Apesar desta ser uma atividade que faz parte do nosso dia a dia, muitas mulheres possuem uma série de dúvidas em relação a como devem realizar a higiene íntima.
Para entender melhor sobre isso, vamos falar um pouquinho sobre a anatomia do sistema reprodutor feminino que possui uma parte interna e uma parte externa.
A região interna do nosso sistema reprodutor é formada pelos ovários, trompas, útero e vagina. Já a região externa contém o monte de Vênus e a vulva, que é composta pelos pequenos e grandes lábios (ou lábios internos e externos), clitóris, fúrcula vaginal e carúnculas himenais.
A uretra, canal que conduz a urina da bexiga ao meio externo, termina na parte superior da vulva, logo abaixo do clitóris.
Região interna do sistema reprodutor feminino
Região externa do sistema reprodutor feminino
Fonte: modificado de vielma.at
Estas regiões possuem características que servem como proteção ao nosso corpo. Por exemplo, a vulva possui os pelos e a vagina conta com a flora vaginal, ambos responsáveis por criar barreiras contra a invasão de microorganismos.
Caso estas áreas não recebam os devidos cuidados, poderão sofrer com irritação ou infecções. Por isso, neste artigo vou explicar melhor esses assuntos e te ensinar a realizar a higiene íntima de forma adequada.
A vagina é composta por uma mucosa muito delicada e é habitada (colonizada) por diversos microrganismos, que formam a flora vaginal.
A microbiota que compõe a flora vaginal é responsável por nos proteger contra o ataque de bactérias patogênicas, que podem causar infecções.
Além disso, a região da vagina apresenta um pH ácido, outro mecanismo importante para impedir que organismos que possam causar malefícios a nossa saúde invadam nosso corpo.
No geral, o equilíbrio da região vaginal é bastante sensível às mudanças e qualquer intervenção, seja ela necessária ou não, poderá desequilibrar as condições ali presentes.
Por exemplo, a vagina não é uma parte do corpo que demanda higienização, a vagina é auto limpante. Por mecanismos próprios, células descamadas, secreções glandulares, sangue e mesmo restos de esperma são expelidos para fora da vagina sem que a gente precise fazer nada.
Isso quer dizer não precisamos realizar duchas vaginais, ou usar desodorantes ou cremes hidratantes dentro da vagina, como forma de higiene. Na realidade, fazendo essas coisas podemos danificar o equilíbrio do local causando problemas, como irritações, corrimentos acentuados e infecções.
A vulva é a porção externa do aparelho reprodutor feminino, composta de uma pele muito fina e delicada em sua parte mais externa e mucosa recobrindo as partes mais sensíveis.
Além disso, possui os pelos pubianos, que têm a função de proteger a região do atrito com as roupas e durante as relações sexuais. Além disso, servem como proteção contra a invasão de microrganismos.
Apesar de ser uma região sensível, a vulva costuma sofrer diversas agressões quando fazemos a depilação íntima, usamos absorventes, calcinhas de tecidos inadequados ou roupa justa.
Essa é a nossa genitália externa e devemos seguir alguns cuidados de higiene para mantê-la saudável.
Como vimos, diversas são as especificidades da região íntima feminina e, por isso, a higiene adequada será essencial para garantir a saúde da mulher.
Então, vamos falar sobre diversos pontos importantes para tentar esclarecer todas as dúvidas que você possa ter.
Apesar de, como vimos, os pelos pubianos terem a função de proteção, muitas mulheres optam por removê-los. Seja por ter sensação de melhora de higiene ou auto imagem, seja por algum grau de imposição da sociedade e/ou parceria sexual.
A grande questão aqui é que mesmo a literatura médica já questiona o real efeito protetor dos pêlos, dadas as características de como vivemos hoje: vestidos! A nossa vulva é recoberta por calcinhas, por vezes protetores íntimos e, certamente, roupas. Não andamos mais nuas e expostas.
Certo que devemos cuidar do corpo da forma que nos agrade e nos faça se sentir bem, mas precisamos ter alguns cuidados.
Para as mulheres que gostam de pelos, o ideal será deixar uma quantidade que não dificulte a higiene do local, podendo apenas aparar com tesouras, a fim de facilitar o escoamento das secreções da vagina.
Já as mulheres que optam por se depilar, precisam ter cuidado com a técnica utilizada. Uso frequentes de lâminas muito rentes à pele pode deixar pequenas feridas, que passam a ser uma porta de entrada para diversos microrganismos, desencadeando possíveis infecções.
É importante trocar as lâminas com frequência, para que se mantenham sempre com uma boa capacidade de corte, para que não precisemos fazer muita força contra a pele.
Outra questão a respeito das lâminas é que não se deve usar lâminas enferrujadas ou mal armazenadas, bem como não devemos compartilhar estes instrumentos, pelo risco de transmissão de doenças.
