A gravidez faz com que a mulher vivencie uma série de sentimentos, entre eles, a ansiedade, principalmente quando o assunto é a via de parto.
O objetivo dos profissionais que atendem essa demanda deve ser sempre humanizar esse processo, dando o máximo possível de informações para que a futura mamãe tenha a liberdade de escolher o que fizer mais sentido para ela e sua família.
Este é um tema muito atual, e nos últimos dez anos muito tem se discutido a respeito do parto, de como ele deve ser realizado, onde deve ser realizado, quem deve estar envolvido neste processo e do poder que tem a participação da mulher nesta escolha.
Vamos falar a seguir das principais características das duas vias de parto, ou seja, os processos pelos quais o bebê pode nascer.
O parto normal, também chamado de parto vaginal, é o mais convencional. É a via natural de nascimento.
O parto é dito vaginal ou normal quando o bebê sai do corpo materno através da vagina, impulsionado pelas contrações uterinas, o tão aguardado trabalho de parto.
O processo de desenvolvimento do trabalho de parto pode acontecer espontaneamente, quando as contrações uterinas alcançam um ritmo e intensidade progressivos, com origem no fundo uterino em direção à região inferior, o que chamamos de tríplice gradiente descendente.
Este tipo de contração empurra o bebê para baixo, fazendo com que ocorra o nascimento.
Os mecanismos que levam ao surgimento desse tipo de contrações ainda é pouco compreendido. Usualmente acontecem quando a gravidez chega ao termo, ou seja, entre 37 e 40 semanas de idade gestacional.
Em algumas mulheres o processo de sá antes de 37 semanas, o trabalho de parto prematuro; em outras, não há nenhum sinal de trabalho de parto até depois das 40 semanas, o chamado pós datismo.
A duração normal da gravidez vai até 40-42 semanas de idade gestacional. Com menores chances de complicação para o bebê quando parto acontece entre 39 e 40 semanas.
De modo geral, quase não há contraindicações, ou seja situações nas quais o parto normal não pode ser realizado. A maioria das contraindicações atuais são relativas, ou seja, o parto normal pode acontecer, mas está associado com maior risco do que realizar a cesariana.
As duas contraindicações absolutas ao parto vaginal são situações nas quais não há possibilidade de o bebê atravessar o canal de parto:
Em todas as outras situações, o parto normal pode ser realizado. Mesmo mulheres que tem gestação de alto risco podem tentar entrar em trabalho de parto.
O parto vaginal é o mais fisiológico, ou seja, nosso corpo está geneticamente programado para parir.
Para a mãe, as principais vantagens são:
Para o neném, as principais vantagens são:
As principais desvantagens estão associadas com a imprevisibilidade do processo e mudanças no assoalho pélvico.
Não temos como prever quando vai iniciar o trabalho de parto, qual a sua duração e nem se realmente vai dar certo.
Somente podemos dizer que o parto foi normal após o nascimento do bebê.
Todo trabalho de parto deve ser encarado como uma tentativa de parto normal, pois não temos como precisar se, uma vez iniciado o processo, o bebê realmente irá nascer por esta via.
Pode acontecer de o bebê não conseguir atravessar o canal de parto, o que chamamos de desproporção feto pélvica; pode acontecer de aparecerem sinais de sofrimento fetal durante o trabalho de parto. Nestas situações estará indicada mudança de plano, a fim de garantir a entrega de mãe e bebê saudáveis para a família.
Outra desvantagem é o risco de trauma dos músculos do assoalho pélvico materno, levando a sintomas como incontinência urinária ou fecal, rotura perineal, frouxidão vaginal, lesão do esfíncter anal. Com o manejo adequado do trabalho de parto e tratamento adequado, esses sintomas podem ser tratados, sem impacto permanente à qualidade de vida materna.
A dor do trabalho de parto também é vista como desvantagem ao escolher essa via e gera ainda mais ansiedade e medo nas mulheres. Outro ponto de ansiedade é a duração do parto normal, que pode levar até 12 horas em alguns casos. Importante esclarecer que com técnicas de analgesia adequada, o trabalho de parto pode ser tolerado sem maiores incômodos.
