Os miomas, também conhecidos como leiomioma ou fibroma, são tumores benignos formados por tecido muscular e fibroso. Quando uma Ginecologista fala em miomas, estamos nos referindo a miomas uterinos – quando estas lesões se desenvolvem no útero.
Os miomas são mais frequentes em mulheres em idade fértil e, em cerca de 75% dos casos , são assintomáticos. Normalmente, são diagnosticados entre os 30 e 40 anos, encontrados ao acaso em exames de rotina.
Em outros casos são o achado diagnóstico em investigações para sangramento menstrual anormal ou mesmo infertilidade.
Podemos dizer que os sintomas dos miomas estarão relacionados diretamente ao tamanho, à quantidade e à localização.
Quais os sintomas que os miomas causam
Nem todos os miomas causarão algum efeito no organismo. Todavia, em cerca de 30% das mulheres os sintomas poderão aparecer, sendo que os mais comuns serão:
- Dor pélvica;
- Aumento do fluxo menstrual ou ocorrência da menstruação prolongada;
- Sangramento fora do período menstrual;
- Anemia graças a perda de sangue na menstruação;
- Compressão da bexiga e intestino, o que causa vontade urgente e frequente de urinar ou dificuldade de evacuar;
- Prisão de ventre;
- Infertilidade;
- Abortamentos;
- Aumento do volume do abdome, relacionado a miomas múltiplos ou volumosos.
Dessa maneira, caso a mulher sinta qualquer incômodo ou perceba algo diferente, será importante procurar um médico para avaliar sua saúde.
Como é feito o diagnóstico dos miomas
Dado que a maior parte dos miomas não causa sintomas, a maior chance é que sejam identificados em exames de rotina, ou que foram solicitados por outros motivos.
Em outros casos o diagnóstico será suspeitado através da história clínica da paciente ou durante o exame físico, pelo toque vaginal. Por exames de imagem, como a ultrassonografia ou ressonância magnética da pelve, teremos uma imagem detalhada do útero e dos nódulos.
Atualmente, a ultrassonografia transvaginal é uma técnica que auxilia muito na identificação de miomas e sua localização.
Em alguns casos, o médico poderá solicitar que a paciente realize uma histeroscopia. Neste procedimento, uma cânula com uma câmera na ponta é introduzida na cavidade uterina para visualização do revestimento interno do útero.
Assim, a partir de um diagnóstico mais assertivo a escolha do tratamento adequado ficará mais facilitada.
Como tratar os miomas uterinos
Miomas assintomáticos não necessitarão de tratamento, somente acompanhamento regular.
Já nos casos de miomas sintomáticos, o tratamento deverá levar em conta diversos fatores, como a idade da mulher, a proximidade da menopausa e se há ou não desejo de gestação. Além disso, também faz diferença o tipo de sintomas, a quantidade e localização dos miomas.
Após devida avaliação, o objetivo principal do tratamento será o alívio sintomático e poderá seguir dois caminhos: o tratamento clínico na maioria das vezes ou tratamento cirúrgico.
Tratamento clínico
O tratamento medicamentoso objetiva reduzir a dor e o sangramento. Os remédios não fazem os miomas desaparecerem.
Dentre as opções encontram-se contraceptivos hormonais, progesteronas isoladas – incluindo o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel, analgésicos, antiinflamatórios e anti fibrinolíticos (medicamentos que ajudam a controlar o sangramento).
Uma outra alternativa envolve o uso de medicamentos que bloqueiam a produção de estrógeno. É especialmente recomendado em casos que irão precisar de cirurgia e estão com anemia ou em mulheres que já estão perto da menopausa e querem evitar uma cirurgia.
Estas limitações se devem ao fato de que tais remédios induzem um estado semelhante à menopausa, trazendo efeitos colaterais bastante desagradáveis. Além de influir negativamente na massa óssea, causando risco de osteoporose quando usados por mais de seis meses.
Além do uso de medicamentos, também podem ser realizados procedimentos intervencionistas, como a Embolização ou o Ultrassom focado de alta intensidade. Eles podem reduzir o tamanho dos miomas, mas não eliminá-los.
Embolização
Este procedimento consiste em uma técnica minimamente invasiva que visa bloquear o suprimento de sangue aos miomas provocando sua morte e redução de tamanho.
É realizado pela inserção de um pequeno cateter em uma artéria da virilha para a injeção de microesferas nas artérias uterinas de modo a interromper o fluxo de sangue que alimenta o mioma.
Assim, o tratamento será feito com a paciente consciente e após uma a duas semanas a mulher poderá voltar à sua atividade normal.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico do mioma será indicado sempre que o tratamento conservador não for suficiente para controlar os sintomas. A técnica cirúrgica utilizada irá depender de diversos fatores, por exemplo se a mulher pretende engravidar.
Os principais tratamentos cirúrgicos são:
Miomectomia
A Miomectomia consiste na retirada dos miomas, sendo a cirurgia indicada quando a paciente tem interesse de preservar o útero.
Poderá ser feita por via vaginal (histeroscopia), laparoscopia ou por uma incisão maior no abdome (laparotomia).
O tipo de cirurgia varia conforme a quantidade, tamanho e localização dos miomas.
É importante frisar que, mesmo quando executada com sucesso, há a probabilidade de cerca de 15% da recorrência dos miomas.
Também dependendo do tamanho e quantidade de miomas há um risco razoável de uma miomectomia evoluir para histerectomia. É importante estar ciente disso. Outro risco associado ao procedimento é o sangramento, podendo necessitar de transfusão de sangue.
Histerectomia
A Histerectomia é a cirurgia que implica na retirada do útero, sendo considerada tratamento definitivo para os miomas.
Assim como a miomectomia, a histerectomia também poderá ocorrer por via vaginal, laparoscópica, ou pela laparotomia (incisão abdominal).
A cirurgia feita pela incisão abdominal apresenta maiores riscos e é evitada, sendo realizada somente em casos de miomas muito volumosos.
Já as cirurgias feitas por laparoscopia ou por via vaginal apresentam riscos bastante inferiores, menor tempo de internação e recuperação mais rápida.
Em resumo….
Os miomas são tumores benignos que acometem o útero, principalmente em mulheres em idade fértil.
Apesar da existência de diversos estudos a respeito, atualmente não existem tratamentos conservadores ou medicamentos definitivos.
Caberá ao médico ginecologista avaliar as particularidades de cada caso e sugerir as opções disponíveis.
Assim, juntos, o médico e a paciente poderão optar pelo tratamento mais adequado, garantindo a saúde e manutenção da qualidade de vida da mulher.
O post Descobri que tenho miomas, e agora? apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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