Menopausa precoce – fim da menstruação antes dos 40 anos

admin • 24 de junho de 2019
FALAR VIA WHATSAPP

A menopausa é o momento em que o período fértil de uma mulher termina. É marcada pelo fim dos ciclos menstruais, e dizemos que uma mulher entrou na menopausa quando ela está há 1 ano ou mais sem ter menstruações.

A média de idade da menopausa na mulher brasileira é 48 anos, mas pode pode haver irregularidade da menstruação e redução da função ovariana antes da menopausa propriamente dita.

Quando este processo acontece antes dos 40 anos idade falamos em menopausa precoce, ou de forma mais moderna, insuficiência ovariana prematura, dado que esta condição é caracterizada por um funcionamento anormal da função ovariana, mas não pela sua completa falência. Pode haver ciclos ovulatórios e produção hormonal irregular, e nem sempre a parada das menstruações acontece completamente e é justamente sobre isso que trarei mais detalhes abaixo.

Quando acontece a menopausa precoce?

Normalmente, como mulher, você estará na menopausa entre as idades de 40 e 60 anos. Mas cerca de uma em cada cem mulheres a menstruação para antes dos quarenta anos. Você pode ter uma insuficiência ovariana prematura se tiver os seguintes sintomas, antes dos 40 anos:

  • Ausência de menstruação por pelo menos três meses;
  • Sintomas climatéricos como calorão (fogachos), ressecamento vaginal, alterações de sono e de humor;
  • A concentração do hormônio FSH é muito alta. FSH significa hormônio folículo estimulante, que estimula o crescimento e maturação dos folículos ovarianos, e sua produção aumenta na tentativa de fazer os ovários voltarem a funcionar normalmente.

Consequências da insuficiência ovariana prematura

De modo geral, sem ovulação a gravidez é pouco provável – 50 a 75% das mulheres apresentam função ovariana intermitente. Em mulheres com esse quadro a chance de gestação espontânea é reduzida e apenas 5 a 10% consegue engravidar após o diagnóstico.

O hormônio estradiol produzido no ovário desempenha papel muito importante em vários órgãos no nosso corpo – ações na pele, trofismo dos órgãos genitais, libido, etc, e a sua falta precoce pode acarretar as seguintes complicações a longo prazo :

  • problemas no coração e circulação;
  • redução na massa óssea, osteoporose e fraturas;
  • alterações cognitivas.

Dadas as quantidades de alterações e implicações deste quadro, é esperado que a paciente apresente sintomas associados a depressão e ansiedade.

Quais as causas da menopausa precoce?

Na maioria dos casos não é possível identificar o motivo pelo qual a função ovariana é reduzida, dizemos então que é uma insuficiência ovariana idiopática. Quando uma causa é identificável, pode ser:

Por doença prévia

Por exemplo, por tratamento contra o câncer (quimioterapia ou radiação), remoção de um ou ambos os ovários, inflamação extensa no abdome ou endometriose, com remoção cirúrgica dos ovários.

Anormalidade cromossômica

Às vezes, uma anormalidade cromossômica é a causa, por exemplo, na síndrome de Turner e na síndrome do cromossomo X frágil. Nesses distúrbios, o fornecimento de óvulos ao nascimento já pode ser menor, se esgotando mais rapidamente. Outros achados clínicos estão associados.

Algumas outras alterações genéticas podem ser transmitidas entre gerações da mesma família – se um parente de primeiro grau teve insuficiência ovariana prematura você pode ter uma chance aumentada de também ter.

Autoimunidade

Algumas mulheres com insuficiência ovariana prematura apresentam uma concentração aumentada de anticorpos. Esses anticorpos podem ter como alvo o tecido ovariano. Isso também pode causar um distúrbio no funcionamento da glândula adrenal ou tireoide, devido a presença de autoanticorpos contra essas glândulas também.

Sintomas de insuficiência ovariana prematura

Uma mulher com insuficiência ovariana prematura pode apresentar os seguintes sintomas:

  • Padrão menstrual irregular ou parada das menstruações por mais de três meses;
  • Calor pelo corpo – especialmente acima da cintura, súbito;
  • Ter muito suor à noite;
  • Membranas mucosas mais secas (vagina, mas também olhos secos, por exemplo);
  • Dificuldade de concentração;
  • Problemas de sono;
  • Palpitações;
  • Mudanças de humor;
  • Dor ou desconforto às relações sexuais;
  • Queixas psicológicas, como um sentimento de tristeza ou ansiedade.