Este tipo de parto é uma cirurgia na qual o bebê é retirado do ventre materno através de uma incisão na região inferior do abdome.
Foi realizada pela primeira vez no ano de 1500, e o seu desenvolvimento revolucionou o modo de nascer. Através deste procedimento pode-se salvar muitas mães e bebês.
O que é a cesárea? Como ela é realizada?
A incisão desse tipo de parto é feita na região mais baixa da barriga, mais ou menos na linha em que iniciam os pelos pubianos, podendo variar de 10 a 12 centímetros de comprimento.
São incisadas (cortadas) cinco camadas que compõem a parede abdominal e duas do útero, a fim de trazer o bebê ao mundo. Após o nascimento, todas estas camadas são suturadas, de modo que se retorne à anatomia normal.
O procedimento é feito normalmente sob raquianestesia (anestesia regional, na qual a mulher fica acordada e sem sensibilidade da região inferior do corpo), mas em alguns casos pode ser necessária anestesia geral (quando a mulher recebe medicações venosas ou inalatórias, e fica inconsciente durante o parto).
A cesariana pode ser agendada a partir de 39 semanas em mulheres com gestação de baixo risco, ou pode ser realizada antes disso se houver alguma indicação médica para antecipar a resolução da gestação.
Outras mulheres optam por não agendar o procedimento e realizar a cesárea quando entram em trabalho de parto, pois nesta situação há maior chance de o bebê já estar pronto para nascer.
Não há uma contraindicação formal ao procedimento, pois todos os bebês precisam nascer e, caso o parto vaginal não seja possível por qualquer motivo que seja, a alternativa é a realização de uma cesariana.
Em situações em que a cesariana pode aumentar muito o risco de complicações maternas dá-se preferência pela realização do parto vaginal e somente se realiza a cesariana como última opção.
Estas são as situações em que o parto vaginal não é possível, ou seja, indicações absolutas de parto por via alta:
Estas são situações em que a realização de cesariana pode minimizar os riscos de complicações maternas ou fetais, e a realização do procedimento é vista como boa prática médica. São as indicações relativas da cesariana:
Além das cesáreas com indicação, hoje é possível a realização do procedimento por escolha do casal, após o devido esclarecimento de suas vantagens e, principalmente, desvantagens e riscos em comparação com parto vaginal.
A cesárea é uma forma efetiva de salvar mãe e bebê quando há uma situação de risco para qualquer um dos dois ou para ambos;
Muitas mulheres acabam optando por essa via de parto pela possibilidade de escolher a data de nascimento e também por não medo da dor que a via de parto vaginal pode causar.
O procedimento é controlado, ou seja, há data e hora para acontecer, bem como tem uma duração previsível.
Apesar de acarretar alguns riscos adicionais comparativamente ao parto normal, é uma cirurgia extremamente segura, de modo que na imensa maioria dos casos não há complicações.
Como dito anteriormente, a cesariana é uma cirurgia extremamente segura, com mínimo risco de complicações nos dias atuais, quando realizada no ambiente e situações adequados.
Os riscos são citados em comparação com o parto vaginal, e alguns inerentes ao procedimento:
Para mim, como Ginecologista e Obstetra, a melhor via de parto é aquela que me permita entregar para a família uma mãe e um bebê saudáveis.
Para algumas mulheres será via vaginal, para outras cesariana. E, independente da forma que o bebê nasceu, os dois grupos de mulheres serão MÃES da mesma forma .
O momento do parto é um momento único na vida de cada família, e em cada gestação a evolução pode ser diferente.
Mas é muito importante lembrar que a via de parto é apenas uma via, uma forma de o bebê vir ao mundo. É apenas um meio para conseguir o objetivo mais precioso: o seu neném .
Então, mulher, se informe, tire suas dúvidas, encontre informações de confiança. Tenha uma Equipe que te dê todas as informações que você precisa e o suporte necessário para fazer uma escolha consciente e adaptada à sua realidade!
O post Como definir a via de parto apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
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