTV de ovário evidenciando cistoadenoma mucinoso – massa multiloculada com septações finas e numerosas, com conteúdo ecogênico variando entre os vários compartimentos da massa (setas), conglomerado de pequenos cistos e ecos finos decorrentes do espesso conteúdo.

Os mais comuns são os cistos neoplásicos benignos, como os casos de teratomas (também chamados de cistos ou tumor dermóide) e cistoadenomas. O tratamento recomendado é a cistectomia ou ooforoplastia, procedimento cirúrgico em que há a retirada do cisto, fazendo uma “plástica no ovário”, preservando o resto do ovário. A videolaparoscopia é a via cirúrgica recomendada.

Teratoma. A: Achado de massa de aspecto gorduroso, ecogênica, de conteúdo irregular e heterogêneo, com ecos lineares, e sem halos de vascularização ao Doppler colorido, em ovário direito (seta). B: Aspecto semelhante, com presença de atenuação do feixe acústico posteriormente (setas), compatível com conteúdo gorduroso heterogêneo com calcificações. C,D: USTV em pacientes distintas – massa com presença de ecos regionais brilhantes e difusos, parede hiperecogênica, conteúdo tipicamente irregular com linhas e pontos ecogênicos, e sem evidência de vascularização ao Doppler colorido.

Para saber mais sobre a ooforoplastia ou plástica do ovário, leia o conteúdo completo .

Outros cistos benignos da região pélvica podem estar relacionados às tubas uterinas e requerem outros tipos de tratamento: abscesso tubo-ovariano, hidrossalpinge, cistos paratubários.

Apesar de haver grande suspeição de benignidade pelo aspecto da imagem e história clínica, o diagnóstico definitivo somente é feito com a retirada da lesão e estudo anátomo-patológico (biópsia) da mesma.

Tumores maiores, com septos espessos, vascularização interna com baixa resistência ou projeções sólidas vistas na ultrassonografia aumentam a chance de a lesão ser maligna. Nestes casos o tratamento cirúrgico está sempre indicado e o procedimento padrão é a realização da ooforectomia, cirurgia em que há remoção de todo o ovário afetado. 

Cistoadenocarcinoma. A: USTV evidenciando imagem tipicamente suspeita de malignidade – massa heterogênea em região de fossa ilíaca esquerda (setas), de contornos irregulares, conteúdo ecogênico heterogêneo, com Doppler evidenciando vascularização no componente sólido da massa. B: USTV mostrando, também, massa ecogênica complexa, com Doppler colorido evidenciando vascularização no componente sólido da massa (asterisco).

Pela possibilidade de espalhar células malignas dentro da cavidade abdominal não é recomendado a biópsia por punção de lesões suspeitas. A remoção cirúrgica do ovário é a forma mais segura de conseguir o diagnóstico definitivo.

Há vários tipos diferentes de câncer de ovário, e o tratamento pode requerer além de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. 

Nódulos

Por fim, têm-se os nódulos, que são lesões sólidas e se diferenciam dos cistos à ultrassonografia. Caso um nódulo seja identificado na região do ovário, é muito importante que seja feito um acompanhamento para identificar – ou não – sua expansão.

Também há nódulos benignos e malignos, e a avaliação dos nódulos ovarianos geralmente leva a indicação de cirurgia a fim de conseguir fazer o diagnóstico definitivo através da biópsia cirúrgica.

Fibroma ovariano. USTV mostrando formação de aspecto sólido, hipoecogênica, delimitada, sem halos de vascularização ao Doppler colorido e com sombra acústica posterior (setas).

Os fibromas são considerados as neoplasias benignas sólidas mais comuns dos ovários. Podem ser encontrados em qualquer idade, entretanto, são mais frequentes em mulheres ao redor dos 40 anos.

Como saber se eu tenho cistos ou nódulos no ovário?

A maioria das lesões ovarianas não causa nenhum tipo de sintoma e é encontrada por acaso em exames de ultrassonografia de rotina.

Em alguns casos o exame é solicitado para investigação pela presença de anormalidades na menstruação, dor na região pélvica, ou por achado de anormalidade identificada através do toque vaginal.

A ultrassonografia pélvica é o exame de escolha inicial. Eles aparecem de forma clara através desse exame, sendo especialmente perceptível através de um aumento no volume da região. As características do cisto, em conjunto com os achados da paciente, vão aumentar as suspeitas de ser um cisto benigno ou maligno.

Algumas vezes pode ser solicitada uma ressonância magnética de pelve para maiores esclarecimentos. 

Alguns exames de sangue chamados de marcadores tumorais, tais como CA-125, CA-15.3, CA-19.9, CA-72.4 e alfa-fetoproteína podem ser solicitados para ajudar a definir se a lesão encontrada tem maior chance de ser benigna ou maligna. Nenhum deles é específico para o diagnóstico de câncer.

Enquanto um ovário livre de cistos tende a ter, em média, 5-9 cm³, um ovário que conta com a presença de cistos pode chegar a ter até mesmo mais do que o dobro desse volume, chegando a 20 cm³. Cistos muito volumosos podem ter mais de 5 litros.

Caso tenha aparecido um cisto ou nódulo no seu exame de ultrassom, fique tranquila e leve o exame para sua Ginecologista! 

Fonte das Imagens:
Ultrassonografia nas massas anexiais: aspectos de imagem
Radiol Bras. 2011 Jan/Fev;44(1):59–67
Ultrasonography of adnexal masses: imaging findings
Francisco Andrade Neto, Ricardo Palma-Dias, Fabrício da Silva Costa

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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