Flora vaginal: você sabe como cuidar?

9 de maio de 2022
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A flora vaginal é um conjunto de microrganismos que habitam a vagina e possuem a função de proteger a região íntima contra infecções, regular seu pH e umidade.

Lembrando que a vagina é a parte interna do sistema reprodutor feminino que conecta a vulva (parte externa) ao útero (genital interno).



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A microbiota que compõe a flora vaginal é composta, principalmente, por lactobacillus, mas existem outras espécies que fazem parte deste ecossistema.


Então, quando a mulher está com boas condições de saúde, a flora vaginal possui um equilíbrio importante.


Além disso, esses microrganismos da vagina mantêm seu pH ácido, outro mecanismo que impede que organismos patológicos causem malefícios para nossa saúde íntima.


Todavia, o equilíbrio da região vaginal é bastante sensível às mudanças e diversas intervenções podem alterar as condições ali presentes.


Assim, caso a região sofra uma diminuição dos lactobacillus protetores e um crescimento de outras bactérias ou fungos, a mulher poderá desenvolver as infecções.


Por isso, é fundamental compreender quais fatores podem interferir na flora vaginal de modo a evitar os maus hábitos e adotar medidas que favoreçam os microrganismos locais.


Composição básica da flora vaginal


Vários tipos de lactobacilos e outras bactérias estão envolvidos, e há cinco tipos principais de composição considerada normal.


Os grupos I, II, III e V são compostos predominantemente por Lactobacillus crispatus, Lactobacillus gasseri, Lactobacillus iners e Lactobacillus jensenii respectivamente, apresentando pouca heterogeneidade.


O grupo IV, que pode ser subdividido em IV-A e IV-B, está associado a uma maior diversidade de bactérias.


O grupo IV-A possui pequena quantidade de Lactobacillus que convivem em conjunto com bactérias estritamente anaeróbias ou facultativas dos gêneros Anaerococcus, Corynebacterium, Finegoldia e Streptococcus.


O grupo IV-B quase não possui Lactobacillus sendo os gêneros Atopobium, Prevotella, Parvimonas, Sneathia, Gardnerella, Mobiluncus e Peptoniphilus os predominantes. Este grupo é habitualmente associado à vaginose bacteriana (definida por scores de Nugent, em que 7 a 10 corresponde a infecção no exame cultural).


No entanto, por razões desconhecidas, várias mulheres não possuem quaisquer sintomas enquanto outras têm as queixas relacionadas ao corrimento.


Quais fatores podem afetar a saúde íntima da mulher?


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Como dissemos, o equilíbrio da flora vaginal é bastante delicado e mesmo mudanças de idade, estado hormonal e fase do ciclo menstrual podem alterá-lo. Entretanto, diversas são as intervenções do dia a dia que podem afetar a região. Vamos citar as principais!


Higiene


O primeiro ponto que devemos destacar é que, apesar de muitas mulheres pensarem diferente, a vagina não é uma parte do corpo que demanda higienização, a vagina é auto limpante!



Ou seja, ela se limpa por mecanismos próprios, sendo capaz de expelir células descamadas, secreções glandulares, sangue e até mesmo restos de esperma. Nós não precisamos intervir.


Dessa maneira, não é necessário realizar duchas vaginais e, na realidade, tentativas de limpar a vagina podem danificar o equilíbrio do local.


Também a limpeza externa merece atenção. Isso porque, a vulva e a vagina são regiões intimamente relacionadas e a limpeza externa pode influenciar o ambiente interno. 


Então, o uso de sabonetes muito coloridos e perfumados, bem como desodorantes ou cremes deve ser evitado, a não ser que haja recomendação da Ginecologista.  


O excesso de higiene também deve ser evitado. A limpeza da vulva seja com água somente ou com sabonete deve ser realizada durante o banho uma ou duas vezes ao dia.



Uso de roupas íntimas apertadas e sintéticas


Devemos evitar aquelas roupas íntimas que dificultam a respiração local, retendo a umidade e o calor.

Isso porque, um ambiente quente e úmido é extremamente favorável ao crescimento de bactérias e fungos, que podem desequilibrar a flora vaginal e desencadear infecções.


