Sífilis: precisamos falar sobre a doença

20 de abril de 2023
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A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode afetar tanto homens quanto mulheres.

No entanto, as mulheres apresentam alguns aspectos específicos em relação à condição, que podem levar a consequências graves para a sua saúde sexual e reprodutiva.


Isso porque, a doença pode levar a complicações graves, como abortos espontâneos, partos prematuros, malformações congênitas, e até mesmo a morte.


Apesar de ser facilmente tratada com antibióticos, nos últimos anos tivemos um crescimento no número de pessoas infectadas, inclusive com repercussão para bebês recém nascidos.


Então, é muito importante que as mulheres estejam atentas aos sinais e sintomas da sífilis, que podem variar de acordo com o estágio da doença.


O que é a sífilis e como ocorre a sua transmissão?


A sífilis é uma infecção transmitida pela bactéria Treponema pallidum durante a relação sexual desprotegida com um parceiro infectado.


Além disso, também é possível que a paciente seja infectada após transfusão de sangue, situação rara nos dias de hoje, ou contato direto com fluido contaminado.


Normalmente, o período de incubação (tempo entre o contato e o início dos sintomas) da bactéria varia entre 10 a 90 dias, mas em média é de três semanas.


A condição também pode ocorrer por transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto durante a gestação, através da placenta, ou pelo contato do bebê com as lesões no momento do parto. Nestes casos, estaremos diante de quadros de sífilis congênita. 


Sífilis congênita


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A sífilis congênita ocorre quando a mãe transmite a infecção para o feto durante a gestação. 


Na maioria dos casos, o recém nascido não apresenta sintomas ao nascer, mas as manifestações surgem nos primeiros três meses e durante ou após os dois anos de vida.


Então, essa condição poderá causar graves danos para a saúde da criança, como por exemplo:


  • Deformidades ósseas;
  • Lesões cutâneas;
  • Cegueira;
  • Surdez;
  • Atraso no desenvolvimento neurológico;
  • Anemia.


Para prevenir a transmissão vertical da sífilis, a gestante precisa realizar o pré-natal regularmente e receber um tratamento adequado, caso seja diagnosticada com a infecção.


Quais são os sintomas dessa condição?


A classificação da sífilis está relacionada ao estágio em que a doença se encontra, que é determinado pelos sinais e sintomas apresentados, além da evolução da bactéria no organismo.


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Dessa forma, podemos dividir a doença e os seus sintomas entre as seguintes fases:


Fase primária 


Caracterizada pelo aparecimento de uma ferida no local de entrada da bactéria, geralmente na região dos órgãos genitais. 


Conhecida como ‘cancro duro’, a ferida é indolor e desaparece espontaneamente após alguns dias mesmo sem tratamento, sem deixar cicatrizes. 


Também é possível notar gânglios aumentados e caroços na virilha.


Apesar da lesão sumir, se não tratada, a bactéria continua no organismo da pessoa, podendo ser transmitida ou progredir para as fases de sífilis secundária ou terciária.


Fase secundária  


Caracterizada pelo surgimento de manchas na pele, geralmente acompanhadas de sintomas como febre, dor de cabeça, mal-estar e linfonodos (gânglios linfáticos) espalhados pelo corpo. 


Esses sintomas podem desaparecer espontaneamente, mas a doença continua a se desenvolver, podendo levar anos para manifestar-se novamente.


Normalmente, a fase secundária pode ocorrer de seis semanas a seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial.


Fase terciária 


Também conhecida como sífilis tardia, nessa fase, a bactéria pode causar danos graves ao coração, cérebro, vasos sanguíneos, olhos, ossos e outras partes do corpo. 


Os sintomas incluem: dificuldade de coordenação, paralisia, cegueira, e problemas cardíacos.


A sífilis terciária pode ocorrer após um período longo sem sintomas, conhecida como sífilis latente. A duração dessa fase é diferente para cada paciente.


