Certo que essa taxa de queda da fertilidade não é igual para todas as mulheres, mas quando a reserva se esgota, a mulher se torna incapaz de se reproduzir com os próprios óvulos.
Atualmente, existem alguns exames que nos permitem estimar a reserva ovariana e dar uma noção de como está a situação. Temos também um texto sobre isso e você poderá ler mais clicando aqui.
Além disso, devemos lembrar que, com o passar do tempo, não só a quantidade, mas a qualidade dos óvulos também diminui. Com isso, aumentam as chances do desenvolvimento de uma criança com alterações genéticas que podem causar, por exemplo, a Síndrome de Down.
Diante destes fatos, temos cada vez mais estudos e tentativas de prolongar a fertilidade feminina e neste texto vamos falar um pouco mais sobre as principais técnicas.
Os avanços da medicina reprodutiva fizeram com que o procedimento de congelamento de óvulos fosse possível.
Atualmente, as técnicas de congelamento e fertilização possibilitam uma taxa de gravidez de até 30%.
Esta técnica é útil para mulheres que pretendem postergar a gestação e o ideal é que seja feita quando possuem idade máxima entre 32 a 35 anos.
Isso porque, quanto mais jovem o óvulo, menores os riscos da ocorrência de doenças cromossômicas fetais, bem como menos óvulos congelados são necessários para ter uma boa chance de ter um filho com eles.
Assim, a lógica é que, mesmo que a mulher opte por engravidar aos 45 anos, por exemplo, do ponto de vista genético o que vale é a idade do óvulo quando ele foi congelado.
Para realizar este procedimento, a paciente deve fazer um tratamento hormonal a partir do segundo dia da menstruação de modo a estimular a ovulação de mais de um óvulo no ciclo.
O médico fará o acompanhamento a partir de exames de sangue e/ou ultrassonografias e, em até 36 horas após a última aplicação hormonal, fará a coleta de óvulos com a ajuda de uma agulha e um aparelho de ultrassom.
Então, depois de coletados, os óvulos passam por tratamentos para finalizar a maturação e, após este período, os óvulos maduros são congelados.
Ainda não sabemos ao certo o tempo limite de congelamento, mas acredita-se que poderemos mantê-los congelados por pelo menos 10 a 12 anos.
No futuro, quando a mulher decidir engravidar, eles serão descongelados, fertilizados em laboratório e os embriões serão implantados no útero.
É importante destacar que no processo de congelamento e descongelamento podem ser perdidos alguns óvulos, bem como pode acontecer de nem todos os óvulos fertilizados gerarem um embrião. Além disso, depois de formado o embrião é preciso que a implantação seja bem sucedida para que uma gravidez aconteça.
Por isso precisamos de vários óvulos congelados para ter uma chance razoável de ter pelo menos um filho. Esta é a técnica mais difundida e facilmente realizável em qualquer clínica de reprodução assistida.
Um estudo publicado em 2016 respondeu essa pergunta (http://dx.doi.org/10.1016/j.fertnstert.2015.10.026).
E a resposta é: depende da sua idade ao congelamento e de qual percentual de chance de ter um filho você pretende ter.
Ao congelar óvulos entre 30-34 anos, uma mulher precisa ter 18 óvulos congelados para ter 80% de chance de ter um filho proveniente destes óvulos. Para ter 2 filhos, com congelamento realizado nesta faixa de idade, foi preciso 30 óvulos para uma chance de pouco mais de 70%.
Se o congelamento for feito entre 35-37 anos, o número aumenta para 21 óvulos, para ter a mesma probabilidade de ter um filho, e com 30 óvulos a probabilidade máxima de ter 2 filhos foi em torno de 65%.
Quando o congelamento foi feito entre 38-40 anos, com 30 óvulos congelados a probabilidade máxima de ter um filho vivo foi de 75%, e apenas 40% para ter 2 filhos com a mesma quantidade de óvulos.
(Fonte: http://dx.doi.org/10.1016/j.fertnstert.2015.10.026)
O congelamento de tecido ovariano é uma alternativa para prolongar a fertilidade feminina, principalmente para pacientes com câncer que precisam se submeter à quimioterapia e não têm tempo para o processo de congelamento dos óvulos.
Além disso, é útil também para pacientes que não podem se submeter à indução da ovulação com hormônios.
Para realizar este procedimento, é preciso retirar todo ou parte de um ovário através da laparoscopia. Então, este tecido é cortado em tiras e devidamente congelado.
Quando houver a necessidade, podemos descongelar este tecido de ovário e re-implantá-lo perto das trompas ou em outras partes do corpo, por exemplo, sob a pele do braço ou abdômen.
Assim, o tecido volta a funcionar e podemos coletar os óvulos e fertilizá-los em laboratório.
É importante lembrar que o uso desta técnica é mais restrito e não amplamente disponível.
A doação de gameta feminino, ou seja, do óvulo, é uma prática cada vez mais difundida.
Geralmente é indicada em mulheres com insuficiência ovariana prematura ou em mulheres depois dos 40 anos, que já tiveram falhas de tentativas de gestação com óvulos próprios.
No Brasil, a lei permite o total anonimato da mulher doadora do óvulo ou de um casal doador de embriões.
Assim, a mulher poderá solicitar ao banco de óvulos gametas de doadoras que tenham características semelhantes às suas. A fertilização in vitro é feita com sêmen que pode ser do parceiro ou também de um doador, então o embrião é implantado na mulher.
Esta técnica permite que a mulher engravide e tenha um filho, mas o material genético do bebê não será igual ao dela.
No Brasil existem regulamentações e legislação específica para o uso de técnicas de reprodução assistida, e você pode ter mais conhecimento sobre elas buscando na internet ou conversando com seu médico na clínica de reprodução.
Apesar dos tratamentos disponíveis, nem sempre esse plano B vai ser capaz de gerar um filho. Infelizmente a ciência ainda não progrediu a ponto de permitir a nós mulheres, postergar a maternidade de modo indefinido.
Além das taxas de sucesso dos tratamentos não serem de 100%, quanto mais postergamos a gestação, mesmo com óvulos nossos congelados jovens, quanto maior a nossa idade à época da gravidez, maior o risco de complicações associadas à gestação. Maior também a chance de adquirirmos doenças, como hipertensão, diabetes ou lupus que podem aumentar o risco da gestação.
É cruel, eu diria, ter que tomar decisões tão importantes quando somos tão jovens ou estamos focadas em outras áreas da nossa vida, mas essa conversa sobre reprodução e planos de fertilidade alternativos precisa estar no seu radar, pelo menos ao redor dos 30 anos, caso você ainda não tenha filhos e pretenda tê-los.
A escolha da melhor opção vai depender de uma série de fatores e será essencial contar com o auxílio de um profissional especializado.
Então, caso esteja passando por um momento de dúvidas ou dificuldades em relação à gravidez, não deixe de procurar uma médica especialista para te auxiliar!
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
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