Métodos de remoção mecânica dos pelos, como máquinas depilatórias ou ceras podem exercer tração excessiva na pele da vulva, que por ser mais sensível pode descamar ou mesmo, pelo trauma de tração constante, ficar mais flácida ao longo do tempo.
O uso de cremes depilatórios pode desencadear alergias, então é sempre bom fazer testes em áreas pequenas e menos sensíveis, antes de usar diretamente na genitália.
As técnicas de depilação à laser ou eletrólise são mais modernas, ajudam a reduzir progressivamente o crescimento do pelo e costumam ser boas aliadas de quem não quer mesmo ter mais pelos. Podem ser necessárias várias sessões até que se tenha o resultado desejado.
Não devem ser usadas na gestação, pelo risco de desencadear hiperpigmentação permanente da pele. Os pelos mais claros e finos não respondem bem a esses métodos.
Independente do método escolhido, pode haver pequenas inflamações dos folículos pilosos (foliculite) após depilação, que são vistas como pequenos pontinhos avermelhados na base do pelo, às vezes acompanhados por minúsculas vesículas com pus. A depender do caso, pode ser necessário tratamento e geralmente, adaptação da técnica de depilação escolhida.
Então, o ideal é encontrar um meio termo, espaçar as depilações, ter cuidado nas regiões mais sensíveis e escolher um método menos agressivo para sua pele.
Como dissemos anteriormente, a vagina possui um ecossistema próprio e apresenta pH mais ácido. Já sabemos que o correto é fazer a higiene íntima somente na vulva, mas é importante saber que a vulva e a vagina são regiões intimamente relacionadas e a limpeza externa pode influenciar o ambiente interno.
De modo geral, podemos usar o mesmo sabonete que usamos no resto do corpo, mas o uso de produtos desenvolvidos para a região genital pode ser mais apropriado em algumas situações.
Podem ser usados diariamente, durante o banho, e, novamente, apenas na genitália externa.
Em algumas situações pode ser indicado o uso de sabonetes específicos, industrializados ou manipulados à base de substâncias antiinflamatórias, para ajudar no tratamento de afecções vulvares.
Além disso, não indicamos o uso de sabonetes muito coloridos ou perfumados, pois eles possuem muitas substâncias químicas que podem causar irritações e alergias na vulva, além de alterar a flora vaginal.
Algumas mulheres acreditam que é necessário lavar a vagina (região interna do aparelho reprodutor). Como dissemos anteriormente, esta higiene não é necessária e, na realidade, pode trazer malefícios para a saúde.
Assim, devemos evitar as duchas vaginais, pois elas podem afetar a flora vaginal e o pH da vagina, tornando-a mais propensa às infecções.
Se a mulher apresentar alguma infecção ou situação que demande o uso da ducha vaginal, a médica irá recomendá-la, geralmente com uso de substâncias específicas, mas somente nestes casos.
Os desodorantes vaginais são substâncias que têm o objetivo de alterar o odor da região genital, pois algumas mulheres se incomodam com o cheiro de sua genitália.
É comum que a área íntima tenha um odor sutil, proveniente da secreção vaginal e do suor e tudo bem!
Vagina tem cheiro de vagina… não dá pra esperar que a vagina tenha cheiro de rosas ou hortelã!!
Assim, não indicamos o uso dos desodorantes vaginais, pois eles podem gerar alergias e irritações na vulva, além de desequilibrar o pH e a flora vaginal, possibilitando o desenvolvimento de infecções e uma consequente piora do odor da região.
Os hidratantes vaginais têm a função de combater o ressecamento vaginal que ocorre devido a uma redução do estrogênio e pode causar dor, coceiras, ardor e infecções.
Mulheres em todas as idades podem sofrer o ressecamento vaginal, apesar dele ser mais comum naquelas que estejam na menopausa.
O uso de hidratantes vaginais pode ser muito útil quando há a necessidade e, portanto, devemos usá-los quando a ginecologista indicar, e não habitualmente como fazemos com o resto da pele do corpo.
Tanto o excesso quanto a falta de limpeza da região íntima podem trazer malefícios. Além disso, como vimos, devemos levar alguns pontos importantes em consideração na hora de higienizar esta área.
Alguns dos problemas que podem surgir caso a mulher não faça a higiene íntima de forma correta são:
Então, recomendo que você preste atenção nos seus cuidados íntimos e reveja algumas atitudes que podem gerar malefícios para sua saúde.
Caso tenha dúvidas sobre este assunto, consulte uma Ginecologista que poderá esclarecer todos o pontos e te ajudar a fazer a higiene íntima de forma segura.
O post Higiene íntima: saiba como realizá-la apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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