Óleo de coco na região íntima: o que você precisa saber

30 de maio de 2022
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Será que realmente posso usar o óleo de coco na região íntima? Esta é uma dúvida cada vez mais frequente no consultório e neste texto falamos sobre o assunto!


O óleo de coco tem ganhado cada vez mais a atenção das mulheres. Seja seu uso na alimentação ou como hidratante para a pele e o cabelo, atualmente, ele é um dos queridinhos das pacientes.


Com certeza você já deve ter ouvido falar, inclusive, sobre os benefícios de seu uso na região íntima.


Mas então surge a dúvida: será que realmente posso utilizar o óleo de coco na vulva e na vagina?


E a resposta é: depende! O óleo de coco parece trazer uma série de benefícios para nossa saúde íntima, mas ainda não existem estudos científicos suficientes para comprová-los.


Quais os supostos benefícios do óleo de coco na região íntima?


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O óleo de coco é uma substância natural que tem propriedades hidratantes e microbianas.


Além disso, ao contrário da maioria dos produtos tradicionais para região íntima, ele não possui aditivos e outras substâncias químicas que podem vir a ocasionar irritações locais. 


Mas tenha cuidado com a fonte! A presença de produtos aditivos químicos ao óleo de coco para aumentar a durabilidade, redução de contaminação bacteriana ou mesmo corantes ou odorizantes pode ser causa de alergias e efeitos adversos.


Assim, diversos podem ser os benefícios do seu uso:


Hidratação da vulva e da vagina 


Sabemos que não podemos usar os hidratantes corporais na vulva e na vagina e o óleo de coco surge como uma excelente opção para nutrir e hidratar a pele desta região.


Isso porque, além de ser natural, tem um pH próximo àquele da região íntima e, assim, teoricamente não causa desequilíbrios na flora vaginal. Estudos brasileiros na região nordeste avaliaram as propriedades físico-químicas de amostras de óleo de coco facilmente disponíveis e os valores variaram entre 3,3 e 4,4. 


Dessa forma, pode ser muito útil para mulheres que sofrem com ressecamento vaginal, seja devido à menopausa ou em consequência ao uso de determinados remédios.


E, apesar de haver uma plausibilidade biológica de efeito, não encontrei nenhum estudo que demonstre o efeito do óleo de coco sobre o nível de hidratação ou mesmo melhora clínica em mulheres com estas queixas.


Lembrando que mulheres assintomáticas, ou seja, sem nenhuma queixa, não se beneficiam do uso de hidratantes genitais, mesmo os naturais.


Proteção da vagina contra microrganismos patogênicos


O óleo de coco possui ácidos graxos em sua composição, o que lhe confere ação microbiana e dificulta a instalação de fungos e bactérias patogênicas na região vulvovaginal.


Há trabalhos que avaliam o uso de óleo de coco como adjuvante em cápsulas de medicamentos antifúngicos e em culturas de células, com resultados interessantes, havendo uma tendência de efeito benéfico contra fungos. Não há estudos em pessoas avaliando estes efeitos.


Dito isso, considero prematuro afirmar que devemos indicar o uso de óleo de coco com o objetivo de prevenir ou tratar infecções vaginais, como por exemplo, a candidíase. A ciência ainda não chegou a conclusões sobre este assunto.


Lubrificante nas relações sexuais 


Devido sua composição e textura, pode funcionar como lubrificante capaz de diminuir o atrito nas relações sexuais.


Como é livre de substâncias químicas, evita alergias e irritações que poderiam ocorrer com os lubrificantes artificiais. Aqui novamente sugiro que vocês chequem a fonte do óleo e os componentes descritos no rótulo.


Mais importante ainda, é preciso estar atenta, pois não podemos utilizá-lo com preservativos de látex, já que isso pode aumentar o risco de rompimento e falha da camisinha como método contraceptivo e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.


Lembre-se sempre que devemos usar estes preservativos somente com lubrificantes à base de água.


Como usar o óleo de coco?



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Podemos usar o óleo de coco diariamente passando-o entre os pequenos e grandes lábios e introduzindo uma pequena quantidade com os dedos na vagina.


Porém, é válido lembrar que a vagina é autolimpante, ou seja, não é necessário fazer a higienização e nem aplicar muitas substâncias no local, caso esteja tudo bem com sua saúde íntima.


Como lubrificante, basta colocar uma quantidade suficiente na entrada da vagina, antes de ter relações sexuais.


No entanto, antes de passar o óleo na região íntima, indicamos fazer um teste na pele para se certificar que você não possui nenhuma alergia. Afinal, mesmo em produtos naturais (vide cicuta e veneno de cobra) podemos encontrar substâncias que podem nos fazer mal.


Para isso, basta passar um pouco de óleo de coco na pele do antebraço e esperar cerca de 24 horas.


Caso você note coceira, vermelhidão, irritação ou inchaço do local, nem pense em passá-lo na região íntima!


Quais os cuidados devo ter?


Alguns cuidados serão essenciais ao utilizar o óleo de coco na região íntima.


Então, escolha um óleo de coco que seja 100% natural e extravirgem para aproveitar suas propriedades e evitar que contenham substâncias capazes de causar irritações na região.


Além disso, não se esqueça que o uso dessa substância com preservativos de látex é proibida, já que pode causar seu rompimento, diminuindo a eficácia do método contraceptivo, bem como da proteção contra infecções sexualmente transmissíveis.


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Não esqueça também de testar se você não é alérgica a esta substância antes de passá-la na vulva e na vagina.  


Por último e super importante: caso você tenha algum sintoma - coceira, ardência, irritação, corrimento, ressecamento, ou qualquer outro - não se automedique (mesmo que com produtos naturais)!


Antes de passar qualquer coisa na região genital, converse com sua Ginecologista.


Assim, vocês poderão tomar as melhores decisões para o seu caso específico, sempre pensando no que é melhor para seu bem-estar!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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