Constipação Intestinal: o que fazer com o intestino preso?

admin • fev. 15, 2021
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A constipação intestinal é uma condição que costuma causar mal-estar e acomete, principalmente, as mulheres e idosos.

Também conhecida como intestino preso ou prisão de ventre, dizemos que uma paciente tem, de fato, a constipação intestinal quando ela só consegue ir ao banheiro três vezes por semana ou menos.

Outra característica comum da constipação intestinal é a dificuldade em evacuar, pois as fezes encontram-se muito ressecadas e o ato torna-se dolorido.

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A constipação intestinal causa uma série de desconfortos, por exemplo, a distensão e inchaço abdominal, gases e mal-estar.

Além disso, o oposto também merece atenção, já que ir demais ao banheiro pode indicar que algo não vai bem com seu intestino.

No geral, podemos considerar um hábito intestinal saudável uma pessoa que vai ao banheiro numa média de 4 a 12 vezes por semana e que não sente dores ou incômodos neste momento.

Estar atenta ao funcionamento do seu intestino é importante, pois ele pode dizer muito sobre sua saúde e sobre a qualidade da sua alimentação. 

Quais as principais causas da constipação intestinal?

Na grande parte dos casos, a constipação intestinal ocorre devido a hábitos inapropriados, por exemplo:

  • Sedentarismo;
  • Baixo consumo de água;
  • Dieta pobre em fibras;
  • Consumo elevado de proteína animal;
  • Alto consumo de alimentos industrializados altamente processados.

Além disso, a constipação pode ocorrer devido a doenças do intestino, como a diverticulite, alterações na motilidade intestinal ou até mesmo câncer.

Pode ser um sintoma de doenças não intestinais, tais como:

  • Diabetes;
  • Doença de Chagas;
  • Esclerose múltipla;
  • Hipotireoidismo;
  • Anorexia nervosa e outros;  

Outra causa comum para a constipação intestinal é o uso de medicamentos. Entre eles, podemos citar:

  • Antiespasmódicos (medicações para cólicas, como a escopolamina, presente no Buscopan);
  • Alguns antidepressivos ou antipsicóticos;
  • Anti histamínicos (medicações geralmente usados para alergias);
  • Suplementos vitamínicos contendo ferro ou alumínio;
  • Analgésicos do grupo opióide (exemplos: tramadol ou morfina);
  • Alguns anti hipertensivos.

A gestação também costuma estar associada ao surgimento de constipação, devido à ação da progesterona no trânsito intestinal, que fica mais lento.

Como fazemos o diagnóstico?

O diagnóstico da constipação sintoma é clínico, pela presença dos seguintes achados em pelo menos 25% das evacuações nos últimos 3 meses:

  • Esforço para evacuar;
  • Fezes endurecidas ou em “pelotas”
  • Sensação de evacuação incompleta
  • Necessidade de realizar manobras para auxiliar a defecação;
  • Menos de três evacuações espontâneas por semana;
  • Necessidade frequente de laxantes para conseguir ir ao banheiro;
  • Ausência de critérios para síndrome do intestino irritável.

É importante salientar que a constipação intestinal é um sintoma e não a causa do problema e, assim, investigar os motivos desta condição é essencial.

Quando a paciente chega no consultório com esta queixa, o primeiro passo é  fazer uma análise clínica para compreender seus hábitos, como é sua alimentação, estilo de vida, se pratica atividades físicas e a quantidade de água que consome por dia.

Muitas vezes, nesta etapa já conseguimos identificar uma série de pontos que podem estar causando o problema e a maioria das mulheres não vai precisar de nenhum exame.

Se houver sinais de alarme para suspeitar de outras causas para a constipação, podem ser necessários exames complementares para definir a causa da constipação. Dentre os sinais de alerta, podemos citar: 

  • Presença de sangue nas fezes;
  • Perda de peso acentuada em curto intervalo de tempo;
  • Histórico familiar de câncer intestinal;
  • Doença inflamatória intestinal, como doença de Crohn ou retocolite ulcerativa.

Quando necessário, podemos solicitar exames como hemograma, pesquisa de sangue oculto nas fezes, além de exames de imagem, como colonoscopia, radiografias com contraste,  tempo de trânsito das fezes ou estudos de motilidade intestinal.

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Com isso, buscamos compreender as causas do distúrbio para poder iniciar um tratamento adequado.

Mudanças esperadas no funcionamento do intestino ao longo do ciclo menstrual

É bastante comum as pacientes se queixarem das alterações causadas no funcionamento do intestino ao longo do ciclo menstrual.