Como tratar

O tratamento de uma insuficiência ovariana prematura visa reduzir as queixas que afetam o bem-estar da mulher bem como reduzir o seu risco de vir a ter problemas no futuro.

Para aquelas que desejam ter filhos, avaliação e tratamento de reprodução assistida estão indicados. É importante um aconselhamento reprodutivo do casal, caso haja um parceiro(a).

E é muito importante avaliação psicológica, a fim de ajudar a paciente a processar e atravessar os processos que este diagnóstico podem causar, tais como sensação de perda, envelhecimento precoce, ansiedade e depressão.

Devido a chance de outras glândulas também serem acometidas, é essencial uma avaliação e seguimento conjunto com endocrinologista.

Alguns dos tratamentos possíveis são:

Mudanças de Estilo de vida

Um estilo de vida saudável – evitar tabagismo, manter alimentação saudável e exercício físico – é uma maneira de reduzir seus sintomas da síndrome climatérica e reduzir o risco de perda óssea (reduz a chance de ter osteoporose) e doença cardiovascular em uma idade posterior.

É importante que você coma alimentos ricos em cálcio e se exponha ao sol em horários recomendados a fim de manter vitamina D dentro da normalidade, minimizando o risco de osteoporose.

Hormônios

O uso de hormônios – estradiol – efetivamente suprime os sintomas da menopausa, reduz atrofia urogenital, reduz o risco cardiovascular e de osteoporose, melhora a vida sexual e a qualidade de vida de modo geral.

Pode ser utilizados na forma de pílulas ou de uso tópico e o ideal é simular o funcionamento ovariano normal.

O uso de progesterona também é recomendado, a fim de proteger o endométrio, diminuindo o risco de hiperplasia e câncer. Devem ser utilizados por todas a mulheres com insuficiência ovariana prematura, a não ser que exista uma contraindicação formal.

Atentar para o fato de que em reposição hormonal padrão as doses não garantem efeito anticoncepcional. Se a mulher não deseja engravidar, métodos contraceptivos adicionais devem ser utilizados.

O tratamento deve ser mantido até a idade esperada da menopausa – entre 48 e 50 anos. Quando você para de tomar os hormônios, os sintomas geralmente voltam, às vezes em menor grau.

Conclusão

Insuficiência ovariana prematura é uma doença relativamente frequente e que altera a vida da mulher de um modo permanente. Além dos sintomas agudos de deficiência estrogênica traz riscos de longo prazo que podem diminuir a expectativa e qualidade de vida.

Se você tem sintomas de insuficiência ovariana prematura, procure sua ginecologista para avaliação o quanto antes!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

Remoção das trompas uterinas - Salpingectomia: como é a cirurgia e sua recuperação?
20 de fevereiro de 2025
Quer saber quando a Salpingectomia é indicada e como será a recuperação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Por que escolher o DIU como método contraceptivo?
13 de fevereiro de 2025
Por que escolher o DIU como Método Contraceptivo? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Videolaparoscopia diagnóstica: entenda o procedimento
6 de fevereiro de 2025
Quer saber o que é para que serve a Videolaparoscopia Diagnóstica? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Ginecologista na adolescência: qual a importância?
30 de janeiro de 2025
Você conhece a importância da Ginecologista na Adolescência? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Corrimento acinzentado: o que pode ser?
23 de janeiro de 2025
Quer saber quais as causas do Corrimento Acinzentado? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Corrimento branco grumoso: como proceder?
16 de janeiro de 2025
Quer saber o que fazer em caso de Corrimento Branco Grumoso? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Corrimento esverdeado: o que é e como tratar?
9 de janeiro de 2025
Quer saber as causas e o que fazer em caso de Corrimento Esverdeado? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Listeriose em gestantes: a importância da prevenção
2 de janeiro de 2025
Quer saber o que é e por que prevenir a Listeriose em Gestantes? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica
HPV na gestação: existem riscos?
26 de dezembro de 2024
Quer entender os riscos do HPV na Gestação e como prevenir? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema
Fraxx íntimo: conheça o tratamento por radiofrequência
19 de dezembro de 2024
Quer saber como funciona e quais os benefícios do Fraxx Íntimo? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema.
Mais Posts
Share by: