Câncer no colo do útero: entenda

10 de outubro de 2022
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O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV.




É uma doença de evolução lenta que afeta, principalmente, mulheres acima dos 25 anos. 


No Brasil, dados do INCA mostram que, excluindo o câncer de pele não melanoma, o câncer no colo uterino é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), sendo a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.


De acordo com a Febrasgo, apesar do câncer do colo do útero ser o quarto câncer mais incidente entre mulheres no mundo, as taxas de mortalidade estão reduzindo, principalmente em países de alta renda. Isso ocorre devido a melhorias na prevenção, rastreamento, no diagnóstico e no tratamento da doença.


O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum e tem como principal sintoma o aparecimento de verrugas, mas pode se manifestar de forma silenciosa.


Sendo o principal responsável pelo câncer do colo de útero, evitar a contaminação e fazer exames periódicos para rastreá-lo são medidas imprescindíveis para prevenir a doença.


Você poderá ler mais sobre o HPV em um artigo aqui no Blog!


Além disso, devemos ressaltar que o câncer de colo de útero não costuma ter sintomas no seu estágio inicial e causa incômodos somente quando já está mais evoluído. A presença de verrugas não significa que a pessoa tenha câncer!


No entanto, as alterações celulares no útero podem ser descobertas facilmente com exames preventivos e é exatamente o diagnóstico precoce que traz as maiores chances de cura.


Ou seja, fazer exames ginecológicos periódicos é fundamental para prevenir e/ou curar a doença!


Quais são os tipos de câncer no colo do útero?


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Fonte: gineco.com.br


Antes do tumor se tornar maligno, o que leva alguns anos, as células do colo do útero vão sofrendo alterações que recebem o nome de Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) e podem ser classificadas em graus I, II e III , de acordo com a gravidade do caso.


Então, quando o câncer se desenvolve, existem dois principais tipos de tumor, os carcinomas epidermoides (80% dos casos) e os adenocarcinomas (20% dos casos).


Quais os fatores de risco?


O principal fator de risco para o desenvolvimento deste câncer é a presença do vírus HPV com seus subtipos oncogênicos. Para se ter uma ideia, mais de 97% dos tumores de colo uterino contêm DNA do HPV.


Além disso, existem uma série de outros fatores associados com o desenvolvimento do câncer de colo uterino:


  • Tabagismo;
  • Início precoce de atividade sexual (< 16 anos);
  • Ter elevado número de parceiros sexuais ao longo da vida;
  • Ser imunossuprimida (deficiências no sistema imune, seja por uso de medicamentos ou doenças que afetam este sistema, como HIV/ AIDS ou déficits genéticos).


Ressaltamos que o tabagismo expõe a paciente a agentes carcinogênicos específicos que, quando presentes no muco e epitélio cervical, podem danificar o DNA das células do colo uterino, propiciando o desenvolvimento do câncer. Além disso, causa déficit imunológico, dificultando a nossa resposta inata contra o vírus.


O uso de pílulas contraceptivas foi associado ao câncer cervical. Não pela presença da pílula propriamente dita, mas pelo fato de que mulheres que usam contracepção hormonal estão mais propensas a não utilizar camisinha e, portanto, estariam mais sujeitas a se infectar pelo HPV.


Quais os sintomas do câncer de colo de útero?


Como dissemos, o tumor de colo uterino nos estágios iniciais é assintomático ou pouco sintomático, o que faz com que muitas pacientes não procurem auxílio médico no início da doença.


No entanto, quando a paciente apresenta sintoma, os principais são:


  • Sangramento vaginal após as relações sexuais;
  • Sangramento vaginal no intervalo entre as menstruações ou após a menopausa;
  • Corrimento vaginal de cor escura e com mau cheiro.



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Além disso, em estágios mais avançados, pode apresentar outros desconfortos, como por exemplo:


  • Dor no baixo ventre;
  • Dor lombar;
  • Hemorragias;
  • Obstrução das vias urinárias e intestinais;
  • Massa palpável no colo de útero;
  • Perda de apetite e de peso.


