Ovário multifolicular: entenda esta condição

5 de dezembro de 2024
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O ovário multifolicular é uma condição que, apesar de pouco conhecida, pode ser identificada em mulheres em idade reprodutiva durante exames de rotina.

Muitas vezes, essa condição é temporária e pode ocorrer devido a alterações hormonais normais.


Isso inclui a suspensão do uso de anticoncepcionais ou períodos de transição na vida reprodutiva.


Entretanto, entender o que são os ovários multifoliculares, suas causas e como diferenciá-los de outras disfunções ovarianas é importante para garantir uma abordagem adequada e evitar confusões com quadros mais complexos.



O que é um folículo ovariano?


Inicialmente, precisamos entender o que são os folículos dos ovários.


O folículo ovariano é uma estrutura encontrada nos ovários que desempenha um papel fundamental no ciclo reprodutivo feminino. 


Ele é composto por uma célula reprodutiva imatura (oócito) rodeada por camadas de células que fornecem suporte e hormônios necessários para o seu desenvolvimento e transformação no óvulo.


Funcionamento do folículo ovariano:


Fase inicial 


Cada mulher nasce com uma quantidade fixa de folículos em seus ovários, cerca de um a dois milhões, que diminuem ao longo da vida.


Ao chegar à puberdade, temos cerca de 300 a 400 mil apenas, e os folículos começam a amadurecer a cada ciclo menstrual, mas a maioria não chega à ovulação e acabam se degenerando em um processo chamado atresia.


Fase folicular 


No início do ciclo menstrual, vários folículos começam a se desenvolver sob o estímulo do hormônio folículo-estimulante (FSH), produzido pela glândula pituitária, a hipófise. 


Um desses folículos responde melhor ao FSH, conhecido como folículo dominante, e continua a crescer enquanto os outros regridem.


Ovulação


No meio de um ciclo menstrual, o aumento do hormônio luteinizante (LH) provoca a liberação do oócito maduro do folículo dominante.


Esse processo é conhecido como ovulação, que ocorre por volta do 14º dia de um ciclo de 28 dias.


Corpo lúteo 


Após a ovulação, o folículo que abrigava o oócito se transforma no corpo lúteo, uma estrutura temporária que secreta progesterona para preparar o útero para uma possível gravidez.


Se a fertilização não ocorre, o corpo lúteo degenera, levando à queda dos níveis de progesterona e ao início de um novo ciclo menstrual. 


Se a fertilização ocorrer, o corpo lúteo permanece ativo, sustentando a produção de progesterona até que a placenta assuma essa função.


Os folículos são, portanto, essenciais para o desenvolvimento dos óvulos e para a regulação do ciclo menstrual e da fertilidade feminina.


O que é o ovário multifolicular?


O ovário multifolicular é uma condição em que os ovários apresentam vários folículos em desenvolvimento, geralmente observados durante uma ultrassonografia.


Esse crescimento no número de folículos é resultado de mudanças hormonais que impedem os folículos formados de atingirem sua fase madura, fazendo com que se acumulem nos ovários, sem que haja a liberação do óvulo ou a ovulação.


Entre as principais causas dessa condição, podemos destacar:


Alterações hormonais temporárias 


Algumas variações hormonais, como durante a puberdade ou o uso de certos medicamentos, podem estimular o desenvolvimento de múltiplos folículos sem que ocorra a ovulação normal.


Isso é muito frequente, por exemplo, na puberdade. É um achado completamente normal e não necessariamente se correlaciona com a síndrome dos ovários policísticos.


Interrupção do uso de anticoncepcional 



Após a interrupção do uso de contraceptivos hormonais, é comum que os ovários apresentem esse aspecto multifolicular durante um período de transição.


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Ciclos anovulatórios 


Em alguns casos, a ausência de ovulação (ciclo anovulatório) pode levar ao acúmulo de folículos em desenvolvimento, resultando na aparência multifolicular.


Fatores genéticos e hereditários 


Em algumas mulheres, essa condição pode estar relacionada a fatores genéticos.


Estímulo ovariano 


Em mulheres que passam por tratamentos de fertilidade, o estímulo dos ovários para a produção de múltiplos folículos pode resultar na aparência multifolicular.


Quais são os sintomas dessa condição?


Os ovários multifoliculares geralmente não apresentam sintomas específicos e, muitas vezes, são descobertos durante exames de imagem, como a ultrassonografia, realizados por outros motivos.


Porém, algumas mulheres podem apresentar sinais sutis relacionados a essa condição, que incluem:



  • Menstruação irregular: algumas mulheres podem ter alterações no ciclo menstrual, como atrasos ou períodos menos frequentes;
  • Dificuldade para engravidar: em alguns casos, a ausência de ovulação regular pode dificultar a concepção, já que os óvulos não são liberados adequadamente;
  • Leve desconforto pélvico: embora raro, algumas mulheres podem relatar um leve desconforto ou sensação de pressão na região pélvica.


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Qual a diferença entre ovário multifolicular e ovário policístico?


Os ovários multifoliculares apresentam múltiplos folículos em desenvolvimento, mas sem cistos formados.


Como vimos, muitas vezes os folículos não atingem a maturidade, o que pode resultar em ciclos menstruais irregulares.


Entretanto, essa condição não está associada a um desequilíbrio hormonal significativo ou a outras complicações sistêmicas.


Geralmente, os ovários multifoliculares são observados em exames de imagem e podem ser transitórios, especialmente em mulheres jovens ou após o uso de anticoncepcionais.


Já a síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição mais complexa que envolve o desenvolvimento de cistos, além de alterações hormonais consideráveis.


Dessa forma, mulheres com SOP frequentemente apresentam sintomas como acne, crescimento excessivo de pelos e problemas de fertilidade.


Assim, enquanto os ovários multifoliculares não apresentam os mesmos sintomas hormonais e são, em grande parte, uma condição benigna, a SOP envolve alterações sistêmicas que podem ter implicações a longo prazo na saúde da mulher.


No nosso blog, temos um artigo completo sobre a síndrome de ovário policístico, acesse e saiba mais!



Como realizamos o diagnóstico do ovário multifolicurar?


Realizamos o diagnóstico dos ovários multifoliculares geralmente por meio de uma ultrassonografia transvaginal, um exame de imagem que permite visualizar os folículos presentes nos ovários.


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Durante o exame, podemos observar a presença de múltiplos folículos pequenos que não atingiram a maturidade necessária para a ovulação, sem, no entanto, formar os cistos característicos da síndrome dos ovários policísticos (SOP).


Além da ultrassonografia, avaliamos o histórico clínico da paciente, levando em consideração possíveis irregularidades menstruais, embora, como vimos, muitas mulheres com ovários multifoliculares não apresentem sintomas.


Além disso, em alguns casos, podemos solicitar exames hormonais para descartar condições como a SOP.


Essa condição tem cura? Quais são as opções de tratamento?


Os ovários multifoliculares não são uma condição que exige tratamento específico, pois, em muitos casos, eles são transitórios e podem resolver-se espontaneamente.


Portanto, não se trata de uma condição que requer "cura" no sentido tradicional, mas de uma situação que pode se normalizar naturalmente, sem complicações.


Entretanto, se a paciente apresentar sintomas como, irregularidades menstruais ou dificuldade para engravidar, podemos considerar algumas intervenções.


Em muitos casos, podemos optar por apenas monitorar a condição com ultrassonografias periódicas, especialmente se a paciente não tiver incômodos.


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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