Prolapso genital: Acho que minha bexiga está caída. Será?

4 de outubro de 2021
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Popularmente conhecido como bexiga ou útero caído, o prolapso genital é uma condição que causa muito desconforto para a mulher e pode interferir significativamente no seu bem-estar e qualidade de vida.

Também conhecido como prolapso vaginal, esta condição ocorre quando os órgãos femininos localizados na pelve descem em direção ao canal vaginal devido ao enfraquecimento dos músculos e tecidos que os suportam.


Esta é uma condição que tem aumentado devido o envelhecimento da população e cerca de 11,1% das mulheres farão alguma cirurgia, seja para tratar o prolapso genital ou a incontinência urinária, outra condição associada à fraqueza da sustentação pélvica.


Quais são os tipos de prolapso genital


Diversos são os órgãos que podem sofrer com esta condição, por exemplo, o útero, a bexiga e o intestino.


Então, existem alguns tipos de prolapso genital:


  • Prolapso de útero: quando o útero perde a sustentação e desce pela vagina;
  •  ​Cistocele: quando a bexiga perde a sustentação, formando um abaulamento na região anterior da vagina;
  • Retocele / enterocele: quando o intestino perde a sustentação, formando um abaulamento na região posterior da vagina.


Além disso, pode ocorrer da paciente sofrer uma rotura de períneo devido o enfraquecimento dos músculos da abertura do assoalho pélvico, o diafragma urogenital.


Por que esta condição ocorre?


Como dissemos, o prolapso genital ocorre graças ao enfraquecimento dos músculos pélvicos e isso pode ocorrer por uma série de fatores:


  • Gravidez;
  • Parto vaginal;
  • Obesidade;
  • Exercícios físicos intensos, principalmente com levantamento de pesos e sem orientação;
  • Tosse crônica;
  • Constipação intestinal crônica;
  • Tabagismo;
  • Envelhecimento e diminuição de produção de estrogênio.
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Quais são os sintomas do prolapso genital?


Os sintomas irão variar conforme o tamanho do prolapso e do órgão que desce pelo canal vaginal. No geral, a mulher irá sentir a sensação de peso e pressão na parte inferior do abdome ou da vagina ou de ter uma sensação de que há algo, frequentemente descrito como uma “bola”, na vagina.


Caso o órgão afetado seja a bexiga, a paciente pode ter incontinência urinária, vontade frequente de urinar ou dificuldade para esvaziar a bexiga. Infecções de urina também podem acontecer.


Já no caso do intestino, ela pode ter urgência em evacuar (tenesmo) ou dificuldade para evacuar.


Além disso, a paciente pode sentir outros incômodos, como dificuldade de ter relação sexual e sensação de “vagina larga”.


Quando há um prolapso muito acentuado pode haver feridas devido contato da mucosa exposta com o meio externo e infecções.


Tudo isso gera um impacto enorme na qualidade de vida da mulher, levando a sentimentos de inadequação, vergonha e baixa auto estima.


Como fazemos o diagnóstico e o tratamento? 


Após fazer um diagnóstico adequado baseado na história clínica da paciente, exame físico detalhado e às vezes exames de imagens, como a ultrassonografia transperineal ou ressonância magnética, definimos o tratamento mais adequado para cada caso.


O prolapso pode ser classificado em diferentes graus a depender da distância que o órgão já percorreu pela vagina. Podemos observar melhor esta questão na figura abaixo, que exemplifica os diferentes graus de um prolapso uterino.

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Poderemos adotar um tratamento clínico ou cirúrgico dependendo da gravidade do prolapso e do quadro de saúde da paciente.


Tratamento clínico


Existem uma série de medidas para tratar o prolapso genital clinicamente, por exemplo:


  • Perda de peso;
  • Abandono do tabagismo;
  • Melhora dos hábitos intestinais;
  • Fisioterapia para fortalecimento do assoalho pélvico.


Além disso, podemos adotar o uso de pessários vaginais, estruturas de silicone que são introduzidas no canal vaginal para tratar o prolapso de forma não cirúrgica.


Existem diversos formatos e tamanhos de pessários e deveremos escolher o mais adequado para cada caso.

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Tratamento cirúrgico


As cirurgias para o prolapso genital têm o objetivo de tratar os defeitos diagnosticados na pelve. Assim, fazemos a reconstrução dos tecidos para “reerguer” e dar sustentação à bexiga, útero e/ou o intestino.


Esta cirurgia pode ser feita utilizando o tecido da própria paciente (colporrafia tradicional) ou fazendo uso de próteses (telas) que podem ser de tecido orgânico ou sintético.


Em mulheres com grandes prolapsos, sexualmente inativas e com grande risco cirúrgico, podemos também realizar a colpocleise, um procedimento no qual empurramos os órgãos pélvicos para dentro e fechamos a vagina quase que completamente.


Estas diferentes abordagens cirúrgicas ainda são bastante discutidas na literatura científica. Em linhas gerais, acredita-se que a cirurgia com tela, apesar de oferecer menos recorrências, aumenta o tempo cirúrgico e associa-se a um maior número de complicações.


Assim, a escolha do melhor método deve ser individualizado com base nas especificidades de cada paciente.


É possível prevenir o prolapso genital?


No geral, a prevenção do prolapso genital está associada às mudanças nos hábitos de vida, por exemplo, com controle do peso e parar de fumar.


Além disso, a prática de exercícios bem orientados para o fortalecimento do assoalho pélvico pode ser muito benéfica para a paciente.


Apesar do exposto, consideramos o prolapso como uma doença do colágeno, de modo que apesar de fazer tudo certo, mulheres geneticamente predispostas podem apresentar a doença.


Outro ponto a ser ressaltado é que apesar de o parto vaginal ser um fator de risco para a ocorrência do prolapso, os estudos demonstraram que a cesariana realizada de modo eletivo não previne a sua ocorrência. Logo, se você está grávida, não faz sentido mudar a via de parto pensando em prevenir a descida dos órgãos pélvicos.

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É importante salientar que quanto menor o grau do prolapso genital, mais fácil será seu tratamento.



Por isso, não deixe de procurar uma Ginecologista ao sentir incômodo na região pélvica. Quanto antes, melhor!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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