O uso de roupas íntimas de algodão ou mesmo ficar períodos do dia ou noite sem calcinha colaboram a preservar a saúde íntima neste sentido.


Alimentação


Por incrível que pareça, nossa dieta também pode afetar a flora vaginal.


Por exemplo, o consumo elevado de doces e carboidratos brancos (alimentos ultraprocessados) causa um desequilíbrio do pH da vagina, que se torna muito ácido e afeta os microrganismos benéficos.


Uso de antibióticos


Os antibióticos que usamos para tratar infecções em outras partes do corpo podem afetar também as bactérias benéficas da flora vaginal.


Assim, organismos oportunistas, principalmente fungos, podem aproveitar para se proliferar, causando infecções, sendo a candidíase a mais prevalente.


Lesão do tecido vaginal


Danos ao tecido da vagina podem ocorrer por diversos motivos, como por exemplo, cirurgia, radioterapia, anomalias estruturais, ou até relações sexuais.


Então, com o tecido local danificado, as defesas naturais do corpo ficam enfraquecidas, podendo gerar um desequilíbrio da flora vaginal.


Baixa imunidade 


Quando nossa imunidade está baixa, fica mais difícil das bactérias benéficas da flora vaginal se manterem em equilíbrio e combaterem os organismos invasores.


Sabemos que diversos são os fatores que afetam nossa imunidade, como a alimentação desequilibrada, falta de atividade física, altos níveis de estresse e tabagismo.


Menopausa


Após a menopausa, a concentração de estrogênio diminui, o que afeta os tecidos da vagina que ficam mais finos e secos. Assim, é comum o surgimento de pequenas fissuras ou feridas que possibilitam o acesso de bactérias ou fungos.


Ademais, pode ocorrer também uma redução da acidez na vagina, o que desequilibra a flora vaginal.


O que fazer para manter a flora vaginal saudável?


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Sem dúvidas, manter a flora vaginal saudável é o melhor caminho para evitar as infecções vaginais.


Existem muitas medidas que podemos adotar no dia a dia de modo a preservar estes microrganismos.


Ressaltamos aqui a importância de adotar um estilo de vida saudável, por exemplo, adequando a alimentação, praticando atividades físicas, cuidando da qualidade do sono e nível de estresse.


Assim, as principais dicas que podemos dar para manter a flora vaginal em equilíbrio são:


  • Evite duchas vaginais;
  • Não use sabonetes comuns na região genital – escolha sabonetes próprios para a higiene íntima, converse com sua Ginecologista;




  • Não utilize perfumes ou outras substâncias químicas sem recomendação médica na vulva;
  • Evite o uso de lenços umedecidos na região íntima;




  • Evite roupas justas e de material sintético, no geral;
  • Use calcinhas de algodão e mais soltinhas, que permitam que a região respire;
  • Evite o uso de protetores diários sem necessidade;
  • Adote uma alimentação com menos doces e carboidratos brancos;
  • Consuma alimentos com propriedades antioxidantes e antinflamatórias, como por exemplo, curry, alecrim, cúrcuma e gengibre;
  • Durante a menstruação, dê atenção redobrada à higiene mas sem excessos, já que o sangue altera o pH vaginal;
  • No período menstrual, tenha atenção com as trocas dos absorventes internos ou externos.



Apesar de todas essas medidas serem muito úteis, elas não substituem o tratamento, caso a paciente venha a ter um desequilíbrio e consequente infecção vaginal.  


Nestes casos, será essencial consultar a Ginecologista para fazer um diagnóstico e iniciar um tratamento adequado.  


Evite usar restos de pomadas de tratamentos prévios, pois mesmo que os sintomas sejam semelhantes, pode haver outros mecanismos envolvidos no processo atual e que precisam ser adequadamente abordados, atrasando a melhora completa.


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A Ginecologista também irá te ajudar a adotar medidas mais saudáveis no dia a dia, de modo a fortalecer seu sistema imunológico e auxiliar no equilíbrio da flora vaginal.


Lembre-se que a prevenção é o melhor caminho e você sempre pode cuidar da sua saúde de modo a ter maior qualidade de vida!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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