Apesar de ainda hoje não existir uma definição mundial consolidada, podemos classificar esta condição como a ocorrência de três ou mais abortos espontâneos e consecutivos, usualmente, no primeiro trimestre da gestação. Há uma tendência em considerar o diagnóstico a partir de duas perdas gestacionais.
Esta é uma condição que merece atenção, pois quanto maior o número de abortos, menor a chance de se alcançar uma gestação viável.
Para se ter uma ideia, o risco de um novo aborto chega a 40% após três perdas sucessivas.
O aborto de repetição ocorre em cerca de 0,6 a 1,0% dos casais e, na grande maioria dos casos, as causas exatas não podem ser determinadas.
No entanto, podemos investigar e corrigir uma série de fatores que podem influenciar a ocorrência desta situação.
Assim, em muitos casos é possível adotar tratamentos individualizados para que a gestação ocorra até o fim.
Ao investigar as possíveis causas do aborto espontâneo de repetição, podemos nos deparar com uma série de situações, sendo as principais:
A alterações nos cromossomos do feto são uma das principais causas da ocorrência do aborto espontâneo, correspondendo a cerca de 80% dos casos. Esta probabilidade aumenta quanto maior for a idade materna.
Em geral, existem alterações genéticas menores nos pais (translocações balanceadas), que são transmitidas aos seus gametas - óvulos e espermatozóides. Nos genitores, não há nenhum problema. Mas quando os gametas com alterações genéticas se encontram, temos um feto com alterações genéticas maiores (translocações não balanceadas, triploidias…), que levam ao abortamento.
Então, recomenda-se que após dois ou três abortos consecutivos seja feito um estudo genético, que podemos realizar pela análise do material do aborto e/ou dos pais.
Algumas alterações na anatomia do útero podem dificultar a implantação do embrião. Assim, alguns dos principais problemas que podemos identificar são a presença de septos uterinos, miomas, pólipos, endometriose e adenomiose.
Caso a mulher tenha doenças autoimunes, como por exemplo, o lúpus, a síndrome antifosfolípide e a esclerose múltipla, pode ocorrer dela sofrer abortos espontâneos.
Isso porque, nestes casos, o sistema imunológico materno "superativo" reage ao embrião como se ele fosse um corpo estranho.
Diversos distúrbios hormonais podem atrapalhar a evolução de uma gestação, por exemplo:
Assim, procurar uma médica especializada e fazer uma investigação completa será essencial para adotar um tratamento adequado.
Devemos sempre direcionar o tratamento do aborto espontâneo de repetição para a causa específica. Então, poderemos adotar algumas medidas, por exemplo:
A progesterona é um hormônio produzido pelo corpo lúteo e pela placenta, muito importante para a implantação do embrião e continuidade da gestação.
Este hormônio é também importante para garantir a supressão da resposta imunológica materna ao feto, evitando a rejeição.
Assim, caso haja necessidade de tratamento de reprodução assistida ou condições associadas à baixa produção de progesterona, podemos indicar sua suplementação.
Caso identifiquemos disfunções hormonais, como diabetes e problemas de tireoide, o tratamento destes distúrbios deve ser feito antes de tentar uma nova gestação.
Diversos podem ser os tratamentos adotados neste caso, a depender da condição que a paciente apresenta.
Uma vez que essas condições estejam controladas, provavelmente a gestação irá ocorrer sem maiores complicações.
A fertilização in vitro é uma possibilidade para os casos de alterações genéticas.
Então, antes de transferir o embrião para o útero, é realizada uma análise de suas células - biópsia embrionária pré implantação - para detectar anormalidades genéticas. Assim, somente o embrião saudável é implantado.
Em alguns casos, dependendo da alteração dos genitores, a indicação será realizar o tratamento com gametas doados.
Caso o problema que ocasione os abortos seja ginecológico, faremos o tratamento adequado para solucioná-lo.
Existem muitas opções de tratamentos conservadores ou cirúrgicos para os septos, miomas, endometriose, adenomiose, dentre outras condições.
A avaliação pré-concepcional tem como objetivo avaliar a saúde do casal, identificar possíveis situações de risco e introduzir medidas capazes de reduzi-los.
Dessa forma, conseguimos uma gestação mais saudável e com melhor desfecho para a mãe e o neném.
Todos os casais que pretendem engravidar deveriam passar por uma avaliação médica e o mais indicado é que ela seja feita cerca de um ano antes das tentativas. Se já houve gestações prévias que evoluíram com abortamento, essa consulta tem uma importância ainda maior.
Isso porque, algumas intervenções podem levar tempo para obter o melhor resultado, então, o ideal é fazer tudo com calma para que o processo seja bem-sucedido.
Por exemplo, é nesta avaliação que identificamos possíveis disfunções hormonais, alterações anatômicas no útero ou doenças autoimunes.
Assim, o tratamento prévio destas condições pode evitar o aborto espontâneo de repetição e poupar um grande sofrimento do casal.
Temos um artigo que fala sobre este assunto e você poderá ler mais clicando aqui.
Então, caso você esteja planejando engravidar, não deixe de, junto com seu parceiro, procurar médicos especializados para se prepararem da melhor forma possível para este momento!
Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.
Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.
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