Coronavírus e Gestação – e o Carnaval?

admin • 19 de fevereiro de 2020
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Coronavírus é um grupo de vírus que podem causar infecções respiratórias leves a moderadas em humanos.

O vírus atual é um novo subtipo de coronavírus (COVID-19) que está causando uma epidemia de infecções respiratórias na China, inicialmente na cidade de Wuhan, identificado pela primeira vez no final do ano de 2019.

O COVID-19 é um vírus de RNA que infectava animais da região, e através de mutações genéticas adquiriu a habilidade de infectar humanos. 

A capacidade de transmissibilidade entre humanos é o que possibilitou o alastramento dos casos de pessoas doentes. Cada pessoa doente transmite o vírus para mais 1 ou 2 pessoas, muito menos que o H1N1 ou o sarampo, por exemplo.

Divulgadas primeiras imagens do Covid-19, coronavírus que já matou 1400 (Foto: NIAID-RML)

O grande número de casos com rápida ascensão e notificação de mortes associadas à infecção assustou boa parte da população. No entanto, comparado com outros vírus, a taxa de letalidade é menor (somente 2,1%). Os casos mais graves e com desfechos desfavoráveis ocorreram em indivíduos mais idosos e/ou com comorbidades respiratórias.

Até o presente momento não há nenhum caso confirmado no Brasil.

Como se pega coronavírus?

Segundo boletim epidemiológico da OMS e Ministério da Saúde, as formas de transmissão são:

  • Ar por meio de tosse ou espirro;
  • Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; ou
  • Contato com objetos ou superfícies contaminadas seguido então de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir da infecção?

Não há particularidades em relação ao coronavírus comparado com outros vírus de transmissão semelhante. 

Os cuidados são os mesmos que você tomaria para se prevenir contra a gripe, por exemplo:

  • Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Manter os ambientes bem ventilados;
  • Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória.

Infelizmente não há até o presente momento vacina contra este tipo de vírus.

Quais as pessoas são consideradas suspeitas de ter esse novo tipo de infecção?

Pessoas com febre E sintomas respiratórios (tosse, falta de ar, etc) E história pessoal de viagem para a área de transmissão inicial (China especialmente) nos últimos 14 dias antes do aparecimento dos sintomas ou contato próximo com caso suspeito/confirmado de COVID-2019 neste mesmo período de tempo.

Caso você se enquadre nestas circunstâncias deve procurar atendimento médico imediato.

E para as gestantes ou tentantes, há alguma particularidade?

Dado o curto intervalo de tempo desde o descobrimento desta nova cepa de vírus, ainda não temos informações específicas relacionadas ao COVID-19 e gestação. 

As orientações atuais se baseiam em informações prévias referentes a surtos de gripe (H1N1) e outros subtipos de coronavírus que causaram epidemias prévias (CoV- SARS e CoV-MERS). Todos as cepas virais citadas tiveram o potencial de infectar gestantes, e os poucos casos descritos demonstraram evolução para quadros graves, com necessidade de tratamento de suporte à vida e reservado prognóstico materno e gestacional.

À medida que o tempo for avançando pode ser que as orientações mudem.

Divulgadas primeiras imagens do Covid-19, coronavírus que já matou 1400 (Foto: NIAID-RML)

Não há até o presente momento:

  • Terapia antiviral específica; 
  • Relatos de malformações fetais associadas a este tipo de infecção; 
  • Indicações específicas sobre via de parto ou antecipação do parto nesta situação, devendo-se considerar o estado clínico da gestante para tomar a decisão. 
  • Contraindicações à amamentação por puérperas infectadas pelo COVID-19, desde que reforçado o cuidado de higiene das mãos e uso de máscara pela puérpera.

As medidas preventivas são as mesmas dadas à população geral, com ênfase à higienização frequente das mãos.

Em estudo publicado agora no início de Fevereiro, há o relato de nove gestantes infectadas durante o terceiro trimestre e evoluindo com pneumonia. Nestes casos não houve evidência de transmissão transplacentária ou perinatal do vírus. As informações são promissoras mas ainda não se pode generalizar.

E com o carnaval chegando, as gestantes devem ficar em casa ou podem aproveitar a folia?

Apesar do nível de alerta se manter alto, a situação epidemiológica no Brasil se mantém favorável. 

Ainda não há casos confirmados da doença e há previsões de que nossas altas temperaturas agora no verão devem dificultar a chegada e avanço da doença. 

Se for participar de algum bloco ou festa:

  • Se hidrate bastante, principalmente se o dia estiver muito quente;
  • Evite o “centro” do evento, onde a aglomeração de pessoas é maior;
  • Leve consigo um frasquinho de álcool em gel e higienize as mãos de forma frequente;
  • Não segure o xixi! deu vontade, vá ao banheiro – para evitar o surgimento de infecções urinárias;
  • Não consuma bebidas alcoólicas – nenhuma quantidade de álcool é segura na gestação;
  • Use filtro solar e chapéus ou bonés;
  • Não tente exceder a sua capacidade física em nome da folia – fique atenta aos sinais de cansaço e respeite sua condição.

Em caso de dúvidas, consulte sua Obstetra antes de ir para a farra!!

Atualização (26.02.2020)

Em 26/02/2020 foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil, em um homem de 61 anos recém chegado de viagem à Itália.
Há outros casos em investigação, mas nenhuma nova confirmação.

Não há motivos para disseminar pânico.

O vírus é transmitido por gotículas, e é importante manter as medidas preventivas!

As precauções devem ser reforçadas:

  • Higiene frequente das mãos;
  • Evitar tocar o rosto (olhos, boca e nariz);
  • Se estiver com sintomas respiratórios, evitar sair de casa e, caso seja necessário sair, usar máscara cirúrgica comum.

O uso de máscaras cirúrgicas comuns por pessoas que não apresentam sintomas, como medida protetiva, não é recomendado. Pois dá uma falsa impressão de segurança, aumenta a quantidade de vezes que você toca o rosto para arrumar a máscara, podendo levar gotículas/vírus das mãos para a face, facilitando a infecção.

Em caso de sintomas, procure o médico!

Fontes : Organização Mundial de Saúde , Ministério da Saúde , Febrasgo.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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