Realmente, as diferentes etapas do ciclo menstrual geram uma alteração significativa de hormônios no nosso corpo, que influenciam o funcionamento intestinal.

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Durante o período da Tensão Pré Menstrual (TPM), temos uma elevada taxa de progesterona no organismo, hormônio responsável por diminuir os movimentos intestinais.

Como consequência, nesta fase nosso intestino fica mais preguiçoso, o que diminui as idas ao banheiro e proporciona uma sensação de inchaço.

Todavia, quando chega o período menstrual, a quantidade de progesterona reduz bastante, possibilitando nosso intestino de se movimentar normalmente.

Além disso, nesta fase o organismo libera a prostaglandina, uma substância que atua para que o útero elimine o endométrio e influencia também os movimentos intestinais.

Assim, é comum que, durante a menstruação, a mulher vá com mais frequência ao banheiro ou até chegue a ter um pouco de diarreia.

Após a menstruação, o funcionamento do intestino e as idas ao banheiro devem voltar ao normal.

Algumas mulheres possuem dor ao evacuar ou tenesmo (vontade de evacuar sem a presença de fezes no reto) de modo cíclico, isso pode ser um sintoma de endometriose.

Constipação intestinal durante a gestação

Durante a gravidez, é normal que todo o sistema intestinal funcione de forma mais lenta.

Isso ocorre porque, neste período, o nível de progesterona no organismo é maior e, como dissemos, este hormônio afeta os movimentos peristálticos do intestino.

Além disso, o crescimento do feto gera uma maior pressão em todos os órgãos, inclusive no intestino, que encontra dificuldades para funcionar.

Este é mais um dos motivos que fazem com que seja necessário a mulher iniciar hábitos saudáveis desde antes da gestação, fazer o aconselhamento pré concepcional e neste período, já estabelecer modificações necessárias de modo a ajudar o bom funcionamento do organismo.

Como tratar a constipação intestinal

Uma das formas mais eficazes de tratar a constipação intestinal é através de alterações no estilo de vida , adaptando a alimentação, ajustando o consumo de água e implementando a prática de atividades físicas regulares.

Esta é a primeira linha de tratamento, para praticamente todas as causas de prisão de ventre.

O treinamento intestinal é uma das coisas que podemos fazer, independente de aconselhamento médico. Consiste em ir ao banheiro e tentar evacuar após as principais refeições, pois a alimentação estimula o trânsito intestinal.

Este estímulo é ainda maior pela manhã, motivo pelo qual deve-se tentar ir ao banheiro após o café. O consumo de cafeína também é estimulante.

O uso de suporte para os pés junto ao assento sanitário, promovendo uma maior flexão das coxas sobre o abdome melhora o ângulo do intestino, facilitando a descida das fezes.

No que se refere à alimentação , sabemos que o consumo de fibras é essencial para o bom funcionamento do intestino. Recomenda-se a ingestão de 25 a 40 g de fibras por dia para regular o funcionamento intestinal.

Além disso, o consumo de fibras ajuda a combater o colesterol alto, a obesidade e reduz o risco de desenvolver câncer de intestino. Podemos encontrar as fibras em legumes, verduras, frutas e cereais.

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Fontes de fibras nos alimentos: 

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Todavia, caso este consumo não seja aliado a uma ingestão adequada de água (cerca de 2 litros por dia) ele pode, inclusive, piorar a constipação intestinal, pois fibras em excesso podem levar à formação de gases e distensão abdominal. 

água é essencial para controlar a consistência do bolo fecal e ajudar a eliminação das fezes.

A prática regular de exercício físico também ajuda a evitar a constipação, pois estimula as movimentações intestinais. Além disso, fazer exercícios regularmente traz inúmeros benefícios para a saúde e ajuda a prevenir doenças como inflamações e câncer de intestino.

E quando mudar o estilo de vida não resolve?

Quando as medidas iniciais falham, pode ser indicado o uso de fibras em formas de suplementos.

Em casos mais específicos, podemos indicar o uso de medicamentos, como supositórios ou laxantes. Porém, é importante não se automedicar nestes casos, já que o uso destes medicamentos pode trazer efeitos colaterais e deve ser acompanhado pelo médico responsável.

Em casos refratários, podem ser necessários exercícios de biofeedback, ir ao pronto socorro para remover fezes impactadas no reto ou até mesmo cirurgia.

Se você sofre com este problema, não deixe de conversar com sua Ginecologista sobre isso. Juntas vocês podem definir uma linha para fazer um diagnóstico preciso e tratar este incômodo.

Além disso, caso você perceba mudanças bruscas nos hábitos intestinais ou note as fezes com sangue, procure ajuda o quanto antes!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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