Devemos ressaltar que nem todas as pessoas infectadas desenvolvem todas as fases da sífilis que o tratamento adequado e precoce é essencial para prevenir a progressão da doença e reduzir o risco das complicações.


Também é importante mencionar, que diferente de outras doenças infecciosas, o contato prévio com o Treponema não gera imunidade protetora, ou seja, é possível se infectar várias vezes.


Como fazemos o diagnóstico dessa condição?


Primeiramente, no consultório médico, investigamos os sintomas relatados pela paciente e fazemos um exame físico completo para identificar as possíveis lesões presentes no corpo.


Então, havendo a suspeita da doença, solicitamos a execução de exames de sangue, mesmo que não haja feridas na região genital ou em outras partes.


Podemos fazer testes específicos para a bactéria, os testes treponêmicos, que ficam positivos pelo resto da vida, mesmo com tratamento adequado.


E testes não específicos, os testes não treponêmicos, como RPR ou VDRL, para tentar quantificar indiretamente a presença da bactéria e fazer o controle evolutivo pós tratamento.


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Ressaltamos também que os Postos de Saúde bem como os Centros de Aconselhamento e Testagem possuem testes rápidos disponíveis e, sempre que o resultado der positivo, será fundamental comprovar pelo exame de sangue.


Pessoas sexualmente ativas devem realizar testagem para sífilis pelo menos uma vez na vida, mesmo que não tenham sintomas.


Para aquelas com comportamento sexual de risco, como exemplo: pessoas com múltiplas parcerias sexuais simultâneas ou ausência de uso de condom nas relações sexuais, a testagem deve ser realizada com mais frequência.


Pessoas vivendo com HIV ou com AIDS devem testar pelo menos duas vezes ao ano, dependendo do contato prévio com o Treponema, comportamento sexual e estado imunológico.


O Ministério da Saúde também recomenda testagem para sífilis em todas as gestantes no início e no fim do pré natal e também no momento da internação para o parto, como forma de reduzir a incidência dos casos de sífilis congênita.


Além disso, todos que tiverem o diagnóstico de qualquer infecção sexualmente transmissível devem realizar a investigação de outras IST, incluindo a sífilis.


Como é o tratamento da sífilis?


O tempo de tratamento irá variar de acordo com a fase da doença e os sintomas apresentados pela paciente e a boa notícia é que a sífilis tem cura!


De forma geral, fazemos o tratamento através de injeções de penicilina-benzatina, também chamada de benzetacil. Pode ser necessário uma ou três doses, com intervalo de uma semana entre as doses.


No caso da sífilis terciária é recomendado tratamento hospitalar com outro tipo de penicilina.


Além disso, é necessário um acompanhamento durante todo o tratamento da infecção, por meio de exames clínicos e laboratoriais para avaliar a regressão da doença.


Após o tratamento devemos fazer controle com o teste não treponêmico a cada três meses por um ano.


Caso a mulher tenha sífilis durante a gestação, o acompanhamento deve ser mensal até o nascimento do bebê e o recém nascido também é testado para avaliar se foi infectado ou não com a bactéria.


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Se não tratarmos a infecção precocemente, diversos órgãos estarão sujeitos a complicações, como o coração, o cérebro, os ossos, os olhos e o sistema nervoso.


Assim, é importante realizar exames regularmente, especialmente após exposição ao risco de contaminação, como relação sexual sem proteção.


Como se prevenir da sífilis?


Por enquanto, não existe expectativa de desenvolvimento de uma vacina para evitar a infecção por sífilis.


Assim, a única forma de prevenir essa condição é o uso de preservativo externo ou interno nas relações sexuais.


Além disso, é muito importante o diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e a realização do teste em mulheres que desejam engravidar, para evitar a ocorrência da sífilis congênita (infecção do feto).


Sabemos que infecções sexualmente transmissíveis causam muitos desconfortos e oferecem riscos para nossa saúde.


Em caso de dúvidas, marque uma consulta com a ginecologista. A informação sobre sua saúde é o seu bem mais precioso.



E lembrem, quem vê cara não vê infecção sexualmente transmissível!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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