A doação de leite materno pode salvar vidas

nov. 23, 2021
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Você sabia que é possível fazer a doação de leite materno?


Sabemos que o leite materno é o alimento mais indicado nos primeiros 2 anos de vida, especialmente nos primeiros seis meses, tendo papel fundamental na proteção contra doenças infecciosas e crônicas da infância.


Uma pesquisa realizada pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) mostrou que a amamentação poderia evitar a morte de 820 mil crianças menores de cinco anos por ano no mundo.


Isso porque, o leite materno é muito importante no combate à desnutrição, além de ser rico em anticorpos, proteínas, carboidratos e lipídios essenciais para o recém-nascido.


Hoje, indicamos a amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses e a recomendação é que a criança receba o leite da mãe até os dois anos ou mais.


Um outro ponto que devemos destacar é que o leite humano é ainda mais essencial para bebês prematuros ou com alguma doença.


Nesses casos, receber o leite aumenta as chances de recuperação, pois eles ganham peso mais rápido, ficam protegidos de infecções e se desenvolvem de forma mais saudável.


No entanto, em muitos casos as mães destas crianças não podem amamentar seus filhos. Então, para que esta parcela dos nenéns possa receber o alimento, a doação de leite materno torna-se essencial.


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Felizmente, o Brasil possui um modelo de Bancos de Leite Humano (BLH) considerado referência internacional. Isso torna a prática mais fácil e segura para a doadora e também para o neném que recebe o leite.


Além disso, temos uma legislação específica (RDC Nº 171) que dispõe sobre o funcionamento dos bancos de leite.  


Quem pode fazer a doação de leite materno?


De acordo com a RDC Nº 171, para que a mulher seja doadora ela tem que atender a alguns requisitos:


  • Produzir um volume de leite além da necessidade do próprio bebê;
  • Ser saudável;
  • Não usar medicamentos que afetem a amamentação;
  • Estar disposta a ordenhar e doar o leite excedente.


Vale ressaltar que não existe uma quantidade mínima para a doação e que um litro de leite materno pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.


Além disso, a doação do leite não reduz a disponibilidade para o próprio filho, pois quanto mais leite a mulher retira, mais leite seu corpo produz.


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Como é o procedimento?


Caso você queira ser doadora, deve entrar em contato com o BLH mais próximo por telefone. Você pode mapear os bancos de leite do Brasil
clicando aqui.



Será necessário fazer um cadastro e, para tal, é preciso apresentar os últimos exames do pré-natal.


Então, um médico avaliará os dados e, estando tudo certo, a equipe entrará em contato com você. Neste contato inicial são fornecidas todas as orientações sobre a coleta, armazenamento e o dia que a retirada do leite é feita em sua casa.


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No geral, cada região da cidade é atendida pelo menos uma vez por semana. Em cada visita, a doadora recebe novos frascos esterilizados vazios e entrega a sua doação de leite.


Então, a equipe realiza o transporte em caixas isotérmicas com gelo reciclável e controle de temperatura para garantir a qualidade do leite.


O que é feito com o leite materno após a doação?


A RDC Nº 171 traz também uma série de regras para o tratamento do leite antes de sua distribuição, de modo a garantir a segurança do recém-nascido que o receberá.


Assim, todo o leite é analisado, pasteurizado e submetido a um rigoroso controle de qualidade antes de ser doado a um neném. Somente após uma série de análises que o banco de leite faz a distribuição.


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Neste ponto, devemos alertar para a necessidade de ter cuidado com a doação direta de leite para outro neném.


Antigamente, quando uma mãe apresentava alguma dificuldade com o aleitamento era muito comum ela recorrer a uma ama-de-leite, que fazia a amamentação da criança. Esse processo se chama amamentação cruzada e era muito comum entre mulheres da mesma família ou vizinhas que tinham filhos em época semelhante.


No entanto, hoje essa prática é formalmente contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso porque, ela pode trazer diversos riscos ao bebê, como a transmissão de doenças infectocontagiosas.


Portanto, uma mãe não deve amamentar outra criança e nem deixar que outra mulher amamente seu filho, mesmo que seja sua irmã, mãe ou amiga.


A grande diferença é que o leite proveniente do banco de leite passou por um rigoroso controle, garantindo a isenção da possibilidade de transmissão de doenças.


Então, caso você não consiga amamentar ou conheça alguma mãe nesta situação, busque orientação com uma médica ou procure o banco de leite humano mais próximo, pois eles também oferecem orientação e apoio às lactantes.


E lembre-se: a doação de seu leite pode salvar vidas.


Que tal pensar nessa possibilidade?

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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