Como fazemos o diagnóstico?


O exame de Papanicolau, ou exame citológico do colo uterino, é o método mais utilizado no Brasil e no mundo para rastreamento do câncer do colo do útero e suas lesões precursoras.


Este é um exame simples e rápido no qual coletamos material do colo do útero a partir da descamação local com uma espátula e escova e encaminhamos para análise. 


O processo é praticamente indolor e é realizado rotineiramente durante o exame físico ginecológico na consulta médica.


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Você pode entender mais sobre os resultados do Papanicolau em um artigo que temos no blog!


Além disso,  podemos solicitar a realização da colposcopia, exame no qual utilizamos equipamentos que permitem analisar de forma ampliada e detalhada o tecido do colo do útero, da vagina e da vulva.


Assim, será possível diagnosticar lesões benignas (inflamações), pré-malignas que antecedem o câncer, ou as próprias lesões malignas.


Caso sejam identificadas lesões, fazemos a biópsia, ou seja, a coleta de pequenos fragmentos do colo do útero que são enviadas para análise. Então, o resultado da biópsia é o que realmente indica a presença ou não de células cancerígenas no colo do útero.


Uma vez diagnosticado o câncer, precisaremos ainda fazer uma avaliação mais detalhada com outros exames para avaliar o tamanho do tumor e se ele está somente no colo uterino ou se sofreu metástase para outros órgãos e tecidos. 


Tratamento do câncer de colo de útero


O tratamento deste câncer vai depender de uma série de fatores, como o estágio da doença, as condições de saúde da paciente, sua idade e desejo de manter a fertilidade.


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No geral, podemos contar com três opções de tratamento: a cirurgia, quimioterapia e radioterapia.


Existem diversos tipos de cirurgia que podemos adotar a depender de cada caso, sendo que em algumas fazemos a retirada da lesão e em outras a remoção do útero (histerectomia).


Uma das técnicas muito utilizadas é a conização ou traquelectomia, ou seja, a retirada de uma porção do colo do útero em forma de cone. Este pode ser o tratamento padrão em casos bem iniciais.


A radioterapia é outra opção de tratamento e consiste em aplicar o material radioativo diretamente no colo do útero, podendo ocorrer com uma fonte externa ou interna. Esta opção tem se mostrado eficaz para destruir as células malignas, reduzindo o tamanho dos tumores.


Já a quimioterapia costumamos indicar para situações específicas, como em tumores mais agressivos e nos estágios avançados da doença.


A modalidade de tratamento escolhida vai depender da análise individual de cada caso.


Como fazemos a prevenção?


Sem dúvidas, prevenir o câncer do colo do útero ou realizar seu diagnóstico precoce são os melhores caminhos.


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), precisamos de múltiplos esforços para conseguir eliminar a ocorrência do câncer do colo do útero. Assim, as principais medidas preventivas são:


  • Vacinação contra o HPV que, atualmente, já faz parte do calendário do SUS para meninos e meninas;
  • Uso de preservativos nas relações sexuais;
  • Controle dos fatores de risco, como por exemplo, o tabagismo;
  • Rastreamento e tratamento adequado das lesões precursoras do câncer.



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De acordo com a Febrasgo e o Ministério da Saúde, a recomendação é de iniciar o rastreamento aos 25 anos em mulheres (gestantes ou não gestantes) que já iniciaram atividade sexual.


Então, após dois exames negativos realizados com intervalo de um ano, os próximos podem ser realizados a cada 3 anos.


Além disso, mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar o exame preventivo, já que a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.


Então, não postergue a ida à Ginecologista para fazer seus exames de rotina. Esta é a forma mais eficaz de prevenir a ocorrência do câncer de colo de útero. 


Cuide sempre da sua saúde!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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