Se você fuma e está em idade reprodutiva, precisa saber que uma série de estudos científicos atuais mostram forte associação entre tabagismo e infertilidade.
O tabagismo é uma doença causada pela dependência da nicotina que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo a principal causa de mortes evitáveis em todo o mundo.
A nicotina é uma substância alcaloide tóxica e viciante encontrada na planta do tabaco. É uma neurotoxina que aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contração do coração, as veias superficiais e as artérias coronárias.
Seu consumo continuado faz com que o indivíduo desenvolva uma tolerância e, consequentemente, passa a precisar de doses cada vez maiores para se satisfazer.
Isso gera um ciclo de dependência física, psicológica e social causada pelo tabaco. Assim, quando a pessoa deixa de fumar passa a ter sintomas de privação.
Inicialmente, as mulheres fumavam menos que os homens. No entanto, a partir do século XX, o número de mulheres fumantes cresceu, trazendo consideráveis prejuízos à saúde feminina.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, o tabagismo entre os homens tem diminuído, enquanto entre as mulheres se mantém estável.
Diversos são os mecanismos pelos quais o tabagismo afeta a fertilidade da mulher e neste texto vamos abordar o assunto.
O tabagismo compromete a qualidade da função reprodutiva em diferentes fases. Isso porque, afeta a dinâmica folicular ovariana, pode gerar mutações de gametas, além de aumentar a possibilidade de abortamento espontâneo.
Mulheres fumantes que não usam métodos contraceptivos reduzem a taxa de fertilidade de 75% para 57% devido ao efeito da nicotina no fluído folicular do ovário. Além disso, aquelas que fumam antes da gravidez têm duas vezes mais probabilidade de atraso na concepção e cerca de 30% mais chances de serem inférteis.
Então, vamos entender um pouco mais desses efeitos do tabagismo na fertilidade:
Diversos estudos científicos identificaram que as mulheres que fumam e são tentantes têm um atraso de cerca de 1 ano para conseguirem engravidar em comparação com mulheres não fumantes.
Observou-se também que o aumento do atraso na concepção está relacionado com o número diário de cigarros fumados. Em alguns estudos, os efeitos sobre a fertilidade foram vistos apenas em mulheres que fumavam mais de 20 cigarros por dia, mas foi identificada uma tendência para todos os níveis de tabagismo.
Este atraso na concepção ocorre devido a diversos possíveis efeitos adversos, como interferência na gametogênese ou na fertilização, dificuldade de implantação do óvulo fertilizado ou perda gestacional subclínica logo após a implantação.
Estudos mostram que a menopausa ocorre de 1 a 4 anos mais cedo em mulheres fumantes do que em não fumantes.
Isso porque, os produtos químicos do cigarro parecem acelerar a depleção dos folículos ovarianos e, consequentemente, causar perda de função reprodutiva.
Os folículos ovarianos são as estruturas dos ovários que armazenam e liberam os óvulos durante o ciclo menstrual.
Para se ter uma ideia, os níveis médios de hormônio folículo estimulante basal (FSH) são significativamente maiores em jovens fumantes do que em não fumantes.
Este hormônio é o que regula a maturação dos óvulos durante a idade fértil e, quando em quantidades elevadas, pode indicar a perda da função ovariana.
Além disso, a excreção urinária de estrogênio em fumantes é menor do que a de não fumantes, possivelmente porque os constituintes do tabaco induzem a oxidação do estrogênio.
A exposição aos compostos do cigarro pode gerar danos aos cromossomos e ao DNA das células germinativas.
Estes danos podem ser responsáveis por problemas, como más formações fetais e aumento de abortos espontâneos.
Estudos apontam um aumento de defeitos congênitos nos filhos de pais fumantes, como a Síndrome de Down, anemia falciforme e diabetes.
O tabagismo está associado a um aumento de aborto espontâneo, seja na concepção natural ou assistida.
Apesar de ainda existirem poucos estudos em relação aos efeitos cromossômicos do tabagismo dentro do tecido abortivo, sabe-se que os componentes do cigarro podem levar à insuficiência placentária, restrição do desenvolvimento embrionário e fetal e à morte.
Foram relatados também relações entre o tabagismo e a gravidez ectópica (fora do útero), principalmente em mulheres que fumavam mais de 20 cigarros por dia em comparação com não fumantes.
Além disso, houve relações entre o tabagismo e a presença de bactérias responsáveis pela vaginose, o que por sua vez está associado ao aborto espontâneo e trabalho de parto prematuro.
Ou seja, podemos citar como principais problemas do tabagismo na gestação:
Além de problemas na fertilidade da mulher, o tabagismo gera também uma série de malefícios para o neném.
Por exemplo, bebês de mães fumantes podem nascer com baixo peso ou ter uma redução do calibre das vias aéreas, o que leva a uma redução da sua função pulmonar.
Assim, costumam adoecer mais do que os filhos de gestantes que não consomem substâncias tóxicas.
Outro ponto importante é que a mulher que fuma ou bebe durante a amamentação também passa a nicotina ou álcool para a criança pelo leite materno.
Além disso, estudos mostram que crianças de mães que fumam tiveram maiores chances de desmame aos 6 meses de idade devido à redução da prolactina no organismo, hormônio que incentiva a produção de leite.
Diante de todos esses aspectos, fica evidente que a recomendação é não consumir nenhuma quantidade de tabaco em nenhuma circunstância, uma vez que ainda não existem estudos que tragam a existência de uma quantidade segura de ingestão.
Sabemos que parar de fumar não é fácil e abandonar o vício requer muito esforço e uma abordagem multidisciplinar.
Hoje em dia, existem diversos métodos para tal, seja pelo uso de medicamentos ou terapias.
Temos um artigo que fala mais sobre os malefícios do tabagismo para a saúde e algumas abordagens de como abandonar este vício.
E então, procure uma Ginecologista para te ajudar a ter um melhor direcionamento caso você seja fumante e queira engravidar!
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